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Memory Remains: Mercyful Fate – 28 anos de “In the Shadows” e o retorno em grande estilo

Memory Remains: Mercyful Fate – 28 anos de “In the Shadows” e o retorno em grande estilo

22 de junho de 2021


Em 22 de junho de 1993, o Mercyful Fate lançava “In the Shadows”, o terceiro álbum da carreira e o primeiro logo após o retorno da banda, um ano antes. Eles estavam em hiato desde 1985 e este regresso é tema de resenha do nosso Memory Remains desta terça-feira.

Precisamos voltar ao passado, pois a banda havia tido grande repercussão na sua primeira fase, com os álbuns “Melissa” (1983) e “Don’t Break the Oath” (1984), porém, devido a divergências musicais, a banda se dissolveu. King Diamond montou sua banda, que emplacou e hoje ele toca os dois projetos.

Os fãs, claro, estavam ansiosos para conhecer um material novo. Praticamente toda a formação original estava reunida, à exceção era o baterista Kim Ruzz. E embora o baterista Snowy Shaw seja creditado neste álbum, quem gravou a bateria foi Morten Nielsen. O primeiro entrou na banda depois de o álbum ter sido concebido e não ficou muito tempo no posto.

Com as alterações no lineup concluídas, todos embarcaram para Dallas, no Texas, onde, na companhia do produtor Tim Kimsey, que co-produziu o aniversariante de hoje na companhia do guitarrista Hank Shermnann. O estúdio escolhido foi o “Dallas Sound Lab”, onde todos ficaram entre os meses de fevereiro e abril de 1993. Brian Slagel, o criador da Metal Blade atuou como produtor executivo.


A parte lírica aqui é bem diferente dos dois primeiros álbuns. A banda deixou de lado os temas como satanismo e ocultismo de lado, passando a apostar em temas conceituais como terror, o que King Diamond já estava fazendo com sua banda paralela. Agora é hora de viajarmos nas dez faixas que compõem “In the Shadows”.

Abrindo os trabalhos temos “Egypt” e suas variações, ora soando atmosférica e hora bem NWOBHM, com ótimos riffs e a sensação de alívio em escutar novamente King Diamond cantando com o Mercyful Fate depois de tanto tempo.

The Bell Witch” começa com riffs sombrios, muito bons, por sinal e logo ótimos solos e riffs que não negam a influência do Iron Maiden entram e vão guiando a música. Em “The Old Oak” temos em seus mais de oito minutos, um Heavy Metal puro oitentista, com o baixo protagonizando um bom duelo com as guitarras e dando mais peso. O segundo solo é simplesmente magistral.

Shadows“, a faixa título, começa sem empolgar muito, mas ela cresce passa, com várias mudanças de andamento, ora ganhando contornos Prog, ora mais Metal, como se percebe mais ao final. A última faixa do lado A do vinil, “A Gruesome Time” tem altos e baixos. É carregada de feeling, sobretudo nas guitarras da dupla Hank Shermann e Michael Denner, mas é um pouco monótona quando a música fica menos pesada. Ainda assim, nada que a comprometa.

Bolacha já devidamente virada e a primeira faixa do lado B, que atende pelo nome de “Thirteen Invasions” começa com uma semelhança incrível com a clássica “Anthem“, do Rush. Provavelmente o trio canadense não seja uma das inspirações de King Diamond e cia., mas a sensação que eu tive foi a de que eles beberam na fonte do outro lado do Atlântico Norte. Mas essa semelhança fica apenas nos riffs de abertura, pois conforme a música se desenvolve, o caminho adotado é outro e a banda se mantém fiel às influências do Metal britânico.

Room of Golden Air” começa com belíssimas notas de violão, que logo dão lugar às guitarras pesadas e atmosféricas e se desenvolve instrumental por seus mais de três minutos. Excelente. Já “Legends of the Headless Rider“, com seus mais de sete minutos, tem diversas partes complexas, algumas até com espaço para uma breve grooveada, com bons riffs, viajando entre o Metal Tradicional, o Hard Rock e muita atmosfera e muito clima de horror em seu final,


Is That You, Melissa” começa com um tom fúnebre, mas cresce muito com seu clima épico e um solo excepcional. E o final se dá com “Return of the Vampire…1993“, pesada e sombria, sendo esta a minha favorita deste play por todo o clima que a cerca. Nesta música, o baterista é ninguém menos do que Lars Ulrich. Sim, o medíocre baterista do então consagrado  Metallica aqui fez um bom trabalho e não compromete.

Em 53 minutos de uma audição pra lá de agradável temos um retorno do Mercyful Fate. E a banda o fez com o pé direito. Três anos depois, a banda viria ao Brasil, juntamente com a banda de King Diamond, onde ambas se apresentaram no icônico e saudoso Monsters of Rock, em noite que tivemos Helowwen e Iron Maiden abrilhantando o festival e levando os fãs da música pesada à loucura. O legado desta incrível banda está aí e a nossa missão é manter essa chama viva. Longa vida ao gigante Mercyful Fate e que em breve, tudo isso passe e possamos ter um Brasil sem o presidente genocida e de volta com nossos ídolos se apresentando, para nosso deleite.

In the Shadows – Mercyful Fate
Data de lançamento – 22/06/1993
Gradadora – Metal Blade

Faixas:
01 – Egypt
02 – The Bell Witch
03 – The Old Oak
04 – Shadows
05 – A Gruesome Time
06 – Thirteen Invitations
07 – Room of Golden Air
08 – Legend of the Headless Rider
09 – Is That You, Melissa
10 – Return of the Vampire…1993


Formação:
King Diamond – Vocal
Hank Shermann – Guitarra
Michael Denner – Guitarra
Timi “Grabber” Hansen – Baixo
Morten Nielsen – Bateria

Participações especiais:
Johnny Marshall – Órgão (em “Is That You, Melissa”)
Lars Ulrich – Bateria (em “Return of the Vampire”)