Há 33 anos, em 23 de junho de 1992, o Napalm Death lançava “Utopia Banished”, o quarto álbum da gloriosa carreira dos veteranos britânicos. É um dos mais importantes e emblemáticos deles , sendo considerado por muitos fãs como o melhor trabalho da banda. Esse petardo é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.
Este álbum representa uma mescla do que a banda havia apresentado nos discos “Scum” e “From Enslevament to Obliteration”, que são discos brutais e agressivos ao extremo, juntamente com o Death Metal bem feito que havia sido apresentado em “Harmony Corruption”, tendo um ótimo resultado.
Duas trocas foram efetivadas entre o álbum sucessor, o já citado “Harmony Corruption” e o aniversariante do dia: a primeira foi no lineup da banda, com Danny Herrera assumindo o posto de baterista, em lugar de Mick Harris, baterista que não é membro original da banda, mas que havia gravado todos os álbuns anteriores a este. A outra mudança se deu na produção: Scott Burns foi trocado por Colin Richardson.
Com estas mudanças, banda e produtor se trancaram no estúdio The Windings, na cidade de Wrexham, norte do País de Gales. As gravações foram divididas em dois períodos: o primeiro, entre os dias 10 e 19 de fevereiro e depois entre os dias 23 de fevereiro e 2 de março daquele ano de 1992.
A banda inovou e fez uso de samplers em algumas faixas. Além disso, duas músicas, “Discordance” e “Awake“, são trechos do filme de ficção científica “Eles Vivem“, lançado no ano de 1988, escrito e dirigido por John Carpenter. Já a faixa “Contemptuous” foi retirado do filme “Nascido para Matar“, lançado em 1987, uma produção de Stanley Kubrick.
O álbum tem 15 petardos, cada um mais poderoso do que o outro, e duração de 39 minutos. Os destaques do play ficam por conta de músicas como “Desmentia Access“, “Christening of the Blind”, “Cause and Effect (Part II)”, “Got Time to Kill“, “Awake (to a Life of Misery)” e “Awake (to a Life of Misery)”. A banda destilou todo seu ódio ao sistema com suas letras politizadas (para desespero daqueles que dizem que Metal e política não podem se misturar). O estreante Danny Herrera estreou muito bem. É considerado um retorno da banda às raízes Grindcore. Uma pena que hoje em dia, o álbum é pouco lembrado nas apresentações ao vivo do Napalm.
A banda produziu um videoclipe para a música “The World Keeps Turning”, que veiculou na MTV, em especial, no programa Headbangers Balls. Aqui em “Utopia Banished“, a banda começou a explorar o experimentalismo musical, como na música “Contemptuos“, que já dava indícios dos caminhos que a banda iria trilhar a partir dos álbuns subsequentes, principalmente em “Diatrbies” (1996).
O álbum foi bem recebido pela crítica e pelo público. Para um disco de Metal extremo, o play até que teve um desempenho satisfatório, figurando em alguns chats: foi 58° no Reino Unido, 60° na Alemanha e 77° nos Países Baixos. A Metal Hammer colocou “Utopia Banished” no seu Top 20 dos álbuns lançados naquele ano de 1992.
O Napalm Death caiu na estrada, tocando na Europa com Dismember e Obituary na turnê batizada “Campaign for Musical Destruction“. Depois a banda tocou pelos Estados Unidos, onde acompanhou o Sepultura, Sacred Reich e Sick of It All. Ainda em 1992, a banda fez outra turnê pelos Estados Unidos, tocando com Carcass, Brutal Truth e Cathedral. Pouco tempo depois, eles gravaram o EP “Nazi Punks Fuck Off“, que foi sucedido por uma turnê pela África do Sul, onde a banda sofreu uma tentativa de cancelamento por supremacistas brancos, pois o país havia superado o Apartheid. Em resposta, eles doaram todo o lucro das vendas para entidades antifascistas.
Felizmente o Napalm Death é uma das poucas bandas que destilam todo o ódio contra a desigualdade social. Claro que há aqueles que discordam, mas, é evidente que estes pertencem à turma que canta o hino nacional para o pneu. Trata-se de um verdadeiro clássico, não só da própria banda, mas também do Grindcore como um todo.
Hoje é dia de exaltar este maravilhoso play, e também de desejar longa vida a este quarteto, que é um dos poucos na cena a lutar pelas causas sociais. Eles realmente entendem e colocam em prática a essência do Rock/Metal. Sobreviveram à Pandemia quase interminável, e à exceção do guitarrista Jesse Pintado, todos os outro quatro integrantes permanecem fazendo parte do lineup da banda. Estamos aguardando o sucessor do ótimo “Throes of Joy in the Jaws of Defeatism“, lançado em 2020. Já está na hora desses antifascistas lindos nos presentearem com um novo play.
Utopia Banished – Napalm Death
Data de lançamento – 23/06/1992
Gravadora – Earache Records
Faixas:
01 – Discordance
02 – I Abstain
03 – Dementia Access
04 – Christening of the Blind
05 – The World Keeps Turning
06 – Idiosyncratic
07 – Aryanisms
08 – Cause and Effect (Pt. II)
09 – Judicial Slime
10 – Distorting the Medium
11 – Got Time to Kill
12 – Upward and Uninsterested
13 – Exile
14 – Awake (to a Life of Misery)
15 – Contemptuos
Formação:
Mark “Barney” Greenway – vocal
Jesse Pintado – guitarra
Mitch Harris – guitarra
Shane Embury – baixo
Danny Herrera – bateria