Memory Remains

Memory Remains: Napalm Death – 28 anos de “Inside the Torn Apart” e o retorno de Mark “Barney” Greenway

3 de junho de 2025

Há 28 anos, em 03 de junho de 1997, o Napalm Death lançava “Inside the Torn Apart“, o álbum de número sete da rica discografia destes antifascistas mais amados do Grindcore e que é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.

O álbum que em um primeiro momento não seria gravado com o vocalista Mark “Barney” Greenway, pois ele havia saído da banda logo após o lançamento do álbum anterior, “Diatribes“. Os problemas entre o vocalista e o restante da banda já estavam acontecendo desde o álbum “Fear, Emptiness, Despair” (1994) e então o Napalm Death fez uma troca de vocalistas com a banda Extreme Noise Terror. Phil Vane ocupou o lugar de Barney, mas por pouco tempo e logo logo a troca foi desfeita. Shane Embury deu uma entrevista falando como teve de desfazer a troca de vocalistas. Aspas para ele:

“Vane não conseguiu fazer o que era necessário. Foi um dia difícil quando tive que chamar Phil de lado e dizer a ele que simplesmente não estava funcionando. Estávamos muito envolvidos em nossas próprias coisas para reconhecer todas as partes que faziam a máquina Napalm funcionar. Rapidamente liguei e perguntei a Barney se ele voltaria — o tempo longe certamente deu a todos nós a chance de reflexão, arrependimentos e esperanças para o futuro. Ele ficou surpreso com o material, pois era pesado e algumas das músicas eram rápidas — não sei o que ele realmente esperava que fizéssemos!”

Enquanto esteve fora, Barney gravou um álbum com o Extreme Noise Terror e também montou um projeto paralelo, chamado Nothing But Concept, com ex-membros da banda Cancer. Seu período fora do Napalm Death não chegou a um ano e logo logo ele estava reunido com a banda no Framework Studios, em Birmingham, que podemos chamar de “capital do Heavy Metal”. Na produção, Colin Richardson, mais uma vez assinando a obra e Andy Sneap também colaborou, sendo um dos responsáveis pela mixagem.

Musicalmente, o álbum é menos experimental do que “Diatribes” e conta com faixas um pouco mais extensas do que normalmente o Napalm Death apresenta. O álbum tem um total de 12 faixas e duração de 39 minutos. O Grindcore voltava a ganhar o protagonismo. A música “Breed to Breathe“, que ganhou um videoclipe, é um dos destaques, juntamente com “Lowpoint“, que segue presente nos shows da banda até os dias atuais.

O álbum obteve boa receptividade por parte da crítica especializada e também por parte dos fãs, que ficaram satisfeitos com o retorno da sonoridade Grindcore do Napalm Death. Para não perder o costume, a banda seguiu abordando temas políticos e reflexivos em suas letras, para desespero daqueles que acham que “não se pode misturar música com política”, o Napalm mostrou mais uma vez que sim, o Rock é contestador e que deve ser utilizado para falar alertar ao mundo sobre as desigualdades sociais e governantes autoritários, coisas que seguem muito comuns, infelizmente, em pleno século 21.

Ainda que a sonoridade do Napalm Death seja um fator que dificulte a presença nas paradas de sucesso, “Inside the Torn Apart” conseguiu figurar na posição de número 129 nos charts britânicos, sendo este o último álbum do Napalm até “Smear Campaign” (2005) a aparecer em uma parada de sucesso.

Durante a turnê de divulgação do nosso aniversariante do dia, o Napalm Death retornou ao Brasil, e tocou em nosso país, tendo abertura da banda paulista Transfixion. A última passagem do Napalm Death por aqui foi em 2023, quando a banda foi uma das atrações do Summer Breeze Brasil e o vocalista Mark “Barney” soltou um “fuck Bolsonaro”, sendo aplaudido por diversos dos presentes.

Hoje é dia de celebrar esse álbum que envelhece bem. Tá chegando nos trinta anos, mas com um corpinho de vinte. Para nossa felicidade, ainda existem bandas politizadas e preocupadas com o bem-estar comum. Já está na hora deles lançarem o sucessor do ótimo “Throes of Joy in the Jaws of Defeatism“, que foi lançado no meio da pandemia, enquanto estávamos todos dentro de casa. Nós que defendemos a democracia, precisamos de bandas ativistas como o Napalm Death.