Há 25 anos, em algum dia do ano de 2000, o Symbols lançava “Call to the End“, o segundo álbum da banda paulistana e que é tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira.
A banda paulistana colhia os frutos do primeiro álbum, cuja receptividade tinha sido muito boa. A sonoridade era mais voltada ao Hard Rock e para o segundo play, eles apostaram em escrever músicas mais rápidas, como iremos perceber mais abaixo, na fala do baixista/ vocalista Tito Falaschi, irmão de Edu:
“Nesse segundo álbum tivemos músicas gravadas em alguns estúdios, diferente do primeiro trabalho. A banda estava muito entrosada e optamos em compor mais músicas rápidas para atingir o mercado japonês. Cantar a música – Eyes In Flames- foi um grande desafio, mas deu tudo certo. Bons tempos do metal nacional”.
O baterista Rodrigo Mello falou também que na época, havia uma gravadora japonesa interessada em fechar um contrato para lançar a banda por lá, e que por isso, a sonoridade do álbum é um pouco diferente do álbum de estreia. Vamos dar aspas ao baterista:
“O Call To The End é um álbum inusitado, pois é a combinação de duas demos que foram enviadas para uma gravadora no Japão e que estava interessada na banda, mas acabou não fechando o contrato. As músicas têm uma pegada mais rápida e pesada do que o primeiro álbum, mas mantém a identidade progressiva da banda. Pra mim, pessoalmente, foi um desafio grande gravar essas músicas, mas isso elevou não só o meu nível técnico e criativo como também do Symbols como um todo. Uma honra ter participado da criação e produção deste álbum”.
A banda gravou o álbum em dois estúdios, o Mr. Som e o Creative Sound, ambos localizados na capital paulistana, com os próprios músicos sendo os responsáveis pela produção. A arte da capa é de autoria da empresa Octane Design. Aqui no Brasil, o play foi lançado pelo selo Megahard Records.
O álbum tem dez canções e duração de 42 minutos. Duas destas canções já haviam sido lançadas como bônus no primeiro álbum: “Eyes in Flames” e “The Traveler“, e dão a pegada Power Metal que predomina no álbum. Há também outras músicas que se destacam como a igualmente rápida “Power Machine“, as Progressivas “Stop the Wars” e a faixa-título, além de “Everything I Want“, que é um baita Hard Rock que mostra a influência das bandas de Glam Metal dos anos 1980. Outra música também a se destacar é a pesadíssima “Introspection“.
O álbum deu ao Symbols a possibilidade de se tornar mais evidente entre as bandas que surgiam no final dos anos 1990, e ainda que a sonoridade não tenha nada de original, a qualidade dos músicos era de se destacar. O vocalista Edu Falaschi logo despertou a atenção do Angra e no ano seguinte ele deixaria a banda para ocupar o posto deixado por Andre Matos no Angra. Edu ainda gravou uma música em “Faces“, o álbum sucessor de nosso homenageado, lançado em 2005.
Este foi o último álbum a ser gravado pela formação clássica da banda, já que em “Faces“, apenas Demian Tiguez e Rodrigo Mello permaneciam como membros originais, sendo que Demian também passava a acumular a função de vocalista. Tito Falaschi e Rodrigo Arjonas saíram da banda em 2002.
Edu Falaschi certa vez falou sobre como as coisas no Symbols acabaram não acontecendo e a banda se tornou mais uma a ficar no grupo daquelas que “quase conseguiram chegar lá”. Vamos reproduzir a fala do frontman:
“O que recebemos promessas de apoio e de contrato foi um absurdo, mas nada se concretizou. Fizemos um contato interessante com Mike Vescera, ex-vocalista da banda de Yngwie Malmsteen e do Dr. Sin, que é produtor, tem estúdio nos Estados Unidos e conhece produtores no mundo inteiro. Ele tentou, mas nada conseguiu, e aí a banda desanimou em 2000, e os integrantes foram saindo um a um.”
Em dezembro de 2000, o Symbols fez a última apresentação com a clássica formação na Led Slay, famosa casa paulistana. Foi depois desta apresentação que Antônio Pirani fez o convite a Edu, que aceitou trocar o Symbols pelo Angra. Em 23 de dezembro de 2012, eles se reuniram e fizeram uma única apresentação no Manifesto bar, também em São Paulo, em um show que celebrava os quinze anos de formação da banda. Na ocasião, Edu Falaschi falou ao jornal Estadão sobre o reencontro com os antigos parceiros de banda. Aspas para ele:
“Esse reencontro é uma celebração à nossa história, a um trabalho que foi muito gratificante, ainda que tenha durado pouco e não tenha obtido o reconhecimento que achamos que merecia.”
Em 2021, para celebrar os 30 anos da carreira de Edu Falaschi, a Shinigami acabou relançando os dois primeiros álbuns do Symbols, que agora podem ser adquiridos pelos fãs que em algum momento do passado deixaram a banda passar. O relançamento traz duas faixas bônus: “What Can I Do?”, que havia sido lançada no álbum de estreia, e também “The Indian’s Soul“, lançada originalmente no álbum “Faces“.
O Symbols infelizmente encerrou suas atividades. Edu Falaschi segue em carreira solo, assim como seu irmão Tito que também tem carreira solo e atua como produtor. O guitarrista Demian Tiguez está na banda Anjos de Resgate, além de ter feito participações no álbum “Bravo“, lançado em 2007 pelo Dr. Sin, e também tocou no álbum “Mirror of Souls“, lançado por Tito Falaschi em 2022.
Hoje é dia de celebrarmos um dos tesouros do Heavy Metal brasileiro, que, por ironia do destino, teve vida muito curta. Esperamos que no futuro a banda possa se reunir para fazer algumas apresentações, o que parece que vai demorar mais um pouco para acontecer, pois recentemente o Angra anunciou que vai se reunir com a formação da qual Edu Falaschi fez parte.

Call to the End – Symbols
Data de lançamento – 2000
Gravadora – Megahard Records
Faixas:
01 – Introduction
02 – Eyes in Flames
03 – Power Machine
04 – Call to the End
05 – The Traveler
06 – Introspection
07 – Save Africa
08 – Stop the Wars
09 – Sons of Lord
10 – Everything I Want
Formação:
Eduardo Falaschi – vocal
Tito Falaschi – baixo/ vocal
Rodrigo Arjonas – guitarra/ backing vocal
Demian Tiguez – guitarra/ backing vocal
Rodrigo Arjonas – bateria/ backing vocal
Participação especial:
Marcelo Panzardi – teclado