Resenhas

Death Above Life

Orbit Culture

Avaliação

9.5

Os suecos do Orbit Culture, naturais de Eksjö, retornam em 2025 com seu quinto álbum de estúdio, o poderoso ‘Death Above Life’, lançado no dia 3 de outubro pela Century Media Records e cehgará no Brasil pela Shinigami Records. Desde o debut ‘Odyssey’ (2013), já era possível perceber que a banda tinha algo especial — uma mistura explosiva de peso, técnica e melodia que os colocaria entre os nomes mais promissores do Metal Moderno. Hoje, mais de uma década depois, o grupo mostra um som muito mais amadurecido, rico em camadas e detalhes, e com uma identidade consolidada dentro da cena. Ambiciosos e criativos, os suecos reafirmam aqui o porquê de serem considerados uma das grandes revelações do Metal dos últimos anos.

A agressividade do som da banda contrasta perfeitamente com os momentos melódicos, resultado direto da versatilidade vocal de Niklas Karlsson. O frontman transita entre guturais profundos, vocais rasgados à la Thrash Metal e passagens cadenciadas, que, embora não cheguem a ser limpas, se encaixam com perfeição nos trechos mais atmosféricos. Essa variação de timbres dá dinamismo às faixas e mantém a intensidade sempre em alta.

Musicalmente, “Death Above Life” é um trabalho complexo e energético. As músicas trazem mudanças constantes de tempo, bateria veloz e técnica, com destaque para o uso marcante dos bumbos duplos e riffs insanos que sustentam uma energia contagiante do início ao fim. A abertura com “Inferna” é um verdadeiro soco na cara: peso, velocidade e melodia se encontram de forma equilibrada, já capturando o ouvinte para dentro da jornada sonora que está por vir. “Bloodhound”, logo em seguida, acelera ainda mais o ritmo — uma faixa feita sob medida para incendiar os shows e abrir o mosh pit sem piedade.

Inside The Waves” mostra o lado mais melódico e acessível do álbum, lembrando o melhor do In Flames, com versos agressivos e um refrão envolvente que gruda na cabeça. Já “The Tales Of War” se destaca pela riqueza de arranjos: orquestrações sutis acompanham riffs densos e um groove poderoso da bateria — uma das faixas que certamente se tornará favorita dos fãs. Em seguida, “Hydra” desacelera um pouco o andamento, mas sem perder o impacto; a faixa mantém o peso constante, com um breve momento de blast beats, reforçando o clima tenso e cadenciado.

A sequência segue intensa com “Nerve”, uma das faixas mais completas do disco — mesclando agressividade e melodia em doses equilibradas. Aqui, Karlsson brilha ao alternar com maestria seus diferentes estilos vocais. A faixa-título, “Death Above Life”, surge com uma introdução sombria e uma estrutura pensada para arenas, crescendo até uma explosão catártica no refrão — um dos momentos mais empolgantes do álbum. “The Storm”, por sua vez, é a mais melódica do trabalho, quase um instrumental de power metal sujo, evocando de leve a sonoridade épica do Amon Amarth.

Encerrando o álbum, “Neural Collapse” e “The Path I Walk” trazem uma complexidade progressiva, com mudanças de tempo, refrãos grandiosos, e um equilíbrio entre peso e melodia digno de nota. As orquestrações, quando aparecem, complementam o clima cinematográfico do encerramento e consolidam o senso de grandeza que permeia todo o disco.

Death Above Life” é um álbum coeso e envolvente, com faixas de média duração — nenhuma abaixo dos quatro minutos — e que, ainda assim, não cansa em momento algum. Cada música traz novos elementos e nuances, mantendo o ouvinte atento e curioso pelo que virá a seguir. É um trabalho que evidencia o amadurecimento e a direção artística clara da banda, mostrando que o Orbit Culture não está interessado em ser apenas mais um nome da cena movido a breakdowns e algoritmos.

A produção é impecável — nítida, mas sem perder a sujeira que dá caráter e autenticidade ao som. Há equilíbrio entre o refinamento técnico e a crueza emocional, algo que poucos grupos conseguem alcançar.

No fim das contas, “Death Above Life” é, sem exageros, um dos melhores álbuns de 2025. Potente, bem construído e carregado de emoção, ele confirma que o Orbit Culture está apenas no começo de uma trajetória que ainda promete render muitos clássicos. É gratificante testemunhar o crescimento dessa banda — e mais ainda perceber que eles continuam mirando alto, sem perder o peso e a alma que os tornaram únicos.

Tracklist:
1. Inferna
2. Bloodhound
3. Inside the Waves
4. The Tales of War
5. Hydra
6. Nerve
7. Death Above Life
8. The Storm
9. Neural Collapse
10. The Path I Walk