Resenhas

Pythía

Póstuma

Avaliação

8.5

Gravado em Campinas, o novo disco da banda paulista de Melodic Death Metal, Pythía, une mitologia grega e filosofia para traçar o percurso de uma civilização fictícia em decadência. Lançado de forma independente no dia 19 de maio, com produção, mixagem e masterização assinadas por Rodrigo Couto, o álbum é uma obra conceitual que mergulha fundo nas raízes da mitologia e da filosofia gregas para refletir sobre a condição humana.

Musicalmente, o Play bebe da fonte do Death Metal moderno, com forte influência de bandas que combinam agressividade e melodia, como Arch Enemy, Crypta e Jinjer, notadamente por seu uso de vocal feminino poderoso.

A jornada começa com “Pandora”, uma introdução instrumental inspirada no mito da primeira mulher moldada por Hefesto, cujas ações libertam os males — e a esperança — no mundo.

Em seguida, a faixa “Saturno” impressiona com riffs cortantes e uma bateria pulsante, abrindo espaço para a excelente “Prometheus”, que injeta blast beats furiosos sobre uma base mais aguda de riffs e um clima melódico marcante. Em “Dyonisus”, a banda reforça essa proposta, mas com linhas de guitarra ainda mais definidas e marcantes.

Lutophages” se destaca por suas viradas de bateria muito bem encaixadas e vocais absolutamente insanos, enquanto “Delphi” apresenta um flerte com o groove metal, dando mais espaço ao baixo, que ganha destaque. Sem perder a agressividade, “Vulcano” desacelera levemente o andamento, mas compensa com riffs pesados e bem construídos. Para fechar, “Magnolia” resume bem o disco com peso, agressividade e melodia na medida certa, deixando uma forte impressão final.

“Pythía” é um álbum muito bem gravado e estruturado, demonstrando o talento e a visão artística da Póstuma. Os riffs são inspirados e variados, enquanto a bateria brilha com uma performance avassaladora e criativa. O vocal de Bia da Aldea merece destaque especial: com guturais e fry screams extremamente coesos, ela mostra técnica apurada e grande expressividade.

Se há um ponto mais frágil, é a polidez da mixagem, que aposta em um som mais sujo — ainda que isso não prejudique a audição, acaba dando um caráter mais áspero ao resultado final. No entanto, isso não ofusca o potencial evidente da banda, que demonstra um futuro muito promissor e certamente deve ganhar cada vez mais espaço na cena. Pythía é um degrau que a banda sobe, com identidade própria e qualidade para figurar entre os bons lançamentos do Metal nacional em 2025.

Formação:
Bia da Aldea – Vocal
Murilo Pasqualino – Bateria
Julio Alves – Guitarra
Rodrigo Batista – Guitarra
DiegoBobCarmelo – Baixo

Tracklist:
01. Pandora
02.Saturno
03. Prometheus
04. Dionysus
05. Minerva
06. Lotophages
07. Gaya
08. Atlas
09. Delphi
10. Vulcano
11. Magnolia