Resenhas

The Mandrake Project

Bruce Dickinson

Avaliação

8.5

Em toda sua carreira Bruce Dickinson sempre demonstrou que o que mais gosta de fazer é contar histórias através da música, desde sua chegada ao Iron Maiden, principalmente em parceria com Adrian Smith, como Flight of Icarus, Sun and Steel, Moonchild, Hooks in You, que “conclui” a história de Charlotte the Harlot, sendo Days of Future Past uma das poucas que se salvam em Senjutsu e outras.

Antes mesmo de sair da banda o vocalista gravou Tattoed Millionaire em 1990, consistente com o que almejava musicalmente naquele momento, assim como Balls to Picasso em 1994. Esqueçamos o equivocado Skunkworks nesta análise e vamos à fase Roy Z, a melhor da carreira com 3 álbuns excelentes, com ótimas composições, boas histórias contadas, produção de alto nível de Roy Z, assim como sua dobradinha com Adrian Smith, que deixava tudo mais direto e objetivo, dando equilíbrio à visão de Bruce e Roy e assim, depois de dezenove anos, chegamos em The Mandrake Project, de novo em parceria com Roy Z, um disco conceitual, que tenta nos prender à uma história com dois protagonistas: Prof. Lazarus e Dr. Necropolis, um conto obscuro, adulto com poderes, abusos e um esforço para encontrar uma identidade num cenário de genialidade de ocultismo e ciência. O release já é uma boa descrição do álbum, que começa obscuro e buscando uma identidade para transmitir a história, citando os personagens e “quebrando a quarta parede” em alguns momentos, como Bruce costuma falar diretamente ao ouvinte em suas canções. Falta objetividade e o tudo se arrasta até Resurrection Men, quando o peso, a produção e a pegada se encontram e o álbum deslancha e continua com a ótima Fingers in the Wound e em seguida a conhecida If Eternity Has Failed (aka If Eternity Should Fail), já utilizada em The Book of Souls do Iron Maiden, uma das minhas favoritas daquele álbum.
Mistress of Mercy entrega velocidade e peso na medida, ótima para pegar uma estrada! Seguimos para o terceiro ato, com Face in the Mirror, Shadow of the Gods e Sonata (Immortal Beloved), mais introspectivas, lentas, quase baladas, mas muito boas. Ótima conclusão para uma obra que começa sem grandes expectativas e vai crescendo durante sua audição. Credito a falta de expectativa aos singles lançados com antecedência: Afterglow of Ragnarok, que abre os trabalhos e parece ser o fim do mundo para Bruce, assim como Rain on the Graves arrastada no instrumental e na narrativa, mas temos a sorte de tudo se acertar no segundo ato em diante.
No fim temos um bom trabalho de Bruce e Roy Z, apesar da falta de Adrian ser sentida, com a meta alcançada, mostrando que ainda há muita história para ser contada através de toda bagagem histórica e literária que Bruce pode nos oferecer através da música.

Tracklist:

Afterglow Of Ragnarok (05.45)

Many Doors To Hell (04.48)

Rain On The Graves (05.05)

Resurrection Men (06.24)

Fingers In The Wounds (03.39)

Eternity Has Failed (06.59)

Mistress Of Mercy (05.08)

Face In The Mirror (04.08)

Shadow Of The Gods (07.02)

Sonata (Immortal Beloved) (09.51)