Resenhas

Totem

Soulfly

Avaliação

8.5

Max Cavalera além de ser a maior lenda do Heavy Metal brasileiro, é um guerreiro incansável. Ele que recentemente passou em uma turnê pelo Brasil juntamente com seu irmão para celebrar as bodas de prata de “Roots”, o álbum mais icônico do Sepultura, e em meio a seus tantos projetos, consegue tempo, sabe-se lá como, para nos presentear com Totem, o 12° álbum de sua banda principal, o Soulfly.

O álbum marca a ausência do maior parceiro de Max Cavalera depois de Andreas Kisser. O talentoso Marc Rizzo abandonou a banda e a saída não foi nada amigável. O cara reclamou que não recebeu apoio de Max e a banda perde muito com essa baixa. A expectativa era enorme em relação ao primeiro disco sem o guitarrista.

Para suprir essa ausência, a banda veio como trio, tendo Max na guitarra e vocal, Zyon na bateria e o baixista Mike Leon. Para cobrir o “buraco” deixado pela segunda guitarra, Max optou em convidar os guitarristas John Powers e Arthur Rizk que tocaram por todo o álbum, além de Chris Ulsh, responsável pelo solo na faixa “Spirit Animal“. As gravações aconteceram no estúdio “Platinum Underground‘, em Mesa, Arizona, tendo Max Cavalera na produção.

A bolacha será lançada mundialmente no próximo dia 5, mesma data que Max estará se apresentando na cidade do Rio de Janeiro, juntamente com seu irmão. A Nuclear Blast está responsável pela distribuição. Vamos sem mais delongas passear pelas dez faixas contidas aqui, afinal, já são 4 anos sem um disco de inéditas do Soulfly e é hora de dar play para conferir o que nos espera neste “Totem“.

Superstition” abre bem o disco, tendo o velho Max trazendo o que ele sabe fazer melhor: riffs. E aqui eles estão matadores. “Scouring the Vile“, a faixa número dois, traz um belo solo em sua intro e a música vai se embrenhando pelo Groove, tendo partes atmosféricas e até mesmo um flerte com o Death Metal. Nesta faixa temos a participação de John Tardy, que ajuda a abrilhantar ainda mais a faixa.

A faixa de número três é “Filth Upon Filth” tem mais riffs inspirados dessa máquina que é Max Cavalera. Ele nunca foi um virtuoso das quatro cordas (para quem não sabe, ele despreza as duas primeiras cordas de sua guitarra), mas se tem uma coisa que ele sabe muito bem fazer e só aprimorou com o passar dos anos, é riff. O cara tem uma potência cavalar. E essa música é um petardo justamente por conta de seus riffs. “Rot in Pain” segue apostando na maior virtude de Max, em uma música que viaja entre o Thrash e o Death, soando moderno e Old-school ao mesmo tempo, por mais controverso que isso possa soar. A faixa é simplesmente matadora.

The Damage Done” é absurdamente pesada e é uma espécie de break em relação as anteriores, pois Max tira a velocidade e coloca um andamento mais cadenciado por aqui. A faixa título abre a metade final do play e aqui temos o Soulfly soando Death ‘n’ Roll, sem deixar de lado o peso. Zyon Cavalera, aquele com o qual nos acostumamos a escutar suas batidas cardíacas na introdução de “Refuse/Resist“, tem uma bela atuação no seu kit de bateria. No meio da música, ela descamba para o Death Metal e no final ela fica tão arrastada que flerta intensamente com o Doom.

Ancestor” é a faixa número sete e essa é uma faixa bem atmosférica, pesada e bem bruta. Já “Ecstasy of Gold” é bem Old-school e deixa bem evidente em alguns trechos, uma das maiores influências de Max Cavalera: o Possessed. A seguir temos a já tradicional faixa com o nome da banda: “Soulfly XII” é aquela instrumental que Max sempre traz em seus discos e que trata da conexão que ele tem com seu pai, que se foi quando ele ainda era criança. A música em si não tem nada de Metal e vale como homenagem a seu progenitor.

Spirit Animal” é o ato final do play e do alto de seus nove minutos de extensão, um terço é dedicada a introdução, que no primeiro minuto é inteiramente desprezível. Mas quando a coisa começa pra valer, o bicho pega e temos uma pegada visceral, o Soulfly soando como se as bandas de Metal Progressivo resolvessem ser mais extremas e terminando bem experimental, com o vocal de Ritchie Cavalera, um dos filhos de Max. Ou seja, tem de tudo um pouco nesta faixa e é dessa forma que o álbum termina.

Em 40 minutos, menos da metade da duração de uma partida de futebol, temos um álbum forte, pesado, vigoroso, que mostra que o velho Max ainda tem muita lenha para queimar. A produção está bem caprichada e o álbum já nasce candidato a figurar nas listas de melhores do ano. Obviamente que Marc Rizzo faz uma tremenda falta, mas a vida precisa continuar. Se Max abriu mão da banda que ele criou, ela estando no auge, não vai ser isso que irá desanimá-lo. Ótimo disco, indicado para quem gosta de uma mistura de Old-school com modernismo.