Já fazia sete anos que o Facada não lançava um material só seu. Desde “Quebrante” (2018), o grupo lançou três EPs, incluindo aí o apocalíptico split “Em Sincronia Com O Fim Do Mundo” lançado em maio desse ano em parceria com o ROT.
Pois bem, eis que pouco meses depois o grupo cearense, referência da cena grindcore/death metal nacional, lança “Truculence” (2025), seu sexto álbum de estúdio via Black Hole Productions.
Sem ceder um milímetro da sua típica violência sonora, o Facada incluiu mais passagens hardcore/punk em algumas faixas – ao todo, são 13 golpes letais em pouco mais de 15 minutos.
Com letras abordando frustação, diálogos inúteis com gente limitada e uma desorientação com o cenário mundial, “Truculence” (2025), como bem divulgado, “é a trilha sonora para o colapso”, tanto externo, quanto interno, como o caso relatado em “Dwyer”, faixa que aborda a história do parlamentar Robert Budd Dwyer que, após convocar uma conferência de imprensa para se defender das acusações de recebimento de propina, sacou uma arma ali mesmo e disparou contra a própria cabeça. Se era inocente como alegava ou não, ganhou para a posteridade o verso “A chama da esperança / Saindo de uma arma / Não te acalmará nem enterrado”.
Produzido por Vanessa Almeida e pelo estreante baterista Vicente Ferreira, as gravações ocorreram entre 2024 e parte desse ano no VTM Studio e VOID Studio. Gravação acima da média feita pela dupla, diga-se, deixando o disco soando natural, ainda que de uma brutalidade e grosseria ímpar.
“Truculence” (2025) é um disco para quem gosta de música extrema, raivosa, que libera frustação e ódio pelos poros. Apenas dê o play, feche os olhos e contemple…A referência aqui a última faixa é mais do que pelo nome: gosto dela porque depois de tanta intensidade, sua sonoridade espacial me deixou olhando pro nada e pensando “Puta merda, que disco! Vou ouvir de novo” e assim foi por muitas vezes seguidas.
Lançado em CD e vinil pelas gravadoras Black Hole Productions e Läjä Records, “Truculence” (2025) confirma porque o Facada ocupa o posto como um dos grupos melhores e mais importantes grupos da cena extrema nacional.
Formação:
James: baixo, vocais
Danyel: guitarra
Ari Almeida: guitarra
Vicente: bateria
Faixas:
01 Truculence
02 Irreversível
03 Saudade Não Acaba
04 Sangrando Concreto
05 Regressão Primitiva
06 Talvez Nunca
07 Não Dormir, Nunca Acordar
08 Vai Entregar
09 Bem Que Eu Disse
10 Mente, Engana, Manipula
11 João
12 Dwyer
13 Feche Os Olhos E Contemple