Crédito das fotos: Bárbara Matos/Headbangers News

Na primeira sexta-feira de novembro (3), São Paulo foi marcada por uma forte ventania e chuva que causaram estragos por toda cidade e região. Apesar disso, o Tokio Marine Hall recebeu a festa de lançamento do décimo disco de estúdio do Angra, “Cycles of Pain”, lançado oficialmente no dia do show. Segundo lançamento com sua formação atual, é o terceiro álbum da chamada “Era Lione”. Quem estava presente pode assistir um excelente show de uma festa que ainda contou com Luiz Toffoli e Allen Key como bandas de abertura. No merch, era possível encontrar o novo cd, além de vinil, camiseta, copo, placa e até tênis da banda, mostrando o quanto o Angra, junto de seu empresário Paulo Baron, vem investindo na parte de marketing do grupo.

O atraso na abertura da casa acabou desencadeando atrasos em todos os shows. Previamente marcado para abrir às 19h, o Tokio Marine Hall abriu suas portas quase 19h30, o que obrigou o projeto do guitarrista Luiz Toffoli a iniciar pouco depois das 20h. Talvez a chuva tenha impedido parte do público de chegar mais cedo, porém, os que estavam lá encontraram uma excelente apresentação de metal progressivo liderado pelo guitarrista. Com claras influências de Dream Theater, o único disco do projeto, “Enigma Garden”, lançado esse ano, contou com músicos de alto calibre como Felipe Andreoli e Thiago Bianchi. Ao vivo, o baterista Pedro Tinello (ex Almah), que também gravou o disco, é um dos que acompanha o grupo ao vivo tendo Douglas Maximo (baixo) e Leo Leal (vocal) para fechar o time. Toffoli apresentou “Human”, “I’am Alive”, “Both Worlds”, “The Place I Want to Be (Wish You)” e “Frenetic Freak”, além de um excelente cover de “As I Am”, do Dream Theater. Todos, ao vivo, entregaram excelentes performances, com destaque ao experiente baterista e professor Pedro Tinello, que aderiu a “Escola Portnoy de malabarismos com baquetas”. Um excelente show para um público, infelizmente, ainda pequeno.

Com a casa mais cheia, o Allen Key subiu ao palco com quinze minutos de atraso. Banda cada vez mais presente no cenário do metal nacional, o grande destaque vai para a excelente vocalista Karina Menascé, apresentando excelentes drives e ótima performance. A banda traz uma grande variedade de influências, mas usa o hard rock como base, tornando o show muito interessante de se assistir. Formado também por William Moura (baixo), Felipe Bonomo (bateria) e a dupla Vitor Anselmo e Pedro Fornari (guitarras), apresentou faixas do seu único álbum completo, “The Last Rhino”, de 2021, assim como novos singles como “Apathy”, lançado nesse ano, e “Sleepless”, faixa que também será lançada em 2023. O show, cheio de energia, teve uma boa resposta do público, em especial na versão metal de “Judas”, da diva pop Lady Gaga, onde Karina chamou os presentes para cantar junto. Um bom show que, apesar dos problemas no teclado que obrigaram Karina a cantar à capela em “Goodbye”, contou com divertidos balões jogados no meio público em “Mr. Whiny”, assim como dois canhões de papel picado em “The Last Rhino”, além das flores distribuídas pela vocalista ao final do show.

Apenas por volta das 22:30, depois de “Changes”, do Yes, ser tocada no som da casa, o Angra entrou com a dobradinha “Crossing” e “Nothing to Say”, clássico absoluto que abre o disco “Holy Land”. Sem nenhuma decoração no palco, o telão compensava com belíssimos vídeos no fundo durante praticamente todo o show. “Final Light”, single de “Secret Garden”, último disco de Kiko Loureiro na banda e primeiro de Fabio Lione e Bruno Valverde, foi a escolhida para dar sequência ao show, seguida pelas duas partes de “Tides of Change”, faixa no novo álbum, contando com seu refrão marcante muito bem executado pelo italiano que, por sinal, não vestia sua camiseta preta. Com uma blusa vermelha, Lione disse que havia ganhado o presente de uma mulher, tirando reações engraçadas do público. Rafael Bittencourt, líder da banda, sempre reverenciado pelos fãs, lembrou que aquele três de novembro também marcava trinta anos do aclamado “Angels Cry”, disco de estreia do grupo. A faixa título do álbum, escolhida para comemorar no show o aniversário do disco, traz backing vocals marcantes em sua versão original que não são, infelizmente, feitos atualmente pela banda, o que obrigava os fãs mais calorosos a cantarem as partes que faltavam. Na sequência, Rafael assumiu as partes que Lenine cantou na nova “Vida Seca”, uma das músicas mais elogiadas do novo álbum, dividindo as vozes com Lione.

Voltando ao passado, “Ego Painted Grey” e “Wainting Silence”, abriram caminho para “Rebirth” que, nesse show, contou com a participação da incrível Vanessa Moreno, novo nome em destaque da MPB atual. Além de “Rebirth”, Vanessa dividiu os vocais com Lione em “Here In the Now”, faixa que ela gravou os backing vocals e que também conta com uma versão onde assume o vocal principal. A belíssima “Morning Star”, do icônico “Temple of Shadows”, teve sua parte final quase que descaracterizada. Talvez pela falta da execução da linha teclado/orquestração clássica que aparece no fim, a banda parecia ter se perdido no tempo. Depois das clássicas brincadeiras de Lione fazendo vocalizações com o público, “Cyclus Doloris” serviu de abertura para a excelente “Ride Into the Storm”, com destaque para uma performance excelente de Lione. Entrando no set acústico, Rafael sozinho cantou a belíssima “Lullaby For Lucifer” em homenagem ao eterno Andre Matos. Depois, Lione e Rafael cantaram “Gentle Change”, única música do disco “Fireworks” presente no show. A banda voltou para o segundo set com a maravilhosa faixa título do novo álbum, “Cyclus of Pain”, seguida por “ØMNI – Silence Inside”, música do disco “Ømni” que já vem se tornando uma das queridinhas entre os fãs. Voltando ao “Holy Land”, “Silence and Distance” foi uma excelente escolha da banda e foi cantada por todos os presentes. A balada “Bleeding Heart” veio antes de “Dead Man on Display”, do novo álbum, que encerra o segundo set. Para o bis, a obrigatória dobradinha de “Carry On” com “Nova Era” sempre encerra os shows no melhor estilo possível.

Com trinta e dois anos de carreira, o Angra ainda mostra a força de sua renovação. Apesar de Lione ainda dividir opiniões entre alguns fãs da banda, a grande maioria acolheu o mago de braços abertos. Os ótimos shows de abertura tornaram a noite muito divertida, apesar dos atrasos terem obrigado o público a ir embora apenas quando as linhas de trem e metrô já estarem fechadas. As novas músicas que fazem parte do elogiado novo álbum se encaixam bem no setlist atual, mostrando que a “Deusa do Fogo” ainda tem muita lenha pra queimar.

SETLIST – LUIZ TOFFOLI

1 – Human

2 – I’m Alive

3 – Both Worlds

4 – The Place I Want to Be (Wish You)

5 – As I Am (cover de Dream Theater)

6 – Frenetic Freak

SETLIST – ALLEN KEY

1 – Granted

2 – Straw House

3 – Illusionism

4 – Sleepless

5 – Goodbye

6 – Apathy

7 – Judas (cover de Lady Gaga)

8 – Mr. Whiny

9 – The Last Rhino

SETLIST – ANGRA

1 – Nothing to Say

2 – Final Light

3 – Tide of Change pt.1

4 – Tide of Change pt. 2

5 – Angels Cry

6 – Vida Seca

7 – Ego Paited Grey

8 – Waiting Silence

9 – Rebirth (com Vanessa Moreno)

10 – Here In The Now (com Vanessa Moreno)

11 – Morning Star

12 – Ride Into the Storm

13 – Lullaby for Lucifer

14 – Gentle Change

15 – Cycles of Pain

16 – ØMNI – Silence Inside

17 – Silence and Distance

18 – Bleeding Heart

19 – Dead Man on Display

Bis:

20 – Carry On/Nova Era

Galeria do show