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Summer Breeze Brasil 2024: 28/04 – Quando o tradicional e o moderno se encontram!

Summer Breeze Brasil 2024: 28/04 – Quando o tradicional e o moderno se encontram!

1 de maio de 2024


Crédito das fotos: Carlos Pupo/Headbangers News

Com bandas de estilos mais pesados e/ou extremos, o domingo foi marcado pela grande ansiedade do público com o retorno do Mercyful Fate ao país depois de vinte e cinco anos. Os veteranos, responsáveis por encerrar o festival, foram escalados com novas e clássicas bandas, formando um grande encontro entre gerações. Enquanto a Suécia era mais uma vez representada no festival, dessa vez com a banda Eclipse e seu Hard Rock, os brasileiros do Torture Squad começaram os shows do Sun Stage cheio de peso. Quase completando trinta e cinco anos de carreira, o grupo paulista vem divulgando seu novo trabalho, “Devilish”, lançado no ano passado. Sua formação, cada vez mais consolidada, hoje conta com Mayara Puertas (vocal) e Rene Simionato (guitarra), além dos veteranos Castor (baixo) e Amilcar Christófaro (bateria). Para celebrar ainda mais uma carreira tão bem construída, o grupo recebeu Leather Leone (ex-Chastain), para participar do show cantando “For Those Who There”, da antiga banda da vocalista americana, assim como “Warrior”, single lançado pelos paulistanos com a participação de Leather. Em seguida, no Hot Stage, o While She Sleeps fazia uma apresentação que surpreendeu muitos dos presentes. Vários que não conheciam o grupo se surpreenderam com a excelente apresentação da banda britânica de Metalcore. Cheios de uma energia que culmina numa excelente presença de palco, o grupo, na ativa desde 2006, trouxe “Silence Speaks”, “Anti-Social” e “Sleep Society” como parte de seu setlist. Mais tarde, o vocalista Lawrence Taylor atendia os fãs pelo festival, cheio de simpatia com todos.

O Battle Beast, nome que vem cada vez mais ganhando expressão na cena mundial do Heavy Metal atual, fazia uma excelente apresentação no Sun Stage. Prova de como a banda vem conquistando cada vez mais espaço era uma pequena garotinha nos ombros de seu pai que, além de cantar todas as músicas, usava o mesmo penteado que a vocalista Noora Louhimo. Enquanto isso, o Ice Stage recebia os veteranos do Overkill. O grupo americano com quase quarenta e cinco anos de estrada subiu ao palco ao som de “Scorched”, acompanhados por David Ellefson (ex-Megadeth), que vem substituindo D.D. Verni, machucado no ombro e afastado. Bobby “Blitz” (vocal) é referência na cena, entregando junto com a banda um show marcante, o primeiro no país em cinco anos. O público voltou a se dividir depois do show do Overkill, já que Avatar e Ratos de Porão se apresentavam no mesmo horário. Com uma legião de fãs apaixonados, era fácil de encontrar entre o público pessoas com a maquiagem igual a de Johannes Eckerström, vocalista e principal destaque do grupo. Extremamente performáticos e teatrais, o grupo se apresentou no Brasil pela primeira vez em 2022 como banda de abertura do Iron Maiden. Dessa vez, os suecos comandavam uma expressivo número de fãs hipnotizados pelas performances de músicas como “Chip Mosh Pit”, “Bloody Angel” e “Let it Burn”. Quem procurava por algo mais cru e direto correu para acompanhar a matadora performance do Ratos de Porão no Sun Stage. “Ratos nunca erra!”, eram o que dizia alguns que participaram da visceral apresentação do grupo e bateram cabeça em “Farsa Nacionalista”, “Morte ao Rei”, “Crucificados pelo Sistema” e “Beber até Morrer”.

Uma das apresentações mais esperadas, o Carcass voltou ao Brasil após sete anos. Um dos representantes atuais do chamado Death ‘n’ Roll, o grupo americano liderado por Jeff Walker (baixo e vocal) fez a alegria dos fãs. O grupo apresentou faixas de variadas épocas de sua carreira, com um foco maior no último disco, “Torn Arteries”, de 2021. Tocando e cantando até com uma pequena sacola com gelo na cabeça, Jeff e o Carcass não deixaram os fãs descansarem. No Sun Stage, o Thrash Metal americano era mais uma vez representado, agora com o Death Angel. Rob Cavestany (guitarra), único membro original da banda, esbanjava simpatia e sorrisos enquanto a banda agitava o público com “The Moth”, “The Ultra-Violence”, “Humanicide” e “Thrown to the Wolves”. Na sequência, um dos principais nomes do Metalcore mundial se apresentava no Hot Stage. Killswitch Engage é um dos primeiros nomes quando pensamos no estilo. Não é à toa que a banda foi escalada como uma das headliners do dia. O grupo iniciou o show a todo o vapor com “My Curse”, música conhecida por integrar um dos jogos da franquia “Guitar Hero”. A excelente “Arms of Sorrow” se juntou a “The End of Heartache” e “This Fire”, assim como o conhecido cover de “Holy Diver”, do Dio, em uma roupagem moderna. O grupo não vinha ao Brasil desde 2019, quando fez uma apresentação única no Dream Festival.

Desde que havia saído o horário dos shows do festival, o que mais se ouvia era a discussão sobre assistir ao show do Anthrax ou do Amorphis. Dois nomes extremamente importantes no metal, cada um dentro do seu segmento, se apresentando no mesmo horário levantou dúvidas entre os fãs. Porém, ambas as bandas encontraram um bom público, fiel e apaixonado, que aproveitou cada segundo do que foi apresentado. O Anthrax, nome da velha guarda do Thrash Metal e membro do conhecido “Big 4”, enfileirou clássicos e fez jus ao grande nome que tem. A banda, que não vinha à terras brasileiras desde o Rock in Rio de 2019, aposta em uma performance animada e divertida, enérgica do começo ao fim, contando nessa turnê com seu baixista original Dan Lilker, no lugar de Frank Bello, afastado por questões pessoais. “Caught in a Mosh”, com direito a sinalizador aceso no meio do mosh, “Madhouse”, “Medusa”, “Got the Time” e “Indians” fizeram parte da apresentação, incluindo “I am the Law” com participação especial de Andreas Kisser (Sepultura), guitarrista que substituiu Scott Ian no Anthrax por um breve período. O Amorphis, grupo que também esteve no país pela última vez em 2019, presenteou os brasileiros com uma performance cheia de peso e melodia, característica de seus shows marcantes. “Sky is Mine”, “The Castaway”, “Black Winter Day”, “House of Sleep” e “The Bee” fizeram parte do show.

O festival se aproximava do final com um dos shows mais esperados pelo público. Já no show do Anthrax era possível ver um grande pano com o nome do Mercyful Fate que cobria todo o Hot Stage. Quando o pano caiu durante a introdução de “The Oath”, o que se via era o mesmo palco usado em suas últimas apresentações nos grandes festivais do verão europeu. Um belíssimo palco, cheio de referências ao satanismo e misticismo que a banda sempre carregou, como uma cruz de ponta cabeça e a grande cabeça de um bode com um pentagrama atrás. Tudo lembrava um grande ritual, um grande “Sabbath”. Acompanhando King Diamond (vocais), os guitarristas Hank Shermann e Mike Wead se somaram com Bjarne T. Holm (bateria) e Becky Baldwin (baixo), a mais nova integrante da banda, oficializada ainda neste ano. Baseando-se numa performance teatral de King Diamond, o grupo demonstrava todo o peso e técnica que inspiraram tantas bandas de Heavy Metal desde o início de sua carreira, em 1981. King Diamond, beirando os seus setenta anos de idade, mostrava o porquê de ser visto até hoje como um dos principais nomes do metal. Prometendo voltar mais vezes – a banda não se apresentava no país desde 1999 – o grupo trouxe clássicos como “A Corpse Without Soul”, “Curse of the Pharaohs”, “Melissa” e “Evil”, assim como a nova “The Jackal of Salzburg”. Era emocionante poder presenciar uma banda tão importante para a história do Metal ali em nossa frente. Gerações se misturavam, todos assistindo embasbacados a qualidade de um dos melhores shows do festival. A escolha certeira do Summer Breeze de encerrar a edição de 2024 com o Mercyful Fate tornou tudo mais emocionante, dificultando a despedida.

Galeria do show