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Titãs celebram 40 anos de sucesso com show marcante em São Paulo

Titãs celebram 40 anos de sucesso com show marcante em São Paulo

19 de junho de 2023


Crédito das fotos: Marcos Hermes/Divulgação

Nenhuma pessoa que gosta do rock nacional consegue negar a importância dos Titãs na história da cena. Com hits marcantes, críticas ácidas e até baladas que te fazem pensar sobre a vida, o grupo foi a trilha sonora de uma geração (ou até de outras mais). E pela primeira vez depois da saída de membros da formação clássica, o time composto pelos remanescentes Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Belloto recebeu novamente Arnaldo Antunes, Nando Reis, Charles Gavin e Paulo Miklos para os shows da turnê intitulada “Titãs Encontro – Todos ao Mesmo Tempo Agora”, celebrando 40 anos de história. Da formação clássica, apenas Marcelo Fromer, falecido em 2001, não esteve presente. O famoso produtor Liminha, que trabalhou em vários álbuns da banda, foi convidado para fazer as guitarras de Fromer. A turnê, que passou por várias regiões do Brasil, inclui também alguns shows futuros fora do país. Em São Paulo, três datas esgotadas no Allianz Parque mostram a devoção do público paulistano na cidade natal da banda. Para esses dias, bandas que contam com filhos de membros do Titãs foram convidadas. Colomy, que tem Sebastião Reis, filho de Nando, em sua formação, foi chamada para tocar nas apresentações de sexta (16) e sábado (17). A Sioux 66, que tem Bento Mello, filho de Branco, no baixo, além de também contar com Yohan Kisser, filho de Andreas Kisser (Sepultura), participou dos shows de sábado (17) e domingo (18).

No sábado, o show marcado para às 20:30 teve início apenas por volta das 20h50. O palco, digno de grandes apresentações, mostrava a belíssima produção para a festa. “Diversão” foi a responsável por abrir a noite, seguida por “Lugar Nenhum” e “Desordem”. O set, como prometido, focou nos discos que contaram com a formação clássica, passeando também por grandes hits que não contaram com membros dessa formação. Branco Mello saudou o público, mostrando as marcas em sua voz, debilitada após uma cirurgia séria feita na garganta no fim do ano passado. Muito rouco, mas extremamente saudável, Branco agradeceu por estar ali com todos, falando e também cantando, assumindo o vocal em “Tô Cansado” para a alegria geral. Seguindo o set ainda dentro de “Cabeça Dinossauro”, um dos discos mais emblemáticos da banda, o show continuou com “Igreja”, “Homem Primata” e “Estado Violência”. Arnaldo Antunes assumiu o vocal para cantar os clássicos “O Pulso” e “Comida”, acompanhado por um Allianz muito cheio. Nando Reis cumprimentou o estádio, comentando como estava feliz em estar reunido com todos da banda e, segundo o próprio, “podendo reafirmar a mensagem que a banda sempre passou”, demonstrando sua felicidade em ter terminado os “últimos quatro anos terríveis”, fazendo uma menção ao governo Bolsonaro, aplaudido por todos. A pesada “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” teve “Nome aos Bois” na sequência, que contou com outra referência a Bolsonaro junto dos nomes citados na letra da música. “Eu não sei fazer música” e “Cabeça Dinossauro”, ambas com Branco Mello nos vocais, foram as responsáveis por encerrar o primeiro set do show.

Depois de um breve vídeo mostrando bastidores antigos e cenas da juventude da banda, o grupo voltou no formato acústico. “Epitáfio” abriu o set, sendo dedicada a Fernando, fundador de um grande fã clube do Titãs, falecido recentemente. A música também contou com o público levantando as luzes dos celulares a pedido de Sérgio, deixando o visual do show muito bonito de se ver. A clássica “Os Cegos do Castelo”, cantada por todo o público, teve “Pra dizer Adeus” em seguida. Não só no set acústico, mas a noite toda contou com uma grande participação dos presentes, cantando todas as músicas sem descanso, algo encantador. A filha de Marcelo Fromer, Alice Fromer, foi convidada ao palco para cantar “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar”, dando um tom de homenagem muito sensível ao show. Tornando tudo ainda mais emocionante, a rainha Rita Lee foi lembrada com “Ovelha Negra”, também cantada por Alice. Depois do set acústico, Nando Reis volta ao palco cantando o refrão de “Família”, dando início à música em seguida. Continuando as homenagens, “Go Back” e “É Preciso Saber Viver” foram dedicadas, respectivamente, a Torquato Neto e Erasmo Carlos, o eterno Tremendão. “32 Dentes” e “Flores”, ambas de “Õ Blésq Blom”, deram sequência ao espetáculo. Voltando ao “Cabeça Dinossauro”, “Porrada”, “Polícia”, “AA UU” e “Bichos Escrotos”, um dos pontos altos do show, encerraram o segundo set. “Polícia”, inclusive, contou com o clássico trecho de “Acorda Maria Bonita”, de Volta Seca, no início da música.

Para o Bis, “Míséria” foi executada entre “Introdução por Mauro e Quitéria” e “Vinheta final por Mauro e Quitéria”, tocadas no som do estádio com as luzes do palco apagadas. Nando Reis deixou que boa parte do refrão da emocionante “Marvin” fosse cantado pelo estádio lotado. “Sonífera Ilha” foi a responsável por encerrar o show, contando com uma engraçada história que Paulo trouxe, dizendo que no primeiro show da banda fora de São Paulo, em Santos, eles tiveram que tocar “Sonífera Ilha” por várias vezes durante a apresentação para buscar a atenção do público local, já que era a única faixa deles realmente conhecida na época.

A interação da banda no palco era incrível de se ver. Enquanto um cantava, os outros faziam backing vocal. Quem esteve no show pôde ver uma banda coesa, forte, muito bem ensaiada e confiante entre eles, o que deixa uma sensação curiosa. A alegria de ver a banda reunida se mistura com a tristeza de saber que, após a turnê, cada um voltará para suas carreiras solo e os Titãs seguirão com o trio remanescente. De negativo, apenas a impressão de que foram vendidos mais ingressos do que haviam cadeiras disponíveis. No setor de “Cadeira Inferior”, várias pessoas obstruíam os corredores por, aparentemente, não haverem mais lugares disponíveis. Até discussões acaloradas aconteceram entre o público em locais próximos de mim, com pessoas ficando em locais onde, na teoria, não era permitido ficar, o que atrapalhava a visão de quem estava nas cadeiras. Porém, isso não tirou o brilho de uma reunião tão esperada e aclamada que trouxe uma forte emoção à quem esteve presente assistindo essa incrível celebração.

Galeria do show