Entrevistas

Fernanda Lira (Crypta): “Vimos que a arte tem o poder de nos tirar do fundo do poço”

Fernanda Lira (Crypta): “Vimos que a arte tem o poder de nos tirar do fundo do poço”

2 de novembro de 2022


Daniela Barros/Headbangers News

A Crypta fez uma grande apresentação no Rio de Janeiro no último dia 16 de outubro. O show certamente está entre os melhores que a capital fluminense testemunhou depois que as medidas restritivas foram flexibilizadas e o público pôde, enfim, voltar a acompanhar in loco os seus artistas prediletos. Nós conseguimos bater um papo bem rápido com a vocalista/ baixista Fernanda Lira, que, super solicita e demonstrando gratidão, falou sobre a efetivação da guitarrista Jéssica Di Falchi, novo disco da Crypta, os feitos da banda como tocar no Rock in Rio e em Wacken e a importância da arte em um país que tanto maltratou a arte e os artistas nos últimos 4 anos com esse governo nefasto que está com os dias contados. A entrevista seria originalmente em vídeo, mas tivemos problemas com o som e então resolvemos não perder por completo o material e transcrever as palavras desta diva, em respeito a você caro leitor. Confira abaixo.

Daniela Barros/Headbangers News

Fernanda, fale um pouco sobre a efetivação da Jéssica Di Falchi, a nova guitarrista da Crypta. 

A Jéssica é um amor de pessoa, ela entrou de cabeça na banda, é uma pessoa sensacional. Espero que ela fique conosco por uns vinte anos, chega de mudanças na formação (risos).

Já há planos para um novo álbum da Crypta?

Já está bem adiantado, falta só um pouquinho para a gente terminar.

Tem o título definido? O que você pode nos adiantar?

Ainda não, eu tenho alguns nomes em mente e vou jogar na mesa para as meninas, isso é tudo que eu posso dizer.

Fernanda, ser mulher no Brasil é difícil. Ser mulher no Metal brasileiro é mais difícil ainda. Como você vê e convive com os haters que torcem o nariz por ver uma mulher brilhando na cena? 

O hater é um lixo… Eu acho injusto com este pessoal aqui (neste momento ela aponta para os fãs que estavam esperando nosso bate-papo terminar para poder ter uma chance de conversar e tirar foto com ela), que apoiam e deixam a cena mais firme. Hater… O próprio nome já diz.

Tem marmanjo que prefere ouvir o Tom Araya, eu prefiro ouvir a Fernanda Lira…

Eu acho uma perda de tempo. Todos nós temos bandas que a gente não curte, mas perder tempo na internet enchendo o saco, é um tempo que a pessoa poderia investir em outra coisa… Vai meditar, fazer um rango gostoso para comer, vá elogiar, apoiar o trampo da banda que você gosta. Por isso eu não dou atenção, eu foco na galera que está aqui. E quanto mais o hater dá atenção para nós, mais eles enganam o algoritmo. Quanto mais vocês dão “hate” em nós, mais o algoritmo vai se confundir e achar que vocês estão gostando e nossos posts vão bombar e assim mais gente passa a conhecer a banda. Mas isso é sinal de que nosso trabalho está legal, pois o que não é bom, causa indiferença.

Com tão pouco tempo, a Crypta nasceu durante a pandemia, lançou álbum, tocou no Rock in Rio, fez turnês internacionais. Que grande começo… 

Pra mim é difícil acreditar até agora. O Wacken pra mim era uma ilusão… Cara, foi muita loucura processar isso porque a gente trabalha pra caramba. Claro que a gente cria expectativas, a gente tem os nossos sonhos, as nossas metas, mas o que aconteceu como esse show de hoje, é difícil de processar, porque vai muito além do que a gente conseguiu projetar. Então é gratidão demais.

Vocês arrebentaram hoje…

Não, vocês quem arrebentaram. O povo fazendo corinho na “From the Ashes”, foda demais. Eu só tenho gratidão.

Fernanda, obrigado pela entrevista. Deixe seu recado para o fã da Crypta que está te acompanhando aqui na Headbangers News.

Obrigado pelo espaço, obrigado a todo mundo que apoiou, a todas as bandas… A cultura e a arte que a gente cria. Eu sempre falo isso nas entrevistas, nós vimos na pandemia que podemos viver sem várias coisas, mas ninguém ficou um dia sem consumir arte. Todo mundo ouviu música, todo mundo viu um filme. Vimos que a arte tem o poder de nos tirar do fundo do poço. Que a gente lembre o quanto a cultura foi importante para nós e que continuemos a valorizá-la.

Daniela Barros/Headbangers News