Entrevistas

Guilherme Pala (Centro da Terra): “Fizemos questão de buscar uma masterização toda analógica, com equipamentos antigos”

Guilherme Pala (Centro da Terra): “Fizemos questão de buscar uma masterização toda analógica, com equipamentos antigos”

13 de outubro de 2021


Flavia Ribeiro

A banda Centro da Terra segue divulgando um álbum muito forte, cujo qual leva o mesmo nome da banda. O álbum é uma jornada sonora repleta de improvisos e citações, uma verdadeira celebração musical psicodélica, com épicos pomposos e ‘rockões’ de respeito direto ao ponto. A banda busca a elevação espiritual, mental e física através da Música, da Poesia, da União e das velhas e eternas verdades como a Paz, e o Amor por todo e cada ser e pela existência da vida.

O baterista Guilherme Pala concedeu uma entrevista para sabermos mais sobre sua jornada, sobre o trabalho atual (que além de CD conta com DVD e também uma versão lindíssima em vinil) e os planos do conjunto. Embarque nesta viagem ao Centro da Terra.

Qual o principal conceito da banda Centro da Terra? Notamos uma pegada nostálgica, com a valorização do vinil e daquela magia dos anos 1970.

O conceito sempre foi ser uma banda livre, nunca nos preocupamos com tamanho das composições ou dos improvisos e o que ficaria mais vendável ou não em uma música. Tentamos ser o mais visceral possível com as músicas e resgatar essa pegada que existia nos anos 1960 e 1970 de rock’n roll agressivo e experimental. Sempre buscamos usar equipamentos antigos, pelo timbre inigualável, e também trazer a tona grandes bandas que aparentemente foram esquecidas pela grande maioria.

O álbum Centro da Terra conta com músicas de diversas fases da banda, como foi o processo de gravação do trabalho?

As composições sempre foram constantes na banda, então quando gravamos o disco tínhamos já muitas músicas. Tentamos priorizar as mais antigas para esse álbum. A gravação foi bem prazerosa pois foi a primeira vez que pudemos trabalhar em estúdio sem pressa, experimentando sonoridades exóticas e barulhos psicodélicos. Quase toda a captação foi feita no estúdio que tínhamos na época no “Centro de Psicodelia Cultural Lar de Maravilhas”, onde morávamos. A mixagem demorou quase um ano e foi feita por mim e meu irmão, Fred. A masterização foi pelo estúdio Abbey Road.

O disco também está saindo em versão CD e DVD, como surgiu a ideia de fazer o documentário que vem no álbum?

A ideia para o documentário veio das experiências que tivemos em nossas viagens pelo sul do Brasil. Passamos tantas coisas legais e inusitadas e conhecemos tantas pessoas incríveis e únicas que sentimos uma necessidade de tentar mostrar para todos um pouco dessa cena underground que não é divulgada e de pessoas que fazem ela acontecer.

Houve algum processo diferenciado da transferência das masters para o vinil? Como foi este processo e como o conceito gráfico conversa com o musical?

Houve sim, fizemos questão de buscar uma masterização toda analógica, com equipamentos antigos, para conseguir passar a melhor experiência sonora possível para o LP. Achamos que nenhum lugar era melhor para fazer isso do que o lendário Abbey Road. O processo todo foi bem interessante e eles nos deram uma grande atenção, inclusive o engenheiro de masterização foi o Sean Magee que já trabalhou com Deep Purple, John Lennon e Duke Ellington, e remasterizou os Beatles. Quanto a arte do disco, buscamos transmitir a psicodelia e a ritualização do ser que as músicas trabalham e também tentamos mostrar um pouco de tudo que passamos com as fotos de muitos amigos que temos e que nos ajudaram muito Brasil afora.

Falem sobre o single “Vejo o Sol”, qual tema lírico central? Por que esta faixa foi escolhida como primeiro single do álbum?

O tema dela que foi digamos póstumo a criação, ou “se auto criou”, na minha opinião retrata a existência, que por si só não tem sentido nem propósito mas, se formos capazes de nos livrarmos de nossas prisões internas e suportar o peso, podemos dar uma nova luz de sentido a nossa vida e sermos assim realmente livres. Acho que pela ideia dela é um boa música para ser escolhida como single, já que retrata o que a banda quer mostrar e também é uma das composições mais antigas e espontâneas da banda.

Quais são os próximos passos do Centro da Terra?

Temos várias músicas prontas para o próximo disco! Talvez até mais do que precise. Então a ideia é focar no próximo álbum que provavelmente será gravado na Inglaterra e planejamos fazer uma turnê pelo Brasil e Europa.