Entrevistas

The Mönic: “Só de sermos 4 mulheres em cima do palco, pegando estrada e enfrentando toda a dureza da cena já é um puta ato de resistência e feminismo”

The Mönic: “Só de sermos 4 mulheres em cima do palco, pegando estrada e enfrentando toda a dureza da cena já é um puta ato de resistência e feminismo”

11 de setembro de 2019


A banda The Mönic, de São Paulo, concedeu uma entrevista ao site Headbangers News para falar sobre as ideias da banda e a expectativa para os próximos shows. Peso, bpm’s acelerados, vocais rasgados e melódicos são as marcas registradas da banda que te faz viajar diretamente para o grunge dos anos 90. Formanda por Dani Buarque, Ale Labelle, Joan Bedin e Daniely Simõe, a banda é uma das atrações do Oxigênio Festival, que acontece neste final de semana em São Paulo.

Marcelle Buarque Stavale

The Monic é uma banda nova, que está crescendo na mídia, vocês podem falar um pouco da história da banda e como surgiu a ideia de fazer esse som mais Garage Rock?
Ale Labelle: Acho que ninguém da banda chegou a pensar “vamos fazer esse tipo de som”. Eu, a Joan e a Dani Buarque já tocávamos em outra banda antes. Quando decidimos montar uma nova, achamos a Daniely Simões e começamos a compor livremente. Meio que saiu o que saiu. E desde então (vai fazer 2 anos agora desde que começamos a tocar juntas) a gente tá aí experimentando, criando, sem pensar nas limitações de um gênero.
Quando ouvi o som pela primeira vez, já senti uma pegada grunge, um pouco de Joan Jett, Garbage, Hole… Podem me falar um pouco sobre as influências da banda?
Ah a gente tem influências bem variadas. Mas algumas: Queens of The Stone Age, The Distillers, Black Sabbath, Hole, Nirvana, Silverchair , Pixies, Ramones…
A banda é do underground e vem conquistando espaço na mídia. Como é manter a banda no underground? Vocês exercem outros trabalhos além da banda?
Dani Buarque: Já ouvi até dizerem que a gente não poderia ser consideradas do underground por ter gravadora mas isso é completamente fora da realidade. Todas nós temos trabalhos paralelos de segunda a sexta e embarcamos em uma dupla jornada de trabalho (as vezes até tripla rs…) diariamente. A gente não só faz música como faz os clipes, as capas, cuida de todas as redes sociais. Dá um trabalho danado. É bem difícil. Raramente temos um dia off. Todas nós vivemos exaustas, dormimos bem pouco mas cada espacinho que a gente ganha e cada conquista faz tudo valer a pena. Mas só amando MUITO pra aguentar o tranco.
O cenário do Rock tem muitas bandas formadas só por mulheres, e com certeza, nós estamos ganhando cada vez mais espaço no meio que sempre foi dominado por homens. Vocês inserem o feminino e o feminismo nas ideologias da banda?
Dani Buarque: Com certeza. Acho que só de sermos 4 mulheres em cima do palco, pegando estrada e enfrentando toda a dureza da cena já é um puta ato de resistência e feminismo. Nossas músicas, principalmente nossas letras são muito de verdade. São sobre experiências que vivemos e a maioria fala sobre ideologias, criticas sociais (ex: Refém, Permission) e até mesmo como nos sentimos no mundo sendo uma mulher (ex: Just Mad).
Sobre o espaço para divulgação, realização de shows, e nos shows em si, vocês já tiveram dificuldade nisso por ser uma banda feminina? Já rolou preconceito ou machismo?
Joan: Acho que o espaço vem crescendo a cada dia, mas ainda tem uma longa estrada a ser percorrida até chegar a um cenário realmente satisfatório. O meio do rock é bastante masculino, sempre foi, mas aos pouquinhos as coisas vêm mudando, as minas tão tomando espaço, tem muita banda foda de mina no rolê. Tá bonito! Preconceito e machismo sempre rola, espero de verdade que um dia isso mude também. Ninguém tá querendo concorrer com ninguém aqui não, a gente só quer fazer o nosso som.

Marcelle Buarque Stavale

Como foi o convite para tocar no Oxigênio Festival?
Ale Labelle: Depois de lançarmos o nosso disco “Deus Picio” no finalzinho de junho, a gente foi ver com o Piu de marcar alguma coisa na The House (ele já tinha nos convidado pra tocar lá algumas vezes) e aí ele veio com esse convite mais que maravilhoso. Ficamos muito contentes com o convite, sempre quisemos tocar no Oxigênio. Sem dúvida vai ser incrível!
E como está a preparação para participar de um festival desse porte? Você já tocaram em festivais grandes?
Ale Labelle: Muito ensaio e ansiedade, como sempre. Haha.  Já tocamos em alguns festivais, como o Festival Big Dia da Música em São Paulo, o Festival Imaginário (RJ) de Nova Friburgo, além da Virada Cultural de São Paulo. Mas esses shows todos foram feitos com poucos meses de banda. Não vemos a hora de tocar num festival agora que já até lançamos disco!
Falando em mídia física, já que hoje em dia o foco está no streaming, vocês lançaram o primeiro álbum pela Deckdisc, que é um selo forte. Como rolou tudo isso? Foi muito difícil a parceria?
Dani Buarque: Foi tudo um acaso. O Rafael Ramos conheceu nossa banda BBGG (que a gente tocava antes) e fez contato com a gente. Acabou que lançamos um single pela deck e na sequência tivemos uma mudança na formação, nosso baterista saiu e quando a Daniely Simões entrou a gente começou a compor sem parar e com uma energia diferente. A gente não sentia mais que era a mesma banda e decidimos começar uma banda do zero. Como a gente já tinha o contato do Rafa, explicamos pra ele a situação e ele apoiou terminar a BBGG e começar algo novo depois de ouvir nossa nova demo e lançou a gente pela Deck com 2 singles (High e Buda). Depois de poucos meses mandamos uma demo com umas 16 músicas e foi aí que decidimos gravar o álbum “Deus Picio”.
Como vocês descrevem a aceitação do novo álbum e o incentivo dos fãs?
Joan: A galera curtiu bastante, a gente tá MUITO feliz com a repercussão, tanto nas plataformas digitais quanto da galera que vem colando ainda mais nos shows… Além disso, surgiram vários convites para participar de muita coisa massa! Nossa agenda de shows tá grandona!!
Quais os próximos passos da banda? Podem nos contar se vocês estão trabalhando em algum plano para o futuro?
Joan: Temos alguns shows marcados aqui em são Paulo, outros no interior e uma tour no sul programada para novembro. Nossos planos são tocar cada vez mais, divulgar nosso som e mais pra frente gravar nosso segundo álbum.
Meninas, muito obrigada pela atenção dada ao Headbangers News. Querem deixar algum recado ou acrescentar algo?
Dani Buarque: Queremos agradecer o espaço no Headbangers News pra falar sobre o nosso trampo e ideias e também todos que leram e chegaram até aqui. E pra quem curtiu nosso som, segue a gente nas redes sociais, compartilha nosso som. Isso ajuda a gente MUITO a fazer nosso som rodar mais o mundão.
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