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Memory Remains: Black Sabbath – 39 anos de “Born Again” e a incrível junção do Sabbath com Ian Gillan

Memory Remains: Black Sabbath – 39 anos de “Born Again” e a incrível junção do Sabbath com Ian Gillan

7 de agosto de 2022


Em 7 de agosto de 1983, o Black Sabbath lançava “Born Again“, o álbum de número onze de sua discografia e que é assunto do nosso Memory Remains deste domingo. Venha conosco saber um pouco mais desse play.

Enquanto Ozzy ia bem em sua empreitada solo, o Sabbath sofria com mudanças constantes em sua formação. Ronnie James Dio saiu da banda de uma maneira não muito amistosa e por esta razão, Iommi estava novamente atrás de um vocalista, posto que jamais algum outro cantor conseguiu ser tão longevo quanto o Madman.

As opções eram duas: David Coverdale e Ian Gillan. O primeiro, estava a todo vapor com o Whitesnake, enquanto que este último havia dissolvido a sua banda solo e estava à disposição para o retorno do Deep Purple. Como este retorno demorou, isso facilitou a entrada de Gillan no Sabbath. Essa não foi a única mudança na formação, pois o baterista Vinnie Appice também saiu e para o seu lugar, voltou quem nunca deveria ter saído, Bill Ward. Com a nova formação, todos se juntaram ao produtor Robin Black e foram para o “Manor Studio”, em Oxfordshire, Inglaterra.

O álbum é meio que rejeitado pelos próprios músicos, inclusive pelo vocalista Ian Gillan, que considera esse o seu pior trabalho. As sessões de gravações não foram as mais tranquilas. Eles gravavam dias partes em separado. Gillan gravava durante o dia, enquanto que Buttler e Iommi faziam seus registros no período da noite ou mesmo na madrugada.

A capa merece um destaque a parte, pois apesar de ser horrenda, ela tornou-se marcante e sua história remete a uma briga entre Sharon Osbourne e seu pai, Don Airen. Este para se vingar, resolveu investir no Black Sabbath, que naquele momento tropeçava nas próprias pernas. Assim sendo, o velho Don contratou Steve Joule, que fazia as artes das capas dos álbuns de Ozzy e este por sua vez, como não estava interessado em se indispor com o vocalista, resolveu apresentar “qualquer coisa”. Foram quatro esboços enviados, um deles, inspirado na capa da revista Mind Alive, publicada entre os anos de 1968 e 1977. Tony adorou a capa. E Max Cavalera diz ser sua capa de álbum favorita.

Vamos então sem mais delongas, passear pelas nove faixas deste play. São nove faixas, mas duas são apenas intro, então na prática temos sete músicas.

O disco abre com a pegada visceral em “Thrashed“, com direito a um agudo de Ian Gillan que Ozzy jamais ousaria a fazer igual. A música é um baita Power Metal. “Stonehenge” é uma intro que traz uns sons bastante estranhos e logo logo temos a poderosa “Disturbing the Priest“, que é pesada e densa. Anos depois, essa música recebeu uma versão bem honesta dos brasileiros do Zero Vision.

Temos “The Dark“, que é outra vinheta, desta feita com menos de um minuto de duração, que vem emendada de um dos maiores clássicos da banda na era pós-Ozzy: “Zero the Hero“. Pesada, arrastada, com um clima de trilha sonora daqueles filmes de terror dos anos 1980. A música é genial. Dez anos mais tarde, o Cannibal Corpse fez uma versão para essa música, que saiu como lado B do single “Hammer Smashed Face“. Aqui na versão original, a música ganha contornos psicodélicos com seus sete minutos de duração, enquanto que a versão dos reis do Death Metal é mais reta. As duas são lindas.

Em “Digital Beach“, Iommi traz um solo de guitarra meio esquisito na introdução, parecendo que seu instrumento está desafinado ou sem um timbre legal, mas a medida que a faixa se desenvolve, vamos percebendo bons riffs. Já a faixa titulo tem a voz de Ian Gillan brilhando no meio do clima de melancolia da música, que tem mais de seis minutos.

Hot Line” traz um Black Sabbath surpreendente, com um pé no Hard Rock e outro na NWOBHM, parecendo-se muito com o Judas Priest. Os bons agudos de Ian Gillan aliados aos riffs igualmente bons de Iommi garantem a diversão. “Keep It Warm” é o capítulo final dessa obra e traz e é uma música bem pesada e densa e que conta com um belo solo de Tony Iommi.

Em 41 minutos temos um belo disco, sombrio e pesado como poucas vezes o Sabbath foi. Eles apostaram no peso e o resultado é muito bom. Como dito alguns parágrafos acima, Ian Gillan detestou o disco a ponto de arremessar algumas cópias do LP pela janela de sua casa. E eu não era um dos afortunados a passar embaixo de sua janela naquele instante para poder garantir a minha. Bill Ward deixou a banda logo depois das gravações e Gillan também não esquentou o lugar.

Enfim, hoje é dia de celebrar essa obra prima, onde podemos testemunhar a junção de parte de duas das mais importantes bandas da década de 1970, o Black Sabbath e o Deep Purple. Fica como sugestão de disco para se escutar no volume máximo no dia de hoje, essa pérola que está as portas de se tornar mais um quarentão da cena.

Born Again – Black Sabbath

Data de lançamento – 07/08/1983

Gravadora – Vertigo

 

Faixas:

01 – Thrashed

02 – Stonehenge

03 – Disturbing the Priest

04 – The Dark

05 – Zero the Hero

06 – Digital Beach

07 – Born Again

08 – Hot Line

09 – Keep It Warm

 

Formação:

Tony Iommi – guitarra

Ian Gillan – vocal

Geezer Buttler – baixo

Bill Ward – bateria