hbNews

Memory Remains: Black Sabbath – 45 anos de “Tecnical Ecstasy”, um álbum que divide opiniões

Memory Remains: Black Sabbath – 45 anos de “Tecnical Ecstasy”, um álbum que divide opiniões

25 de setembro de 2021


O Black Sabbath, como todos sabem foi a banda que criou o Heavy Metal. Nos anos 1970, os caras eram vanguardistas e inovaram ao trazer uma combinação de blues com um peso jamais visto antes. E ainda que sua fase de ouro tenha sido nos quatro primeiros álbuns, temos alguns outros bons momentos e o Memory Remains deste sábado vai tratar de “Technical Ecstasy“, o sétimo álbum da banda que completa 45 anos na presente data.

A banda vinha do excelente “Sabotage“, considerado por muitos como sendo o melhor disco do Black Sabbath após “Paranoid“. Quanto a essa afirmação, há controvérsias, eu por exemplo considero “Master of Reality” o melhor disco da banda. Sim, “Sabotage” é muito bom e talvez ele fique logo abaixo dos quatro primeiros no quesito importância e qualidade.

O quarteto havia superado os problemas com o empresário, que chegou ao extremo de ser decidido na justiça. Então ao final da turnê do álbum anterior, a banda se reuniu no “Criteria Studios“, em Miami, durante o mês de junho de 1976. A própria banda assinou a produção. Tony Iommi deu uma declaração, certa vez, sobre o distanciamento sonoro em relação aos álbuns anteriores. Aspas para o pai do Heavy Metal:

“Algumas pessoas podem ter ouvido a banda em 1970 e estar pensando, ‘Oh, não, eles de novo não!’ Mas se eles nos ouviram agora, provavelmente podem gostar de nós.”

De fato, pode ser que a banda tenha angariado novos fãs a partir deste play, mas a verdade foi que o álbum dividiu opiniões, e muitas das opiniões são contrárias ao novo caminho que a banda estava trilhando. Em 1992, Tony Iommi deu uma declaração à revista “Guitar World“. Vamos analisar as palavras dele:

“Os fãs do Black Sabbath geralmente não gostam muito de Technical Ecstasy. Foi realmente uma situação sem saída para nós. Se tivéssemos continuado os mesmos, as pessoas teriam dito que ainda estávamos fazendo as mesmas coisas de sempre. Então, tentamos ser um pouco mais técnicos, mas não funcionou muito bem. “

Ele mesmo admite que as coisas fugiram um pouco do controle, mas o disco não chega a ser desprezível. Causa estranheza, sim, encontrarmos duas baladas em um disco onde esperamos faixas mais pesadas, densas e sombrias. Porém, é a história da banda que criou o estilo que tanto amamos e por isso, vamos exaltar o legado dos caras. Passemos a analisar uma a uma, as 8 faixas deste “Technical Ecstasy“.

Back Street Boys” é a faixa que abre o play e conta com riffs psicodélicos, porém, muito bons de mr. Tony Iommi. A faixa tem influências de Rock Progressivo e isso faz com que ela seja muito boa. “You Wont to Change me” traz na intro os velhos riffs assombrosos que caracterizaram o Black Sabbath desde sempre, mas é só a intro, pois a música é um tanto quanto melódica e não é nem um absurdo se a classificarmos como sendo uma balada. Iommi brilha no solo.

It’s Alright” é lenta e tem Bill Ward no vocal. Quem nunca ouviu essa música dificilmente acreditará que se trata de Black Sabbath, pois nenhuma das características da banda está presente nessa faixa, que não é ruim, apenas inusitada. E traz um clima de paz. O solo de violão é o que se destaca aqui. “Gipsy” tem uma pegada legal de Bill Ward em seu kit de bateria. A música em si é um Rock Progressivo bem interessante.

Warner Bros. Records

Se você está no vinil, é hora de virar o lado da grande bolacha e a faixa que abre é “All Moving Parts (Stand Still)” que se desenvolve com bons riffs, ainda que não chegue a empolgar. “Rock ‘n’ Roll Doctor” mantém a banda na proposta de navegar nos mares do Rock Progressivo e nos proporciona bons momentos. “She’s Gone” é mais uma daquelas músicas que você jamais imaginaria ver o Sabbath escrevendo e tocando. Trata-se de uma balada, não é ruim, mas traz consigo muita melancolia.

A faixa mais famosa e disparada, a melhor do play chega para fechar o álbum: “Dirty Women“. se ela não lembra a fase de ouro dos quatro cavaleiros de Birmingham, ao menos ela é uma faixa poderosa, densa, com um certo peso e ótimos solos. Essa música é realmente arrebatadora. A cereja do bolo é essa magnífica canção.

Em 40 minutos temos um álbum com poucos momentos de empolgação, mas em contrapartida a gente teve a oportunidade de ver uma banda mostrando novos elementos. No geral, não combinaram com aquele Black Sabbath que conhecemos, mas não faz do aniversariante do dia um disco ruim, pelo contrário.

A capa, de aparência moderna para a época, foi desenhada pelo artista inglês Hipgnosis e segundo descrição de Ozzy, quis mostrar dois robôs fazendo uma escalada. Sua aparência com um fundo em amarelo destoa dos álbuns anteriores, quase todos com fundo escuro. Era a tentativa da banda em se desvencilhar do passado.

Em 1977, a banda saiu em turnê pela Europa e a banda de abertura foi o AC/DC. Porém, as coisas não foram tão harmoniosas. O relacionamento entre Geezer Butler e Angus Young era péssimo e no livro “How Black Was Our Sabbath“, de 2004, o técnico de bateria de Bill Ward, Graham White e o assistente pessoal de Ozzy Osbourne, David Tangye, afirmaram que as desavenças tiveram início após uma apresentação de ambas as bandas na Suiça. Ao que consta, Butler teria pego um pente de lâmina de seu bolso e Young acreditou ser um canivete que o baixista do Sabbath apontava para ele e aí o caldo azedou.

O uso incontrolado de drogas era um pesadelo. Outra situação curiosa, segundo os mesmos Graham White e David Tangye, Bill Ward passou a alugar um carro e se dirigir entre um show e outro, tamanho o seu medo de voar.

Após a turnê, Ozzy Osbourne sairia da banda e ficaria afastado por um ano. Voltaria para gravar “Never Say Die” e seria demitido por causa das drogas. Mas essa é uma história que iremos contar ma semana que vem, quando o Memory Remains se dedicar ao último play com a formação original do Black Sabbath.

Technical Ecstasy” alcançou a 13ª posição na parada britânica, 33ª na Suécia, 38ª no Canadá e 51ª na “Billboard 200“. Foi certificado com Disco de Ouro nos Estados Unidos, por ter vendido 500 mil cópias.

Enfim, a era Ozzy Osbourne no Black Sabbath começava ao seu fim e nós contamos um pouco da história que envolveu a gravação e a turnê deste sétimo álbum dos quatro cavaleiros de Birmingham. Eu não tive a oportunidade de acompanhar o Sabbath em seu auge, pois não era nascido, mas fui um dos afortunados a prestigiar uma apresentação com 3/4 dos membros que formaram a banda. Não os temos mais na ativa, mas temos toda a discografia deles para que possamos adorar todos os nossos dias, preservar e passar adiante esse legado. As gerações futuras precisam amar o Black Sabbath como nós amamos.

Technical Ecstasy – Black Sabbath
Data de lançamento – 25/09/1976
Gravadora – Warner

Faixas:
01 – Back Street Boys
02 – You Won’t Change me
03 – It’s Alright
04 – Gipsy
05 – All Moving Parts (Stand Still)
06 – Rock ‘n’ Roll Doctor
07 – She’s Gone
08 – Dirty Women

Formação:
Ozzy Osbourne – vocal
Tony Iommi – guitarra
Geezer Butler – baixo
Bill Ward – bateria/ vocal em “It’s Alright

Participações especiais:
Gerald “Jezz” Woodruffle – teclado
Mike Lewis – cordas