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Memory Remains: Blind Guardian – 31 anos de “Tales From the Twilight World”, uma aula de Speed Metal

Memory Remains: Blind Guardian – 31 anos de “Tales From the Twilight World”, uma aula de Speed Metal

3 de outubro de 2021


Neste 3 de outubro, há 31 anos atrás, o Blind Guardian lançava “Tales From the Twilight World“, o terceiro disco da carreira deste quarteto germânico e que é tema do nosso Memory Remains do mesmo dia do aniversário deste humilde redator que vos escreve.

Eram tempos onde o Blind Guardian fazia um som completamente diferente do que faz nos dias atuais, o Speed Metal vigoroso que angariou fãs ao redor do mundo. Os dois primeiros álbuns da banda são considerados umas das maiores dádivas do Heavy Metal alemão. E por isso a expectativa por um novo excelente play era enorme. E os caras não decepcionaram.

Ao contrário da crença entre os fãs, este não se trata de um álbum conceitual. E para produzir este play, os caras deram tudo de si e gastaram todo o dinheiro que receberam com o álbum anterior, “Follow the Blind“, na construção do estúdio próprio, que incluía uma mesa de 16 canais, que a banda utilizou para compor e gravar as demos que originaria o aniversariante do dia.

Para a gravação, foi utilizado o “Karo Musik Studios“, de propriedade do produtor Kalle Trapp, entre os meses de abril e maio de 1990 e de lá saíram com esse que eles consideravam, à época como sendo o seu som único. As gravações sofreram um atraso, pois Trapp estava aguardando o término das obras de reforma de seu estúdio. Vamos colocar a bolacha para rolar e discorrer sobre as oito faixas presentes aqui.

Travler in Time” abre o play e não haveria melhor escolha para ser a primeira faixa. A música mistura riffs rápidos, nervosos e melódicos, tendo os bumbos duplos de Thomen Stauch acompanhando na mesma velocidade. A letra é inspirada no livro “Dune“, do escritor Frank Hebert, do ano de 1965. A sequência continua mortal com a poderosa “Welcome to Dying“, outra música que pertence ao rol das obrigatórias nas apresentações da banda e que tem riffs fenomenais e letra inspirada no livro de Horror “Floating Dragon“, do escritorPeter Straub, do ano de 1982.

A instrumental “Weird Dreams” chega arregaçando tudo, uma canção rápida e pesada. Ela é curta e certeira. A seguir, um momento de calmaria com a lenta e melódica “Lord of the Rings“, onde brilha a dupla André Olbrich e Marcus Siepen. A letra, como o leitor inteligente já pode ter percebido, sim, é inspirada em “O Senhor dos Anéis“, de Tolkien, a referência eterna do BG. O peso retorna com tudo na não menos maravilhosa “Goodbye my Friend“, que traz em algumas partes, os duetos de guitarra, claramente inspirados no Iron Maiden. Mas as semelhanças com a Donzela param por aí, pois o BG tem a sua identidade própria e aqui eles priorizam uma levada mais rápida. A letra desta música divina é baseada no filme “E.T.“, aquele filme fofinho que te emocionou quando criança, caso você tenha mais de 40 anos.

A sequência de clássicos termina com a magnífica “Lost in the Twilight Hall“, uma música bem trabalhada que mescla partes rápidas com outras mais elaboradas. Essa música com a participação especial de Kai Hansen nos vocais, o que ajuda a abrilhantar. A letra fala sobre Gandalf, o mago cinzento, que gastou tempo entre os mundos após derrotar o Balrog de Moria e antes de reencarnar como Gandalf, o branco. Uma viagem, não é mesmo? Há quem curta e embarque nas letras dos caras, mas aqui focaremos no som que é bem mais interessante.

Hans-Martin Issler

Tommyknockers” mantém a pegada veloz, pesada e é ainda mais caótica do que as anteriores. A curta Altair 4 tem um clima épico bastante interessante. Essas duas músicas foram inspiradas no livro de mesmo nome da canção,  de autoria do grande e saudoso Stephen King.

The Last Candle” anuncia o final do play com outra faixa veloz, que foi a última a ser escrita. Aqui temos novamente a participação de Kai Hansen deixando ainda melhor o disco de seus conterrâneos alemães. Desta vez ele participa no solo. A letra aqui fala sobre Dragonlance, um universo fictício de fantasia, com foco especial nas trilogias Chronicles e Legends. Um fator curioso é que tanto a faixa de abertura quanto essa final tem exatos 6 minutos e 2 segundos. Comp diria Tadeu Schmidt, do Fantástico “sabe o que isso significa? Nada”.

São 40 minutos que passam na mesma velocidade dessas oito músicas que estão aqui e que fazem desse play uma dádiva única do Heavy Metal. Embora o Blind Guardian tenha lapidado seu som e o tenha deixado mais técnico e mais limpo, essa fase mais Speed Metal é realmente especial. O álbum alcançou a 43ª posição nos charts alemães e o coração dos fãs que curtem sobretudo a fase Old-School da banda.

Então hoje é dia de celebrar esse baita play e agradecer por ter essa banda ainda na ativa. Além de claro, exaltar o grandioso Hansi Kürsch por ter pulado fora do Demons & Wizards, o projeto que ele mantinha com o fascista Jon Schaffer, após este participar dos atos antidemocráticos contra o Capitólio, a casa dos deputados estadunidenses. Uma atitude louvável, que deveria ter sido seguida por alguns músicos renomados brasileiros que faziam parte de uma certa banda cujo o dono está sob investigação da CPI do Senado após denúncias de distribuição de remédios sem eficácia comprovada para o combate ao Coronavírus e com vários óbitos sendo postos em suspeição em uma rede de hospitais que atende idosos. O frontman do BG deu o bom exemplo, pena que nem todos seguem, o que é uma pena. Esperamos vê-los em breve por estas terras tupiniquins.

Tales From the Twilight World – Blind Guardian
Data de lançamento – 03/10/1990
Gravadora – Virgin

Faixas:
01 – Traveler in Time
02 – Welcome to Dying
03 – Weird Dreams
04 – Lord of the Rings
05 – Goodbye my Friend
06 – Lost in the Twilight Hall
07 – Tommyknockers
08 – Altair 4
09 – The Last Candle

Formação:
Hansi Kürsch – baixo/ vocal
André Olbrich – guitarra
Marcus Siepen – guitarra
Thomen Stauch – bateria

Participações especiais:
Kai Hansen – backing vocal/ vocal em Lost in the Twilight Hall/ guitarra solo em The Last Candle
Piet Sielck – backing vocal
Rolf Kōhler – backing vocal
Hacky Hackman – backing vocal
Kalle Trapp – backing vocal