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Memory Remains: Cannibal Corpse – 27 anos de “The Bleeding” e a afirmação como uma das referências do Death Metal

Memory Remains: Cannibal Corpse – 27 anos de “The Bleeding” e a afirmação como uma das referências do Death Metal

11 de abril de 2021


Em 11 de abril de 1994, o Cannibal Corpse lançava aquele que é considerado por muitos, o melhor disco da sua carreira. Na opinião deste redator que vos escreve se trata certamente de um dos mais importantes, pois muitos clássicos da banda estão neste play. E de tão clássicos, que a banda não pode pensar em deixar algumas de suas músicas ainda nos dias de hoje de fora do setlist. “The Bleeding” é tema da versão mais ectrema do nosso Memory Remains deste domingo.

Este era o quarto, e último disco com Chris Barnes no vocal, que logo sairia da banda, alegando que não queria mais escrever e cantar temas gore, mas logo depois acabou montando o Six Feet Under, que nasceu em um primeiro momento como um projeto sem muita pretensão, mas cresceu e está na ativa até os dias atuais…E com letras tão ou mais sangrentas do que a de sua ex-banda.

Pois os integrantes foram para o “Morrisound Recording”, em Tampa, Flórida, o mesmo estúdio em que o Sepultura gravou o álbum “Arise“, entre os meses de novembro e dezembro de 1993, sob a batuta do produtor Scott Burns e o resultado foi um disco simplesmente matador, e aqui o trocadilho foi inconsciente, juro. Vamos então dissertar cada uma das dez faixas que compõem esta verdadeira obra de arte do Metal extremo.

Em 36 minutos de pancadaria sonora, o disco abre com as quatro primeiras faixas fazendo com que o ouvinte simplesmente não tenha tempo nem de olhar para o lado, só dá para banguear como se não houvesse amanhã. “Staring Through the Eyes of the Dead” é simplesmente linda, aterrorizante, com suas mudanças de andamento, em que as partes mais cadenciadas dão aquele clima de filme de terror e as partes mais rápidas nos deixam com vontade de entrar no mosh e sair de lá mutilado. Excelente som.

Fucked With a Knife” conta uma história, no mínimo curiosa, pelo título da música, o caro leitor nem precisa de mais explicações. Voltando ao campo musical e aqui é o que mais interessa, a música é curta e grossa: velocidade total e os berros de Chris Barnes são sensacionais. Uma pena que eles quase não tocam esse som ao vivo atualmente. O curioso foi que eu conheci esse som quando escutei o disco ao vivo, “Live Cannibalism“, já com GeorgeCorpsegrinderFischer nos vocais e de cara foi uma das que eu mais gostei. E gosto dela até hoje. Entra no meu Top 5 da banda fácil.

Alex Morgan/Divulgação

Stripped, Raped and Strangled” já é mais na linha da faixa de abertura, com partes rápidas e mais cadenciadas, já num esboço da máquina de complexidade musical que os caras iriam se tornar dali a alguns anos. A letra segue a linha da faixa anterior, contando a história de um feminicídio cometido por um serial killer, que por sua vez, lamenta ter matado a moça, mesmo esta sendo linda. Musicalmente, é um espetáculo de som e é a faixa que nos dias atuais fecha de maneira gloriosa os shows da banda.

A pancadaria segue solta com “Pulverized“, onde os riffs de guitarra são espetaculares, também alternando entre o rápido e o cadenciado, mas sem deixar de ser bruto, agressivo. Aqui eu destaco também o trabalho de Alex Webster, em minha opinião um dos cinco melhores baixistas de Rock/Metal (se bobear, fica entre os três melhores). Aqui ele faz sua parte com maestria. “Return to Flesh” começa com um riff cadenciado e logo entra junto com o vocal um outro riff ainda mais brutal, porém, no meio da música a coisa descamba para a velocidade, mas logo ao entrar o solo, tudo volta ao ritmo mais devagar, como é a proposta deste som. Mas quem se destaca nesta faixa é o bumbo duplo de Paul Mazurkiewicz, que faz um excelente trabalho.

The Pick-Axe Murders” é outra excelente canção, onde a proposta da banda em misturar passagens rápidas com outras menos velozes. Não podemos falar a palavra “lenta”, pois em se tratando de Cannibal Corpse, isso não existe. Confesso que eu gosto das partes mais rápidas neste som, mas não posso deixar de destacar a parte em que Alex Webster chega mais uma vez brilhando com seu instrumento de cinco cordas. “She Was Asking for it” tem uma das introduções mais espetaculares de toda a carreira da banda. Aqueles riffs de guitarra são nada menos que lindos, tocados à velocidade da luz. Mas de rapidez aqui só a introdução mesmo e no meio, pois as estrofes são mais calcadas nos riffs um pouco mais arrastados, onde além das guitarras, eu destaco mais uma vez a batera brutal de Paul Mazurkiewicz destrói tudo. Na verdade, ele destrói tanto nas passagens rápidas quanto nas mais arrastadas.

The Bleeding”, a faixa título, chega com um riff nervoso, agoniante, que desafia o ouvinte a banguear. A faixa título é poderosa, bem elaborada, complexa, certamente difícil de ser tocada ao vivo. E o que é interessante aqui é que mesmo no meio de toda essa podreira, Alex Webster se destaca entre as guitarras e a bateria, que parecem anunciar o fim do mundo. Mais uma vez o gênio das cinco cordas se destaca. A bolacha se aproxima do final, e “Forced Broken Glass” traz de volta a velocidade, que junto com a brutalidade habitual da banda faz essa música se tornar gigante como as demais. Onde quer que você esteja ao escutar esse som, será impossível ficar inerte. Você vai bater cabeça na parte em que a banda arrasta tanto o andamento que chega a soar Doom; Você vai tocar air guitarra ou air drum nas partes rápidas, pois esse som é grosseiro, brucutu. E no finalzinho, mais uma vez, Alex Webster brinca com seu baixo, mostrando porque ele é diferenciado.

Fechando o disco, temos a não menos excelente “An Experiment in Homicide“. Não havia outra faixa melhor para o encerramento. Uma música pesada, brutal, em que as guitarras de Jack Owen e Rob Barrett mostram uma sintonia fina, maior até do que nas faixas anteriores, onde eles foram perfeitos. Enfim, um disco perfeito, do início ao fim. Nada a mais é necessário neste play, não precisa tirar nem pôr nada.

Lançado pela Metal Blade, o disco teve duas capas, pois, como de praxe, a banda sempre tinha a capa original censurada. E quem tem as cópias com a capa original não vende por dinheiro nenhum. A minha cópia, infelizmente é com a capa alternativa. Logo abaixo, o leitor que ainda não teve a oportunidade de observar a capa original, poderá ver como a imagem é muito mais brutal do que a versão que quase todos possuem,

A minha relação com este disco é especial, como o leitor pôde perceber nas linhas escritas acima. Infelizmente eu ainda não curtia Metal, nem tampouco Metal Extremo na época do lançamento deste play, então eu comecei a curtir a banda no início dos anos 2000, mais precisamente ao escutar o “Live Cannibalism“, então fui buscar os discos anteriores da banda e o “The Bleeding” foi o terceiro disco do Cannibal Corpse que eu escutei. Gostei de cara. Ele não é tão tosco quanto o anterior, o “Tomb of the Mutilated“, já apresenta características mais elaboradas em suas composições, fato que só tenderia a se desenvolver a partir de então e mesmo com a produção não sendo das melhores, ainda assim, esse disco é lindo.

Então vamos comemorar os 27 anos deste play que segue envelhecendo muito bem, obrigado. E seguimos aguardando o novo play do Cannibal Corpse, “Violence Unimagined”, que será lançado na próxima sexta-feira. Fique em casa se puder, escutando muito Heavy Metal e acompanhando as notícias, resenhas e entrevistas que a equipe da HEADBANGERS NEWS prepara com toda decicação para você. Em breve estaremos todos vacinados e iremos voltar a fazer nossas coisas, inclusive, assistir aos nossos ídolos arrebentando nos palcos.

The Bleeding – Cannibal Corpse

Data de lançamento – 11/04/1994

Gravadora – Metal Blade

Faixas:

01. Staring Through the Eyes of the Dead

02. Fucked With a Knife

03. Stripped, Raped and Strangled

04. Pulverized

05. Return to Flesh

06. The Pick-Axe Murders

07. She Was Ask for it

08. The Bleeding

09. Forced Broken Glass

10. An Expermient in Homicide

Formação:

Chris Barnes – vocal

Jack Owen – guitarra

Rob Barrett – guitarra

Alex Webster – baixo

Paul Mazurkiewicz – bateria