hbNews

Memory Remains: Iron Maiden – 31 anos de “No Prayer for the Dying”, a saída de Adrian Smith e o inédito topo nas paradas britânicas

Memory Remains: Iron Maiden – 31 anos de “No Prayer for the Dying”, a saída de Adrian Smith e o inédito topo nas paradas britânicas

1 de outubro de 2021


No primeiro dia de outubro do ano de 1990, o Iron Maiden soltava o seu oitavo álbum de estúdio. E é sobre “No Prayer for the Dying” que vamos falar no nosso Memory Remains desta sexta-feira.

Depois de uma série de álbuns bem sucedidos, com turnês exaustivas e sucesso de vendas, a banda que estava usando sintetizadores nas gravações sobretudo nos dois últimos álbuns, “Somewhere in Time” e “Seventh Son of a Seventh Son“, resolve deixar esses equipamentos de lado e voltar às raízes. Porém, esse fator gerou um grande incômodo no guitarrista Adrian Smith, que pegou seu boné e foi tentar a vida longe da Donzela, ainda durante o período de pré-produção, tendo contribuído na música “Hooks in You“. Para o seu lugar, foi chamado Janick Gers, que havia gravado o primeiro álbum solo de Bruce Dickinson, “Tattoed Millionarie“, lançado quatro meses antes. Gers tem em seu currículo trabalhos com Ian Gillan, Fish (Marillion) e na banda de NWOBHM White Spirit.

O álbum é tido como um dos menos inspirados em toda a carreira da banda, ainda que a música “Bring Your Daughter… to the Slaughter“, que foi lançada como single, tenha alcançado o topo das paradas britânicas, algo que jamais havia acontecido com uma canção do Maiden antes. Essa faixahavia sido lançada por Bruce Dickinson, que entrou na trilha sonora do filme “A Nightmare on ELM Street 5: The Dream Child“, que no Brasil ganhou o título de “A Hora do Pesadelo“, no ano de 1989.

A banda se reuniu no Rolling Stones Mobile durante os meses de junho e setembro de 1990 para a gravação do play e a mixagem se deu no Battery Studios, em Londres. O velho produtor de sempre, Martin Birch assinou a obra. A banda voltaria a gravar em solo britânico desde “The Number of the Beast“, em 1982, ideia que não agradou a Bruce Dickinson. Aspas para o frontman:

“Foi uma merda! Foi um álbum de merda, e eu gostaria que não tivéssemos feito dessa forma. Na época, eu era tão culpado quanto qualquer outra pessoa ao dizer: ‘Oh, ótimo! Olha, estamos todos cobertos de palha! O que é um lar!”

Na questão lírica, a banda trocou os temas históricos e literários por assuntos políticos, explorações religiosas (“Holy Smoke“) e preocupações sociais (“Public Enemy Number One“). É um álbum que diferente do habitual, não tem uma música com mais de seis minutos e é o segundo a conter palavrões nas letras, o primeiro é o disco de estreia, ainda com Paul Di’anno nos vocais. Foi também o primeiro disco a ser distribuído nos Estados Unidos pela Epic, após o término do contrato com a Capitol. No restante do Globo, o play foi distribuído pela EMI. Vamos sem mais delongas dissertar sobre as faixas contidas no aniversariante do dia:

Tailgunner” abre os trabalhos trazendo um timbre de guitarra bem cru, em uma levada Hard ‘n’ Heavy até certo ponto energética. “Holy Smoke” e seu dueto de guitarra que já virou tradição no Iron chega e mantém o mesmo clima da faixa anterior. Essa música foi a primeira música de Heavy Metal que eu particularmente escutei na vida, foi através de um tio meu que curtia som pesado. Hoje ele virou crente e bolsomínion, que decadência, não é mesmo? Voltando a parte musical, a faixa foi single e teve seu videoclipe veiculado na MTV. Destaco o solo muito bem elaborado.

Em seguida temos a faixa título que traz bastante melodia e um clima bem calmo durante a primeira metade dela e um baita Power Metal na segunda parte com um belo solo e voltando para o final da mesma forma que começou, lenta e melódica. Belo momento do play. “Public Enemy Number One” é uma música certinha, que não empolga, mas que também não decepciona.

Carlos Pupo/Headbangers News

Fates Warning” fecha o lado A caso você esteja no vinil. E ela é parecida com a anterior, sem empolgar e sem desandar o caldo. E é aí que o disco começa a correr risco, pois não vem mantendo o nível no alto. Viramos a bolacha e temos “The Assassin“, que possui um belo refrão, além das já conhecidas linhas de baixo de Steve Harris, que aliás, estavam fazendo falta por aqui.

Run Silent Run Deep” é pesada e também um dos poucos momentos acima da média nesse álbum. Bem trabalhada e muito bem executada. “Hooks in You” lembra muito a faixa “Holy Smoke” e é uma faixa ok. Aí chegamos a música mais famosa do disco, “Bring Your Daughter… to the Slaughter“, com sua pegada bem Hard Rock e o refrão que gruda. “Mother Russia” é bem Prog, traz uma atmosfera épica e encerra brilhantemente um disco que no geral é pouco inspirado em seus 44 minutos de duração.

Apesar de estar entre os menos brilhantes álbuns da Donzela, “No Prayer for the Dying” tem um feito: a música “Bring Your Daughter… to the Slaughter” conseguiu chegar no topo das paradas britânicas, o que era inédito na história do então quinteto. Mas a música também gerou controvérsias, sobretudo dos religiosos (sempre eles, não é mesmo?), que acusaram a banda novamente de satanismo. O cúmulo destes protestos foi a Igreja Católica no Chile ter pedido a proibição das apresentações por lá, o que parece que não teve êxito.

Apesar dos revezes, o disco foi bem cotado nos charts mundo afora: 2° no Reino Unido, 3° na Finlândia, 4° na Noruega, 6° na Suécia, 7° na Alemanha, 11° na Suiça, 15° na Espanha, 16° no Japão, 17° na Nova Zelândia e na famosa “Billboard 200” (Estados Unidos), 19° na Áustria, 23° na Austrália. As vendas foram boas e renderam Disco de Ouro nos Estados Unidos, Itália e no Reino Unido, além de Platina no Canadá.

Enfim, um álbum que tem a sua importância na história de uma das maiores bandas de Heavy Metal da história. Para nossa sorte, temos ainda o Maiden na ativa, que acabou de lançar um play novo e segue perpetuando seu legado. A nossa torcida é para que essa pandemia desapareça juntamente com os negacionistas que insistem em fazer peso extra no planeta, para que possamos ver a banda novamente ao vivo. E já tem até data para a Donzela retornar ao Brasil: setembro do ano que vem, na edição do Rock in Rio. Longa vida ao Iron Maiden.

No Prayer for the Dying – Iron Maiden
Data de lançamento – 01/10/1990
Gravadora – EMI

Faixas:
01 – Tailgunner
02 – Holy Smoke
03 – No Prayer for the Dying
04 – Public Enemy Number one
05 – Fates Warning
06 – The Assassin
07 – Run Silent Run Deep
08 – Hooks in You
09 – Bring Your Daughter… to the Slaughter
10 – Mother Russia

Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Steve Harris – baixo
Dave Murray – guitarra
Janick Gers – guitarra
Nicko McBrain – bateria

Participação especial:
Michael Kenney – teclado