Memory Remains

Memory Remains: Nevermore – 26 anos de “The Politics of Ecstasy” e o início das composições mais técnicas

Memory Remains: Nevermore – 26 anos de “The Politics of Ecstasy” e o início das composições mais técnicas

5 de novembro de 2022


Em 5 de novembro de 1996, o Nevermore lançava “The Politics of Ecstasy“, o álbum de número dois da carreira desta banda que fez a diferença no final dos anos 1990 e início dos 2000 e que é assunto do nosso Memory Remains deste sábado.

Lançado via “Century Media“, o aniversariante do dia traz a banda vindo de um primeiro disco bem recebido pela crítica, o auto-intitulado e um EP, “In Memory”, que continha sobras de gravação, além de covers do Bauhaus. E se no debut, a banda ainda apresentava um pouco da ex-banda de Warrel Dane e Jim Sheppard, o não menos maravilhoso Sanctuary, aqui, os caras já começavam a mostrar a identidade bem peculiar, que jamais seria copiada por nenhuma outra banda.

Gravado no “Village Productions“, na cidade de Tornillo, Texas, com produção de Neil Kermon, o disco é homônimo ao livro de Timothy Leary. um professor de Harvard, neurocientista e escritor. Ele era defensor dos benefícios do uso do LSD. O livro em questão foi lançado em 1968 e o autor já havia sido homenageado com uma música em seu nome no primeiro álbum da banda. Dane era seu admirador. Vamos destrinchar então, cada uma das dez faixas que compõem este discaço.

O álbum começa arrebatador com a intrincada “The Seven Tongues of God“, que tem uma intro bem longa, flertando com o Thrash Metal, depois mergulhando de cabeça no Metal Progressivo, com riffs bem pesados; A sequência arrasadora continua com “This Sacrament” e outro flerte com o que podemos chamar de Thrash Metal moderno e aqui o show é por conta de Jeff Loomis com seus riffs animais tanto na intro quanto no desenrolar da música e de Van Williams que não para um segundo o seu bumbo duplo e traz também muito groove.

Next in Line” é uma das minhas favoritas da banda, uma música densa, desesperadora, profunda. A banda gravou um videoclipe para esta música, que era obrigatória nos shows, enquanto que “Passanger” é uma música mais “viajante”, com um clima bem atmosférico. Jeff Loomis entrega um dos melhores solos de sua carreira, com muito feeling e precisão. Lembro que certa vez, eu conversando com um amigo, ele definiu essa música como Doom Metal, o que eu discordo veementemente. O caro leitor pode discordar de mim, talvez eu esteja errado, mas me soa estranho ter o NM associado ao estilo.

Vem a faixa título e com ela muito peso, mais densidade e um andamento mais devagar, no meio da música a bateria tendo liberdade para chegar com seu groove, e Jim Sheppard fazendo também um ótimo trabalho, excelente música; E “Lost” traz de volta o andamento mais rápido das primeiras músicas, onde Dane explora bem sua potência vocal.

The Tiananmen Man” chega e a banda novamente explora o Progressivo e aqui as guitarras duelam com os vocais pela melhor performance; “Precognition” é uma intro com um solo bem interessante e que é uma boa ponte para a virada de Van Williams que chega com “42147“, que podemos dizer que é a música mais violenta do álbum. Insana, com influências de Judas Priest, se tornando densa na parte do solo.

E fechando o álbum com chave de ouro, a excelente e épica “The Learning” onde a banda novamente viaja no Prog. Anos mais tarde, em “This Godless Endeavor“, a banda compôs outro clássico, chamado “Sentient 6“, em que Dane assumiu em entrevista que se trata da continuação da última faixa de “The Politics of Ecstasy“.

E se você deixar a bolachinha rodando em seu player após o término da música, depois de algum silêncio, você é tomado por um susto violento, pois Dane com uma voz medonha entra recitando parte da letra de “The Politics” e uma guitarra bem psicodélica de Loomis ajuda a dar esse clima de terror, vamos assim dizer.

Durante a turnê deste álbum, fora recrutado o excelente guitarrista Pat O’ Brien, que não esquentou muito o lugar, indo depois para o Cannibal Corpse onde está até os dias atuais. E a banda acabou fazendo uma turnê conjunta com o Death, no que resultou em uma amizade entre os vocalistas de ambas as bandas. E a coincidência é que ambos morreram na mesma data (13 de dezembro). Uma outra perna desta turnê foi realizada em conjunto com o Iced Earth, a banda do bolsominion estadunidense chamado Jon Schaffer, aquele que é favorável as pautas antidemocráticas e que hoje provavelmente seria desafeto de Warrel Dane, que era um social-democrata.

Em 2006 o álbum fora relançado, incluindo o cover para “Love Bites”, do Judas Priest, originalmente gravado para um álbum tributo, em 1997. E este cover, ficou sensacional, como todos os outros que a banda fez durante sua carreira.

Enfim, era só o segundo álbum, mas a banda estava disposta a fazer o que é praticamente impossível nos dias atuais: ser autêntica. E eles conseguiram. E hoje viemos aclamar e celebrar os 26 anos deste play simplesmente impecável. Longa vida a este álbum, que é um conforto para o fã que sabe que não verá mais a banda em ação. E como fã incondicional da banda e, principalmente de Warrel Dane, vos digo: eu ouço gente morta!

The Politics of Ecstasy – Nevermore

Data de lançamento – 05/11/1996

Gravadora – Century Media

 

Faixas:

01 – The Seven Tounges of God

02 – This Sacrament

03 – Next in Line

04 – Passenger

05 – The Politics of Ecstasy

06 – Lost

07 – The Tiananmen

08 – Precognition (instrumental)

09 – 42147

10 – The Learning

 

Formação:

Warrel Dane – Vocal

Jeff Loomis – Guitarra

Pat O’Brien – Guitarra

Jim Sheppard – Baixo

Van Williams – Bateria