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Memory Remains: Obituary – 33 anos de “Slowly we Rot”, a estreia em meio a ascensão do Death Metal na Flórida

Memory Remains: Obituary – 33 anos de “Slowly we Rot”, a estreia em meio a ascensão do Death Metal na Flórida

14 de junho de 2022


Em 1989 o mundo era completamente diferente deste que vivemos hoje. Não tínhamos redes sociais, muito menos internet. As notícias não tinham essa dinâmica que têm hoje em dia e vivíamos o final da guerra fria, tendo o ato final a queda do muro de Berlim que separava a capital alemã nos mundos capitalista e socialista. Na música, tínhamos o Obituary lançando “Slowly we Rot“, o disco de estreia, em 14 de junho daquele ano e hoje, 33 anos depois, ele é assunto do nosso Memory Remains desta terça-feira.

Embora gravado com afinação padrão e guitarras Stratocaster, o disco é considerado um dos mais pesados da banda até hoje. Os caras já estavam na ativa desde o ano de 1984, quando se apresentavam com o nome de Executioner e no ano de 1987, com uma ligeira mudança no nome da banda, agora chamada Xecutioner, a faixa “Find the Arise” foi lançada em uma compilação, chamada “Ranging Death”.

No ano de 1988, assumiram o nome que os tornaram famosos e assim partiram para a gravação do disco de estreia. Assinaram com a R/C Records, recrutaram o produtor Scott Burns e assim todos foram para o icônico “Morrisound Recording”, em Tampa, Florida. A masterização ocorreu no estúdio “Fullersound”, em Miami. Os irmãos Donald e John Tardy fizeram a mixagem. Vamos viajar sobre as doze faixas que compõem esse tesouro.

A faixa que abre o trabalho é “Internal Bleeding”, que se tornou um clássico da banda e é praticamente obrigatória até os dias atuais. A sua intro com uns barulhos chatos e desconexos ameaçam a qualidade da música, mas assim que o que realmente interessa, que é o instrumental, entra em ação, aí o couro come e a música é um convite a um moshpit: veloz e brutal, com destaque para os riffs da dupla Trevor Peres e Allen West, além de boas linhas de baixo, executadas por Daniel Tucker. Uma lindeza só.

Godly Beings” é curta e grossa, com menos de dois minutos. Ela começa veloz, tem uma breve pausa com um andamento mais arrastado e termina da forma que começou. Um petardo . “’Til Death” é outra pertencente ao grupo das músicas clássicas do Bitu e que vira e mexe entra no set list da banda… Ou ao menos entrava, em um mundo pré-pandemia. Ela começa bem rápida, mas logo passa por uma interseção mais arrastada e assim ela vai até o final. Eles melhoraram muito no aspecto técnico e atualmente ela é bem melhor ao vivo.

A faixa título dispensa apresentações, é a música que fecha com toda a justiça as apresentações da banda. Ela começa arrastada, doentia, suja e logo a pancadaria toma conta. Uma curiosidade pessoal sobre essa música é que quando eu estava em um show deles em 2017, eu estava vendo a apresentação dos caras e tomando cuidado pois estava com um DVD debaixo do braço, que tinha ganho de um amigo, porém, quando os caras tocaram essa música, a casa literalmente virou um moshpit e eu que estava no fundo, fui jogado para bem perto do palco, onde pude dar um click em Trevor Peres. O caro leitor pode ver a imagem abaixo.

As quatro primeiras faixas foram de tirar o fôlego, mas foi apenas o primeiro terço. “Immortal Visions” é outro petardo, em que os caras dão o seu recado em pouco mais de dois minutos em uma canção relativamente técnica, cheia de passagens diferentes. “Gates of Hell”, também curta, é outra pedrada, com seus riffs fantásticos em sua intro e depois com o bumbo duplo de Donald Tardy, que depois coloca umas batidas mais core nas partes rápidas.

Se você está no vinil, é hora de virar o lado e o início da segunda metade se dá com “Words of Evil” é rápida e tosca, no bom sentido da palavra. Um Death Metal que nos deixa em um moshpit sem que haja amanhã. “Suffocation” já mostra os riffs arrastados que seriam característicos do Bitu, mas os caras não se esquecem das partes rápidas, o que deixa a música ainda mais linda.

A clássica “Intoxicated” chega e honestamente eu prefiro a forma com a qual eles a executam atualmente, com mais técnica, o que não quer dizer que devemos desprezar a versão original, que é muito boa, ainda que crua demais. A banda regravou essa faixa e a incluiu no álbum “Inked in Blood” (2014). “Deadly Intentions” é a faixa número dez e começa arrastadona para logo depois eles imprimirem uma velocidade contagiante ainda que breve e retomam aquele quase Doom que segue pesado e sombrio pelo restante da música.

A parte final do play é formada pela música favorita deste redator que vos escreve: “Bloodsoaked” é linda com esse início arrastado e os riffs simples, mas que só o Obituary (leia-se Trevor Peres) sabe fazer. Eles também regravaram essa música que entrou no álbum Inked in Blood e eles a deixaram ainda melhor, mais pesada e mais sombria. Perfeita. “Stinkpuss” é a faixa derradeira e praticamente instrumental, tem bons riffs e a parte rápida é simplesmente destruidora e em 35 minutos o Bitu passa pela prova de fogo que é a estreia, mostrou que não seria somente mais uma banda dentre tantas outras. A prova é que eles estão na ativa até hoje, à exceção de um hiato entre os anos de 1998 e 2003.

Uma curiosidade acerca deste álbum é que ele foi anunciado na época com uma tracklist completamente diferente da versão que acabou sendo lançada. A faixa “Intoxicated” havia sido deixada de fora e em seu lugar, estava a faixa “Cause of Death”, que acabou sendo lançada no segundo álbum, que ganhou o mesmo título. O aniversariante do dia é o único a contar com o baixista Daniel Tucker. O guitarrista Allen West iria sair da banda pouco tempo depois, mas voltaria para gravar o terceiro álbum, “The End Complete” e ficaria com a banda até o ano de 2006.

Em 1997, quando a banda já estava sob contrato com a Roadrunner, à época uma gigante, o álbum foi relançado, contendo duas faixas bônus, versões demo para “Find the Arise” e “Like the Dead”, esta última esteve presente na coletânea “Ranging Death”. E em 2003, novo relançamento, desta vez, em formato duplo, tendo também o álbum “Cause of Death”, o sucessor deste.

Começava assim a história dessa que é uma das mais importantes bandas de Death Metal. O Obituary foi se consolidando a cada play lançado, mas não fosse por essa pedra fundamental, não teríamos esses caras em ação. Hoje é dia de celebrar essa pérola do Death Metal, concebida durante a ascenção das bandas de Tampa, Florida e que se tornaram referências. Felizmente o “Bitu” sobreviveu a essa pandemia maldita e esse ano terá um novo play. Enquanto esse não vem, vamos escutar esse play, no volume máximo.

Slowly We Rot – Obituary

Data de lançamento – 14/06/1989

Gravadora – R/C Records

Faixas:

01 – Internal Bleeding

02 – Godly Beings

03 – ‘Til Death

04 – Slowly We Rot

05 – Immortal Visions

06 – Gates to Hell

07 – Words of Evil

08 – Suffocation

09 – Intoxicated

10 – Deadly Intentions

11 – Bloodsoaked

12 – Stinkpuss

 

Formação:

John Tardy – vocal

Allen West – guitarra

Trevor Peres – guitarra

Donald Tardy – bateria

Daniel Tucker – baixo