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Memory Remains: Rush – 47 anos de “Fly by Night” e a troca de um baterista comum por um gênio

Memory Remains: Rush – 47 anos de “Fly by Night” e a troca de um baterista comum por um gênio

15 de fevereiro de 2022


Em 15 de fevereiro de 1975, o Rush lançava seu segundo disco. “Fly by Night” representaria o marco zero de uma sutil mudança na formação que impactaria na história da banda, que começava a se tornar uma das gigantes do Rock Progressivo. Esse discaço é assunto do nosso Memory Remains desta terça-feira.

Após o primeiro álbum da banda, lançado um ano antes, o baterista John Rutsey viu-se obrigado a sair da banda por problemas de saúde. O cara sofria de diabetes e não tinha condições físicas de aguentar a batida de viajar e fazer turnês. Para seu lugar, entrou um sujeito do qual Alex Lifeson e Geddy Lee não botaram muita fé no começo.

Esse cara era o gênio Neil Peart. Um cara alto, magro e desengonçado, mas que surpreendeu com suas habilidades atrás de seu kit de bateria. Mais tarde, ele também seria responsável por passar a escrever as letras, uma vez que os seus dois novos parceiros não eram tão familiarizados com a escrita, e Neil, consumidor voraz de livros, acabou se incumbindo da função de letrista. O futuro nos diria que a troca foi mais do que acertada. Porém, aqui em “Fly by Night“, ele dividiria as letras com Geddy Lee.

Fly By Night” marca uma outra mudança: a de direcionamento sonoro. Aqui o Rush tirou muito de suas influências do Led Zeppelin, que marcava seu álbum de estreia e assim ia moldando o seu som progressivo. Além disso, a entrada de Neil Peart na banda deu um up, uma vez que o saudoso baterista que nos deixou há dois anos, tinha muito mais técnica que seu antecessor, o que ajudou a enriquecer ainda mais a sonoridade do trio canadense.

Então a nova formação se reuniu no “Toronto Sound Studios“, sob a batuta do produtor Terry Brown, que co-produziu a bolacha junto com a banda e assim concebeu-se um dos álbuns mais clássicos da banda. Eles ficaram trancafiados no estúdio durante o mês de dezembro de 1974 e a mixagem e masterização foram realizadas em janeiro de 1975. Vamos então destrinchar faixa por faixa dessa belezura? Venha comigo, no caminho eu te explico.

A abertura se dá com a não menos que impactante e sensacional “Anthem“. Do alto de sua quebradeira, já mostra que os caras chegaram chegando. Essa é uma música que eu conheci quando escutei o tributo ao Rush chamado “Working Man“, capitaneado pelo baterista Mike Portnoy. “Best I Can” chega com viradas fantásticas de Neil Peart e uma levada hipnótica dos três músicos durante sua extensão. A sonoridade extraída por estes canadenses aqui é surreal.

Fin Costello

Beneath, Between & Behind” tem todo um psicodelismo em sua duração, com belos riffs de guitarra que se repetem de forma que grudam em sua cabeça. Em seguida chegamos a outra das minhas favoritas de sempre na carreira do Rush: “By-Thor & Snow Dog“. Carregada de feeling e nem mesmo o fato de ter mais de oito minutos de duração, divididas em quatro partes, faz dela uma música pedante, pelo contrário, é de uma magia que nos contagia. Essa é outra faixa que eu conheci através do “Working Man“, o já mencionado tributo.

Fly By Night“, a faixa que dá o nome ao homenageado de hoje é a mais simples de todo o play, mas é um clássico sem precedentes. Me arrisco a dizer que a música foi o maior clássico da banda até a chegada de uma certa “Tom Sawyer“. Neil Peart dá outro show, com mais viradas fantásticas em seu kit de bateria. “Making Memories” mantém a simplicidade da faixa anterior e aqui a guitarra só dá as caras durante os solos, pois em sua execução Alex Lifeson deu preferência ao violão, que caiu muito bem.

Rivendell” é uma baladinha em que apenas a voz de Geddy Lee e novamente o violão de Alex Lifeson conduzem a canção de maneira calma do início ao fim. “In the End” começa com um violão, dando a impressão de que a música assim será conduzida, mas logo a guitarra assume tudo e junto com a voz esganiçada de Lee, são os destaques do último capítulo desta verdadeira obra-prima, que emociona o ouvinte em seus pouco mais de 37 minutos de duração.

Assim “Fly by Night” nasceu como um grande clássico e até hoje é idolatrado pelos fãs, não só da banda, mas quem aprecia um Rock bem feito, visceral, setentista. O álbum estreou na nona posição nos charts canadenses e em centésimo décimo-terceiro lugar na “Billboard 200“. Foi certificado com Disco de Platina nos Estados Unidos e no Canadá. Foi relançado por duas oportunidades, com novas remasterizações, sendo a primeira vez no ano de 1997 e a outra em 2015.

Infelizmente perdemos nossa fera Neil Peart e a banda havia se aposentado antes desta triste notícia, mas é um disco que merece ser comemorado, escutado e reverenciado não só na presente data, mas por todos os dias. ouça-o sempre que puder. E não se esqueça de se vacinar, de cuidar de si e dos seus, pois essa pandemia irá terminar algum dia e nós precisamos voltar a acompanhar nossos ídolos em cima dos palcos.

Fly by Night – Rush

Data de lançamento: 15/02/1975

Gravadoras: Anthem (Canadá) e Mercury Records (resto do mundo)

Faixas:

01 – Anthem

02 – Best I Can

03 – Beneath, Between & Behind

04 – By- Thor and Snow Dog

I – At the Tobes of Hates

II – Across the Styx

III – Of the Battle

IV – Epilogue

05 – Fly by Night

06 – Making Memories

07 – Rivendell

08 – In the End

 

Formação:

Geddy Lee – vocal/baixo

Alex Lifeson – Guitarra/ violão

Neil Peart – bateria