Resenhas

2 Make U Cry & Dance

Electric Mob

Avaliação

9.0

O Brasil apesar de ser um antro de músicas de péssimo gosto, é um celeiro de bandas de Rock. E tem para todos os gostos. Desde o Thrash Metal do Sepultura que mostrou que o Brasil é mais do que praia, samba e futebol, passando por Angra, Viper, Sarcófago, Ratos de Porão, Dr. Sin, entre outros. A bola da vez é o Electric Mob, banda que já está há alguns anos bombando no exterior e que agora nos brinda com seu segundo álbum, “2 Make You Cry & Dance”.

Lançado pela Frontiers Music, a mesma gravadora de nomes como o Whitesnake, Sammy Hagar e Sebastian Bach, só para que a gente possa perceber o tamanho que a banda tem lá na gringa, o sucessor do aclamado “Discharge” (2020) veio com a intenção de manter a banda entre os grandes destaques da cena atual. Os caras apostam no AOR, se inspirando em grandes nomes do estilo como Journey, Toto, Def Leppard e afins, mas impondo a sua própria identidade. Ainda soando moderno, é impossível não se imaginar nos anos 70/80 ao escutar o som deste quarteto curitibano.

Produzido por Amadeus de Marchi e mixado por Nico Braganholo, o play foi gravado no Nico’s Studio, em Curitiba. Ao escutar “2 Make U Cry & Dance“, a impressão é de que estamos diante de uma banda veterana, tamanha a qualidade das composições e a destreza de cada um em sua função. Mas não, a banda é relativamente nova, foi formada em 2016, portanto tem apenas 7 anos de existência e já estão com toda essa repercussão, que seria ainda maior se a pandemia não tivesse nos forçado a ficar dentro de nossas casas por mais de um ano.

Aliás, a pandemia ganhou espaço nas letras do Electric Mob. “Saddest Funk Ever” fala não só da pandemia, mas também esfrega o estrago na cara dos negacionistas que insistem em espalhar fake news e que ignoram os quase 700 mil mortos somente em nosso país por conta da negligência daquele que pode facilmente ser apontado como o pior presidente da história desse país e que fugiu para os Estados Unidos com medo de ser preso (e será!). Neste quesito, nota 1000 para a banda, por entender a consciência de classe. E olha que eles são de uma região que é bolsonarista de coração e parte dos habitantes de lá ainda acham que o mito deles perdeu as eleições porque as urnas foram fraudadas… Cada um acredita no que quer, não é mesmo? E parabéns para a banda por se colocar no lado correto da história. E se você que está lendo isso defende golpe de Estado, não escute a banda. Eles entenderam a essência do Rock, estudaram o Pink Floyd e o Black Sabbath.

São 43 minutos de um Hard Rock bem agradável. E passa tão rápido que quando termina, você só quer apertar o play novamente. O vocalista Renan Zonta tem um timbre de voz muito bom e já pode ser considerado um dos melhores cantores dessa atual geração. Todas as onze faixas são muito acima da média, mas se é para destacar algumas, fiquemos com a já citada “Saddest Funk Ever“, além de “Sun is Falling” e “By the Name (nanana)“, que se tornaram conhecidas por terem sido lançadas como singles antes mesmo de o vindouro álbum sair.

Se com o antecessor, a banda conseguiu emplacar um single que perdurou por 14 semanas consecutivas na badalada “Billboard“, alguém duvida que com “2 Make U Cry & Dance” será diferente? Não, eles não reinventaram a roda, apenas fizeram a roda girar. Com o talento que os quatro rapazes tem, pelo jeito não foi tão difícil assim. E quem acha que o Rock não tem “salvação” é porque não conhece o Electric Mob. Vale a pena conferir o som deles. É qualidade internacional com o selo de Made in Brazil.