Alice Cooper chutou a porta da cena rock & roll há mais de 50 anos e continua com a mesma pegada sarcástica, seu niilismo irônico, não se levando tão a sério e detonando no que realmente importa. “Detroit Stories” é certamente um resumo disso e por este mesmo motivo é espetacular. Bob Erzin, parceiro dos tempos áureos, foi convocado novamente para produzir as 15 faixas deste que é seu vigésimo primeiro álbum solo.
Neste trabalho ele deixa momentâneamente de lado sua temática de terror, monstros, assombrações e serial killers. Aqui temos covers de alguns dos principais músicos que foram grandes no apogeu de Detroit como “Rock n’ Roll”, do Velvet Underground, “Our Love Will Change the World”, do Outrageous Cherry, “Sister Anne”, do MC5, e “East Side Story”, de Bob Seger. Assim como também temos convidados ilustres como Wayne Kramer (MC5), Mark Farner (Grand Funk) e Joe Bonamassa.
Cooper, que não foi nenhum santo nos anos 70 e 80, conseguiu surpreendentemente preservar sua voz. Soando muito bem nas diversas variações de tom que vão do rock, soul e blues com plena desenvoltura para um senhor de 73 anos de idade.
Como fã de longa data, posso dizer que é reconfortante ouvir um álbum tão roqueiro em sua essência e ao mesmo tempo tão variado e eclético. Uma mistura de blues, jazz, soul, hard rock, com pitadas de irreverência e versatilidade. Tudo que um álbum realmente divertido tem que ter.
“Don’t Give Up”, que pode ser considerada a música mais séria do álbum, nos dá uma mensagem de esperança nesta pandemia interminável. Ela diz que “todos estamos no mesmo barco”, “vamos continuar lutando”, “não desista” e é assim que termino. Com exatamente esta mensagem que precisamos neste momento. Não desista, tudo vai passar.
