Resenhas

Jailbreak

Nervosa

Avaliação

8.5

Passando por mais uma mudança de ciclo, Prika Amaral traz uma Nervosa totalmente reformulada em relação ao último disco. Agora fazem parte da banda Helena Kotina nas guitarras, Hel Pyre no baixo e Michaela Naydenova na bateria, além de a novidade nos vocais ser uma velha conhecida: a própria Prika! Sim, ela assumiu os vocais e está muito bem na função. “Jailbreak” chega nesse dia 29 de setembro pela Napalm Records e Shinigami Records no Brasil. Bora resenhar!

Aqui encontramos uma banda mais forte em comparação ao último disco, “Perpetual Chaos” de 2021. Logo de cara o peso de ter duas guitarras literalmente com duas guitarristas é o diferencial. Uma coisa é ter a mesma pessoa gravando as duas guitarras no estúdio, outra é ter duas pessoas com timbres diferentes contrastando seus estilos, isso cria uma atmosfera mais coesa e faz muito bem para a banda. Logo chega uma metralhadora de riffs com a abertura de “Endless Ambition“, veloz, forte e com ótimo trabalho da bateria, também apresenta o primeiro gosto dos novos vocais, que são muito bem trabalhados e com uma pegada mais agressiva, mais puxada para o gutural do que para o Fry Scream usado pelas vocalistas passadas.

É possível notar grande influência do Thrash moderno em “Suffocare“, onde uma roupagem mais tensa toma conta da harmonia, com riffs acelerados que fazem suas veias pulsarem; “Ungrateful” segue a mesma linha, mas com um certo aspecto puxado para o Thrash alemão, como Kreator e Destruction. Aqui o Mosh vai se tornar insano!

Chega “Seed Of Death” e temos o primeiro trabalho mais melódico da banda, com uma abertura limpa que vai se tornando épica aos poucos, com uma linha melódica muito agradável. A porrada chega com mais um riff destruidor e temos uma das melhores faixas da carreira da banda, com uma dinâmica interessante que não havia sido explorada nas outras formações. Na faixa-título é possível ouvir influências do Motörhead nos versos, com a pegada acelerada e com os bumbos duplos a todo vapor, além de um certo tom melódico no refrão, lembrando o Arch Enemy em seus tempos de Angela Gossow. Ótima faixa!

Sacrifice” foi o único momento em que me senti entediado, não consegui simpatizar com a faixa em nenhuma das audições até aqui. “Behind The Wall” chama mais a atenção, com uma pegada mais moderna, tem uma ponte mais cadenciada que aproveita bem o talento de Helena para um solo bem trabalhado. “Kill Or Die” volta com mais agressividade, riffs violentos e uma certa influência do Thrash americano com uma pegada mais intensa na bateria, sem quebradas de ritmo.

Aqui chegamos na faixa que conta com o mestre supremo da guitarra no Thrash Metal: Gary Holt! E não podíamos esperar menos. “When The Truth Is A Lie” tem momentos acelerados onde os riffs são cortantes e os versos são mais cadenciados, criando uma atmosfera densa e curiosa. O solo do mestre aparece logo após o primeiro refrão e de cara você reconhece seu timbre diferenciado. Outra participação especial acontece logo em seguida na faixa “Superstition Failed“. Lena Scissorhands do Infected Rain divide os vocais com Prika e dá uma enriquecida na faixa, que ainda conta com uma base melódica muito bem encaixada com o solo.

Na trinca que finaliza o álbum, primeiramente temos “Gates To The Fall“, a faixa mais cadenciada do álbum, acelerando pontualmente na ponte e mantendo uma atmosfera mais rígida e sombria. Interessante acompanhar o vocal aqui onde o gutural precisa ser mais forte por conta dessa desaceleração e Prika mandou bem demais. “Elements Of Sin” não chega só com os dois pés no peito, ela chega te triturando com riffs consistentes e uma bateria com viradas impactantes e que controla perfeitamente as mudanças de compasso. Fechando o álbum temos “Nail Of Coffin“, menos assombrosa que as duas anteriores. Um duelo de guitarras vai te lembrar do Megadeth antes do fim e esse é o ponto alto da faixa e só reforça que Helena foi uma excelente escolha para as guitarras. Fechamento não tão empolgante, mas categórico.

Enfim, valeu a pena falar sobre todas as faixas, pois é um momento importante para uma das grandes bandas do cenário nacional então cada detalhe é válido. Sente-se um peso mais condizente ao que propõe a banda, onde as guitarras se destacam e dão um tempero a mais, que era necessário em trabalhos anteriores. Prika tacou o pé na porta e assumiu o vocal com muita garra e se mostrou muito competente, mostrou que é uma líder nata. Então, aprecie sem moderação, mas cuidado, senão você vai acabar abrindo um Mosh na sua própria sala!

Tracklist:

01. Endless Ambition (3:23)
02. Suffocare (3:40)
03. Ungrateful (3:06)
04. Seed Of Death (4:28)
05. Jailbreak (3:26)
06. Sacrifice (3:30)
07. Behind The Wall (3:25)
08. Kill Or Die (3:19)
09. When The Truth Is A Lie (feat. Gary Holt) (3:19)
10. Superstition Failed (feat. Lena Scissorhands) (3:27)
11. Gates To The Fall (4:13)
12. Elements Of Sin (3:47)
13. Nail The Coffin (3:47)