Resenhas

St. Lola

Lolita Terrorist Sounds

Avaliação

9.0

A banda industrial de vanguarda Lolita Terrorist Sounds, sediada em Berlim, lança seu aguardado álbum de estúdio ‘St. Lola’ com participação do herói da guitarra lap-steel dos Swans, Kristof Hahn, e da lenda da vanguarda Bob Rutman  Ricas em versatilidade sonora, as sete canções são uma odisseia emocionante e transcendental, que cativa os fãs do estilo. A música de Lolita Terrorist Sounds é um lembrete das bandas de metal industrial que surgiram durante os anos 2000, mas ainda com grande influência dos anos 80 e 90 – mas Lolita Terrorist Sounds cria uma abordagem mais melancólica, atmosférica e emocional.

‘St. Lola’ representa a marca única da alma da banda. Há simplicidade e perfeição juntas que tornam o som mais denso e grandioso. O som bruto da banda combina elementos de metal industrial, pós-punk e darkwave de várias épocas, em um caldeirão rodopiante de guitarras densas e energia sônica impulsionada pelo groove. Com esse disco provam que seguem com a ideologia artística, ousada e cativante, junto com o som penetrante e peculiar, que traz uma atmosfera sonora nostálgica ao mesmo tempo que exala um frescor sincero graças a energia jovial e mente visionária dos integrantes.

Logo na primeira faixa, “Shaved Girl”, percebemos aonde a banda quer chegar, entregando um choque elétrico de paixão mesclado com uma atitude destemida, onde provam que são uma banda em constante avanço com uma sonoridade que remete as bandas Bauhaus, Alien Sex Fiend e Nick Cave, mas ainda assim com o toque único. A música seguinte, “Prision Song”, já mostra o lado multifacetado remetendo também a tons de Marilyn Manson e The Crüxshadows – na forma da atmosfera densa e sombria. Criando uma vibe majestosa para amantes deste estilo, este disco mostra o quanto a banda adora dobrar e moldar gêneros musicais com sua atmosfera depressiva e sombria. Esta é a minha preferida, pelo sentimentalismo e profundidade.

Subindo impecavelmente na ordem musical com seus riffs em camadas com seções de metais e arranjos góticos, seu som está amadurecendo em algo único. Em “Red Carpet”, a banda mantém o espírito do post punk mas também incorpora o dark wave neoclássico com um tom mais depressivo e exala técnica e talento – por isso adorei essa banda, ela mistura diversas referências inusitadas para criar seu som, bem ao estilo que eu gosto pessoalmente, e nessa faixa remete a Sopor Aeternus & the Ensemble of Shadows . “Mind the Gap” é uma fusão fervorosa e expressiva, uma satisfação conceitual de uma mistura eclética de ideias. Começa com um sintetizador e piano compacto e suave, nostálgico e remete ao post punk, mas também tem tons de dark wave, com um refrão que entra facilmente em nossa mente e um tom sensual que nos faz viajar, sendo uma canção com mais balanço e perfeita para pista de dança.

“Curse” destila a melancolia penetrante e intimista com um ar sombrio e difícil de digerir – um tom que remete a musicalidade profunda, mantendo o ambiente denso, mas que os amantes do estilo adoram. O refrão chega maravilhoso lembrando Bauhaus, perfeito. A faixa-título é uma canção de quase 7 minutos que é uma viagem que soa como instrumental mas depois entendemos a genialidade por trás dessa criação absurda e ousada, que tem lirismo cativante, e sensibilidade de Joy Division com tom mais trevoso. Os vocais cantam de forma teatral e penetra no ouvinte de uma forma única

Fechando o disco, “Living-in-glory” leva o ouvinte aos limites do desconhecido de uma forma prazerosa e impossível de descrever – é preciso ouvir e sentir por si só esse momento. Uma faixa de quase 9 minutos, totalmente instrumental que segue influências dos nomes mais clássicos e undergrounds do post punk e dark wave. Este trabalho mostra as mentes brilhantes do Lolita Terrorist Sounds, despertando a vontade de apertar o play novamente e embarcar nesse mundo criativo, destilando a nostalgia e o momento sombrio. Com uma técnica e estilo perfeito que remete aos clássicos geniais de bandas grandes.

‘St. Lola’ mantem a frequência, conduzindo o ouvinte em uma viagem sonora inesquecível, com destaque na forma como a banda misturou referências dentro do rock gótico e de uma maneira peculiar criou um trabalho atemporal perfeito para os fãs do estilo, conversando diretamente com seu instrumental e com o ouvinte, transmitindo diversos sentimentos de forma satisfatória.