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Memory Remains: Soundgarden – 28 anos de “Superunknown” e o ponto alto da carreira da banda

Memory Remains: Soundgarden – 28 anos de “Superunknown” e o ponto alto da carreira da banda

8 de março de 2022


O ano de 1994 foi bastante importante em diversos setores: tivemos no esporte a perda do tricampeão Ayrton Senna e o tetra da seleção brasileira, dos tempos que os jogadores atuavam por amor a camisa; o Plano Real entrava em vigor, em igualdade de condições com o dólar, nos dando a falsa expectativa de que, enfim, teríamos uma moeda forte; na música, o Poppy Punk emergia, se aproveitando da decadência do movimento Grunge, onde o Pearl Jam brigava com a mídia e com a Ticketmaster, empresa que detinha o monopólio de vendas dos ingressos das casas de shows estadunidenses; o Alice in Chains abortava uma tour com o Metallica, enquanto que o Nirvana encerrava suas atividades e teria no suicídio de Kurt Cobain o doloroso capítulo final. A vida precisava seguir e o Soundgarden lançava neste 8 de março, “Superunknown“, o quarto álbum de sua discografia e que é assunto do Memory Remains desta terça-feira de calor senegalês.

A banda vinha do sucesso de “Badmotorfinger” e precisava fazer um novo disco que fosse à altura, até então, o play mais bem sucedido. “Superunknown” não somente esteve à altura em temos musicais, como bateu o antecessor nas paradas, estreando de cara na primeira posição da “Billboard 200“, fazendo com que a banda alcançasse o status de supergrupo, tal qual seus conterrâneos Pearl Jam e Nirvana.

O quarteto se reuniu no “Bad Animals Studio“, em Seattle, entre os meses de julho e setembro de 1993, com a produção de Michael Beinhorn, com a banda atuando na co-produção, além da mixagem, que ficou a cargo de Brendan O’Brien. O resultado foi um excelente álbum, o qual iremos destrinchar a partir das linhas abaixo.

A grooveada e agradável “Let me Drown” abre bem a bolacha, com destaques para a bateria do excelente Matt Cameron e a voz inconfundível desta lenda chamada Chris Cornell. “My Wave” chega trazendo mais Groove em outra música muito boa com bons riffs de guitarra bem Hard Rock e novamente a bateria de Matt Cameron ditando os rumos.

Fell on Black Days” é uma das minhas favoritas. Seu clima meio dark e seu andamento mais arrastado, ganhando peso na parte final, além da excelente interpretação de Chris Cornell são dignos de todos os elogios. “Mailman” é a mais pesada destas primeiras faixas e traz aquelas influências do Black Sabbath que sempre acompanharam a banda. Muito boa. Em seguida temos a faixa título, que é divertida e empolgante, a faixa título, com sua pegada setentista, muito boa.

Head Down” chega com seu clima Southern Rock, calma e sem peso. E chega a melhor faixa da carreira do Soundgarden, para este redator que vos escreve: “Black Hole Sun“, com toda sua angústia, em uma música densa, épica e dramática. Vale ressaltar que meu carinho por esta música se deve por ter sido a primeira da carreira da banda que eu ouvi e gostei de cara. “Spoonman” traz o mesmo clima da faixa que abre o álbum: mais Groove e clima dos anos 1970.

A&M Records

A partir daqui temos uma variação musical, com a stoner “Limo Wreck“, seguida da densa e pesada “The Day I Tried to Live” e a punk “Kickstand“, com destaque para estas duas últimas. O Groove dá as caras novamente com a ótima “Fresh Tendrils“, outra canção de destaque e aí os caras resolveram baixar a afinação para a pesada e sombria “4th of July“, música em que a banda flerta muito intensamente com o Doom.

Half” é uma intro bem chatinha que dura intermináveis… Dois minutos. Mas logo ela dá lugar para “Like Suicide“, uma música bem calma, que ganha contornos dramáticos, mas em seus sete minutos chega a entediar o ouvinte. Para as versões internacionais (N. do R: fora dos Estados Unidos), a bolacha vem com uma faixa bônus e ela atende pelo nome de “She Likes Surprise” e tem uma levada bem setentista, As estrofes tem uns riffs de guitarra bem chatinhos, mas no refrão ela cresce e fica pesada.

E assim, em pouco mais de 74 minutos, temos um disco muito acima da média, embora seja um tanto quanto longo. Foi o disco de maior sucesso comercial da banda. Além do 1º lugar na “Billboard 200“,como citado no início desse texto, o álbum alcançou a mesma 1ª posição nas paradas da Austrália e da Nova Zelândia; no Canadá, ficou em 2º, na Suécia ficou em 3º, no Reino Unido ficou em 4º e chegou ao 5º lugar na Noruega. “Black Hole Sun” foi um dos cinco singles lançados para a divulgação de “Superunknown” e alcançou o primeiro lugar nas paradas, além de ter tido seu videoclipe veiculado à exaustão na época pela MTV, se tornou o maior hit da carreira da banda.

Superunknown” foi premiado com disco de ouro na Itália, Reino Unido e na Holanda; 2 vezes disco de platina na Suécia; 3 vezes disco de platina na Austrália e no Canadá e 5 vezes disco de platina nos Estados Unidos. Algumas publicações listaram o aniversariante de hoje em seus rankings. A “Pause & Play” (EUA) classificou o álbum em 11º entre os 100 álbuns essenciais dos anos 1990; a “Rolling Stone” o classificou em 336º na lista dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos”; A “Spin” o listou na posição número 70 dentre os “100 Melhores Álbuns dos Anos 1990” e por fim, a inglesa “Kerrang” classificou “Superunknown” em 70º na sua lista “100 Álbuns que Você Deve Escutar Antes de Morrer“.

Minha relação pessoal com este álbum é de muito carinho, já que foi o primeiro disco do Soundgarden ao qual eu tive acesso. Escutei a música “Black Hole Sun” em uma rádio lá pelo ano de 1994 e decidi procurar pelo material da banda. É um disco que eu não escutava já há algum tempo, mas sempre me passa um belo filme na cabeça deste redator saudosista quando eu escuto, e este disco foi um dos muitos que embalaram a trilha sonora da minha adolescência, além de ter ajudado a formar o meu caráter.

Hoje não temos mais o Soundgarden em ação, não temos mais o talento do icônico Chris Cornell entre nós, ele que cometeu suicídio em 18 de maio de 2017. Mas o legado da banda está ai, este disco tem o seu valor e que merece a atenção do fã que curte um Rock and Roll honesto, bem tocado e por vezes, pesado, com muito Groove e bebendo na mesma fonte que um certo quarteto que criou o Heavy Metal, lá de Birminghan. Esse álbum envelhece cada vez melhor e é digno de toda celebração. Não esqueça de se vacinar, de tomar as doses de reforço, e siga usando a máscara, ainda que alguns lugares tenham flexibilizado ou até mesmo liberado o uso. Vamos nos proteger, pois a pandemia ainda não acabou e somente com nossos cuidados poderemos voltar a ver nossos ídolos de volta nos palcos.

Superunknown – Soundgarden

Data de lançamento: 08/03/1994

Gravadora: A&M

 

Faixas:

01 – Let me Drown

02 – My Wave

03 – Fell on Black Days

04 – Mailman

05 – Superunknown

06 – Head Down

07 – Black Hole Sun

08 – Spoonman

09 – Limo Wreck

10 – The Day I Tried to Live

11 – Kickstand

12 – Fresh Tendrils

13 – 4th of July

14 – Half

15 – Like Suicide

16 – She Likes Surprise (Bônus Track)

 

Formação:

Chris Cornell – Vocal/Guitarra

Kim Thayik – Guitarra

Ben Shephred – baixo

Matt Cameron – Bateria

Participações especiais:

April Acevez – Viola em “Half“

Artis the Spoonman – Colheres em “Spoonman“

Michael Beinhorn – Piano em “Let me Drown“

Justine Foy – Violoncelo em “Half“