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Jethro Tull em São Paulo: Too old to rock and roll? No Way!

Jethro Tull em São Paulo: Too old to rock and roll? No Way!

14 de abril de 2024


(Nota da Redação: A banda não permitiu registro fotográfico do show, por isso a foto que ilustra este texto é de nosso editor-chefe feita 10/10/2017. Ian Anderson, líder da banda inglesa Jethro Tull, em apresentação no Teatro Bradesco, em São Paulo, em 10 de Outubro de 2017, como parte da turnê mundial The Best of Jethro Tull by Ian Anderson. Crédito: Carlos Pupo/Headbangers News

Após quase sete anos, Ian Anderson e sua trupe retornam ao Brasil para a turnê “The Seven Decades”, que simboliza as sete décadas pelas quais o Jethro Tull passou na ativa. Com shows marcados em Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e o encerramento no Vibra São Paulo que recebeu um excelente público.

Logo na entrada, avisos informavam que, por orientação da banda, era terminantemente proibido a utilização de celulares e câmeras durante o show pois os flashes desconcentrariam os músicos.

Sem muitas firulas, iniciam o primeiro ato de forma especial com “My Sunday Feeeling”, afinal estamos falando da canção que abre o álbum de estréia “This Was” (1968) e tocar na sequencia “We Used To Know”, pérola de “Stand Up” (1969), já deixa qualquer fã feliz,

Se este começo mostra que o show será especial, a década seguinte é relembrada com duas canções do excelente “Heavy Horses” (1978), a faixa título e “Weathercock”.

É chegada a hora de revisar as décadas posteriores: “Roots To Branches” (1995) e a instrumental “Holly Herald” de “The Jethro Tull Christmas Album” (2003). Detalhe: esse foi o último lançamento antes da ótima dobradinha “The Zealot Gene” (2022) e “RökFlöte” (2023) – representados pela ‘pesada’ “Wolf Unchained” e “Mine Is The Mountain”. O encerramento do primeiro ato é com uma releitura de Johann Sebastian Bach, “Bourrée In E minor”, curiosamente o momento de maior participação do público até então.

Ian Anderson, do alto dos seus 76 anos, é um verdadeiro maestro brincando e contando histórias entre as canções. Único membro original, é impossível dissocia-lo de sua inseparável flauta e sua voz ainda suporta o show sem muitos percalços.

Nesse intervalo, ouvi alguns fãs comentando que Martin Barre – guitarrista que entrou para a banda em 1968 permanecendo até 2012 – faz falta. Essa não é uma crítica ao seu substituto, pois os músicos atuais são excelentes e executam as músicas com perfeição, mas realmente seria mais emocionante ver este show com a presença de Mr. Barre.

A banda retorna para o segundo ato com “Farm On The Freeway”, lindíssimo tema de “Crest Of A Knave” (1987) e é seguida por “The Navigator”, canção do ultimo álbum.

“Warm Sporran”, outro tema instrumental, passou uma sentimento de leveza que continuou com “Mrs. Tibbetts” e “Dark Ages”, apesar de Ian Anderson te-las classificadas como “depressivas” – e realmente são canções com letras bem melancólicas e tratam de temas sensíveis como guerras e o fim dos tempos que, conforme ele disse: “pode ser na próxima semana ou algum outro dia”.

Se a plateia até agora assistia ao show de forma reverenciada, tudo muda nos primeiros acordes de “Aquadiddley”, uma introdução que vai em um crescente até desaguar no maior clássico da banda e um dos maiores da história: “Aqualung”, Executada de forma um pouco diferente – senti falta do conhecido riff antes da primeira frase “sitting on a park bench” – algumas pessoas demonstraram uma certa estranheza, mas sem diminuir o entusiasmo ao final do show.

Antes do encore, o telão exibiu um aviso de que celulares e cameras estavam ‘liberados’ e o que se viu foi um mar de telas em “Locomotive Breath”, clássico que encerra a apresentação.

56 anos de estrada, 23 álbuns lançados…não deve ser fácil escolher o repertório de uma banda como o Jethro Tull. Inclusive, ouvi na saída alguns comentários como “show magnífico, mas senti falta de….”. Com uma configuração de palco que deixava os músicos próximos e um telão exibindo imagens conforme o tema, esse show passou um sentimento intimista e deixou no ar um desejo de breve regresso para “tocar as que faltaram nesse”.

Formação:

Ian Anderson: vocal, flauta

David Goodier: baixo

John O’Hara: teclados

Scott Hammond: bateria

Jack Clark: guitarra

 

Setlist

Ato 1:

My Sunday Feeling
We Used to Know
Heavy Horses
Weathercock
Roots to Branches
Holly Herald
Wolf Unchained
Mine Is the Mountain
Bourrée in E minor

 

Ato 2:

Farm on the Freeway
The Navigators
Warm Sporran
Mrs Tibbets
Dark Ages
Aquadiddley
Aqualung

Encore

Locomotive Breath