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Memory Remains: Asesino – 16 anos de “Cristo Satánico”, muita fúria em forma de música e a participação de Andreas Kisser

Memory Remains: Asesino – 16 anos de “Cristo Satánico”, muita fúria em forma de música e a participação de Andreas Kisser

18 de julho de 2022


Em 18 de julho de 2006, o Asesino lançava “Cristo Satánico“, o segundo e até então último álbum lançado por este trio, capitaneado por Dino Cazares. Este é apenas um de seus vários projetos e o álbum homenageado de hoje é uma pérola do Grindcore contemporâneo e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Para quem ainda não conhece, o projeto conta ainda com o baixista Tony Campos, que usa aqui o pseudônimo de Maldito e que atualmente toca na banda dos irmãos Cavalera. O fator mais interessante é que tanto ele quanto Dino Cazares estão no lineup da atual turnê dos brasileiros, chamada Return to Roots, onde o álbum “Roots” é homenageado. A turnê está passando pela América Latina e com previsão de chegada ao Brasil no início de agosto. A relação dos membros do Asesino com o Brasil é ainda maior, pois aqui em “Cristo Satánico“, ninguém menos que Andreas Kisser participa em algumas faixas. Mas ele utilizou o Pseudônimo Sepulclo, por problemas de liberação da gravadora com a qual ele tinha contrato à época.

A banda havia vinha do álbum de estreia, “Corridos de Murete“, lançado quatro anos antes e se o disco não havia sido tão bem sucedido, a ideia era se superar. O aniversariante não só conseguiu a façanha, até com relativa facilidade, como também se consolidou como um disco “cult” do estilo. Então eles foram ao “Undercity Studios“, em Los Angeles, por onde ficaram durante o mês de janeiro de 2006. Dino Cazares assinou a produção. Logan Mader atuou como engenheiro de som e Roy Mayorga atuou também no design sonoro. Vamos lá passear pelas dezessete faixas presentes aqui.

Advertencia” é uma pequena intro onde o ouvinte recebe uma advertência mesmo acerca do teor lírico, que gira por temas como estupro, satanismo, morte, horror. Logo logo entram os riffs matadores de “Regressando Odio“, além do bumbo duplo de El Sadistico. Temos a participação de El Odio, Pseudônimo de Jamey Jasta. Se é difícil escolher o melhor momento do play, essa música certamente está entre os melhores. Em menos de três minutos eles chegam com o pé na porta.

Maldito” mantém a pegada matadora com riffs animais, que se revezam entre rápidos e arrastados, além uma bateria insana e toques atmosféricos no meio da faixa. “Rituales Salvajes” começa com riffs arrastados e muito peso, mas logo descamba para o Deathgrind mais brutal. Aqui temos a primeira participação de Andreas Kisser, no solo. Excelente.

Yo No Fui” mantém o nível do álbum nas alturas, com muito peso e técnica, além de brutalidade extrema. A seguir, a melhor faixa de todo o play: “Padre Pedofilio“, arrastada, com riffs medonhos e muito, mas muito peso. Perfeita. São apenas dezesseis minutos e parece que fomos atropelados por três carretas desgovernadas. “Enterrado Vivo” é a faixa número sete e mantém o massacre sonoro, com riffs rápidos e bateria na velocidade da luz.

Puta Con Pito?” é rápida, brutal e ríspida, lembrando demais o Brujeria, porém, muito mais técnico. “Adelitas” tem ótimos riffs em sua intro e nas estrofes os riffs causam hipnose no ouvinte. Impressionante como Dino Cazares é uma máquina de fazer riffs, como alguns outros poucos na cena de modo geral. O bumbo duplo de El Sadistico também aparece e abrilhanta ainda mais as coisas por aqui.

A metade final do play tem início com outra música poderosa: “Twiquiado“, que tem os melhores riffs de todo o play e mais uma participação de Andreas Kisser, deixando seu solo mais uma vez. É música em puro estado bruto. O que é melhor é que além de pesada e brutal, é complexa. De todas as faixas com vocal, essa é a mais extensa do disco. Depois dessa pedrada, temos outra, para acabar de destruir tudo: “Perro Primero” deixa tudo ainda mais caótico com seu peso e velocidade. Andreas Kisser participa pela última vez com mais um solo por aqui.

Sadistico” traz riffs arrastados e que se destacam entre os melhores do play. Um baita som. “Batalla Final” trava uma batalha entre as guitarras de Dino Cazares com a bateria de Emílio Marquez, os dois são completamente responsáveis por toda a destruição não só neste som, mas no disco por inteiro.

A faixa título é uma instrumental que perdura por mais de seis minutos e é uma réplica dos riffs tocados na faixa “Sadistico“, só que não são tocados na guitarra, e, portanto, sem a distorção que deixa a música fantástica. É uma faixa que pode ser ignorada, caso o ouvinte queira. Eu, particularmente, deixo-a rolar sem problemas. A faixa final, “Y Tu Mamá También” é, digamos, uma espécie de balada pra lá de escrachada, que barra a história de um homem que narra uma canção de amor para sua companheira… Porém, na verdade ele se declara para a mãe da moça. Nesta faixa temos uma voz feminina, cuja performance é de uma menina que usou o pseudônimo de “La Metralladora“. Infelizmente nós pesquisamos, mas não conseguimos encontrar a real identidade da moça.

Os caras incluíram duas faixas bônus e ambas são do Brujeria: “Misas Negras” e “Matando Güeros“. Elas foram originalmente lançadas no álbum de estreia do Brujeria, “Matando Güeros” (1993). Recentemente nos falamos deste disco e você pode conferir a nossa ode a esse texto clicando AQUI. A primeira faixa é rápida e ficou ainda mais mortal do que a original, enquanto que a segunda também superou a versão de quase trinta anos atrás. Assim encerramos essa audição simplesmente arrebatadora.

Em pouco mais de 50 minutos temos um disco pesado, triturador, ao mesmo tempo tenso por suas letras, que embora não sejam reais, mostram um mundo cruel. É um disco que merece estar na primeira estante entre os melhores da história da música extrema. Oficialmente, a banda segue na ativa, inclusive, no último mês eles andaram fazendo shows para comemorar os vinte anos do primeiro álbum. Entretanto, este “Cristo Satánico” é até o momento o último álbum lançado pelo trio que canta em espanhol, mas que é originário da Califórnia.

Enquanto eles não se reúnem para um novo play, que terá a difícil missão de superar o homenageado do dia, nós vamos aguardando a passagem de Dino Cazares e Tony Campos, que juntamente com os irmãos Cavalera prometem estremecer as estruturas da cena. Hoje é dia de escutar esse play no volume máximo, para desespero daquele seu vizinho que gosta de ouvir Anitta, Ludmilla ou Wesley Safadão.

Asesino – Cristo Satánico

Data de lançamento – 18/07/2006

Gravadora – Koolarrow Records

 

Faixas:

01 – Advertencia

02 – Regressando Odio

03 – Maldito

04 – Rituales Salvajes

05 – Yo No Fui

06 – Padre Pedofilio

07 – Enterrado Vivo

08 – Puta Con Pito?

09 – Adelitas

10 – Twiquiado

11 – Perro Primero

12 – Sadistico

13 – Batalla Final

14 – Cristo Satánico

15 – Y Tu Mamá También

Bônus Tracks:

16 – Misas Negras (Brujeria cover)

17 – Matando Güeros (Brujeria cover)

 

Formação:

Asesino (Dino Cazares) – guitarra

Maldito X (Tony Campos) – baixo/ vocal

El Sadistico (Emilio Marquez) – bateria

Participações especiais:

El Odio (Jamey Jasta) – vocal em “Regressando Odio”

Sepulclo (Andreas Kisser) – guitarra solo em “Rituales Salvajes”, “Twiquiado” e “Perro Primero”

Santos – Backing vocal em “Rituales Salvajes” e “Y Tu Mamá También”

La Ametralladora – vocal feminino em “Y Tu Mamá También”