Memory Remains

Memory Remains: Carcass – 29 anos de “Swansong” e o adeus temporário da banda

10 de junho de 2025


Há 29 anos, em 10 de junho de 1995, o Carcass lançava “Swansong“, o quinto álbum da banda britânica, o último antes da separação. Esse play é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.

Após o lançamento do clássico “Heartwork“, a banda perdeu o guitarrista Michael Amott e assinou um contrato com uma gravadora grande, a Columbia, que claro, esperava sucesso comercial (N. do R: baseada em vozes da cabeça, já que uma banda de Metal extremo dificilmente seria certificada com Disco de Ouro por vendas). No ápice da viagem dos executivos, eles exigiram até que Jeff Walker mudasse seu estilo de cantar. A gravadora deu um adiantamento de US$ 200 mil para a gravação do álbum e em 1994, eles tinham 17 canções prontas, duas delas, inclusive, já haviam sido tocadas em shows da banda: “Firm Hand” e “Edge of Darkness“. Somente a primeira acabou por entrar no álbum.

Entretanto, a Columbia estava bem insatisfeita com as composições apresentadas pelo quarteto e exigia que eles escrevessem mais músicas, ideia que felizmente foi ignorada por todos. Então eles se juntaram no Rockfield Studios, entre os meses de fevereiro e abril de 1995, na companhia do produtor Colin Richardson. Doze das dezessete canções foram as escolhidas para entrar no play e como foi contrariada, a Columbia foi retirando o apoio financeiro que estava dando ao Carcass, o que fez com que o lançamento do álbum fosse retardado. Esse adiamento fez com que a banda perdesse uma oportunidade de fazer shows como banda de abertura para o Iron Maiden na turnê do álbum “The X-Factor“, onde a banda de Steve Harris apresentava ao mundo seu novo vocalista, Blaze Bayley. Isso certamente iria representar uma visibilidade maior ao Carcass.

Com todo esse imbróglio, a banda retornou para a Earache Records, assinando um novo contrato e recebendo novamente para fazer um álbum que já estava pronto, o que Jeff Walker declarou como sendo “a segunda grande farsa do Rock and Roll”. “Swansong” mostra o Carcass mais uma vez na vanguarda. Se anos antes eles foram os pioneiros do chamado Death Metal melódico, em “Swansong“, provavelmente eles foram os primeiros a lançar um álbum em uma nova vertente: o Death N’ Roll. O guitarrista Carlo Regadas estreou aqui em “Swansong“, onde não só gravou, mas é creditado como autor de três das canções contidas aqui.

A nova abordagem musical vinha muito em razão da perda do interesse do guitarrista Bill Steer pelo Heavy Metal. Paralelamente à gravação do álbum, a banda regravou o instrumental da música “Isobel“, de Björk, com o vocal da cantora que entrou em seu single “Hyperballad“. O baterista Ken Owen afirma que este é o álbum definitivo do Carcass, enquanto que Jeff Walker defende que o álbum deveria ter sido lançado com todas as dezessete canções, em formato duplo. Enfim, eram os conflitos que levaram a banda a se separar.

Bolacha rolando, temos uma grata surpresa, já que o Carcass é uma banda que provou que conseguiu se reinventar sem se perder. Quem escutou o álbum “Reek of Putrefaction” até acha que o nosso aniversariante do dia é tocado por outra banda, só que não. O Death ‘N’ Roll apresentado pelo Carcass se mostrou muito bem feito e nos 41 minutos de duração, podemos destacar as faixas “Keep on Rotting in a Free World” (uma zoação com a famosa canção de Neil Young), “Tomorrow Belongs to Nobody“, “Black Star“, “Child’s Play“, “Cross my Heart“, “Firm Hand” e “Go to Hell“.

Apesar das boas vendagens e de aparições nas paradas de sucesso, como a 46ª posição na categoria US Heatseekers, da “Billboard” e a 33ª posição nas paradas finlandesas, o Carcass se separou antes mesmo que “Swansong” fosse lançado. Esse hiato perdurou até o ano de 2007, quando retornaram para nunca mais se separar. E o retorno não poderia ser em um outro lugar, a não ser no Wacken Open Air, que à época era o principal festival de Metal do mundo, até hoje continua a ser, mas agora tem outros festivais igualmente gigantes.

Hoje o play é pouco lembrado pela banda nos shows ao vivo, mas é inegável que se trata de um grande disco e que merece ser celebrado com toda a pompa. O Carcass esteve no Brasil em 2024 para se apresentar na segunda (e última) edição do Summer Breeze Brasil e isso nos deixa mais satisfeitos não só com a continuação da banda, que infelizmente não conta mais com a presença de Ken Owen, pois ele sofreu uma hemorragia cerebral em 1999, que comprometeu sua capacidade de tocar. Enquanto celebramos mais um ano deste discaço que vai envelhecendo muito bem, obrigado, vamos aguardando o álbum que vai suceder o ótimo “Torn Arteries“, último play que o Carcass nos apresentou, no ano de 2021.

Swansong – Carcass

Data de lançamento – 10/06/1996

Gravadora – Earache Records

 

Faixas:

01 – Keep On Rotting in the Free World

02 – Tomorrow Belongs to Nobody

03 – Black Star

04 – Cross My Heart

05 – Child’s Play

06 – Room 101

07 – Polarized

08 – Generation Hexed

09 – Firm Hand

10 – R**k the Vote

11 – Don’t Believe a Word

12 – Go to Hell

 

Formação:

Jeff Walker – baixo/ vocal

Bill Steer – guitarra

Carlo Regadas – guitarra

Ken Owen – bateria