Memory Remains

Memory Remains: Metallica – 37 anos de “Master of Puppets” e a tragédia que abalou a banda

Memory Remains: Metallica – 37 anos de “Master of Puppets” e a tragédia que abalou a banda

3 de março de 2023


Há 37 anos, em 03 de março de 1986, o Metallica lançava aquele que é considerado por muitos, não só o melhor álbum da banda, mas do Thrash Metal de maneira geral. “Master of Puppets” é o tema do nosso Memory Remains desta sexta-feira. Vamos desbravar um pouco da história deste clássico supremo.

O álbum trava uma batalha com outro peso-pesado, o não menos espetacular “Reign in Blood“, do Slayer, curiosamente lançado também no ano de 1986. Alguns consideram o álbum do Metallica o melhor, outros consideram o do Slayer. A ideia aqui não é criar uma competição entre os discos, pois ambos têm uma importância bastante significativa para o Thrash Metal, para a região da Bay Area, de San Francisco, tanto que anos depois ambas as bandas se juntaram ao Megadeth e ao Anthrax no chamado The Big 4, ainda que a ideia de resumir o Thrash Metal a apenas 4 super bandas seja bastante injusto, pois se a gente enumerar as bandas importantes do estilo, a gente vai chegar em pelo menos 4 dúzias delas. E hoje não é esse o tema em discussão.

A banda vinha de uma baita evolução em seu segundo disco: “Ride the Lightning“, que é o meu preferido da discografia deles, mostrava uma banda bem mais técnica e madura em relação ao debut, “Kill’em All” (1983), no qual o quarteto emergia de uma maneira agressiva, porém, crua, inexperiente (normal) e por vezes até inocente demais, o que não diminui o mérito e a qualidade daquele álbum.

Mas os caras se superaram e neste álbum eles juntaram as qualidades dos dois álbuns anteriores, acrescentada da experiência que a banda pegou na estrada e o resultado é essa obra-prima que se tornou o aniversariante do dia e que ajudou a marcar o ano de 1986 como o melhor, disparado, da história do Heavy Metal de uma maneira geral, quando tivemos inúmeros lançamentos acima da média.

A banda então viajou até o país natal do baterista Lars Ulrich, e acompanhada do produtor Flemming Rasmussen, a banda gravou a bolacha, no “Sweet Silence Studios”, na capital Copenhague, por onde eles ficaram entre os meses de setembro e dezembro de 1985. Como o leitor já está acostumado, vamos dissertar sobre cada uma das oito maravilhosas faixas que compõem este petardo.

A abertura se dá com “Battery“, que tem em sua intro, um violão com influências de música espanhola e que logo vira uma música veloz, agressiva, maravilhosa. “Master of Puppets” é pesada, com várias partes diferentes, sem tirar o pé do acelerador na maior parte de sua duração, aplicando muita técnica, sobretudo das guitarras. Um verdadeiro clássico e que é obrigatória a sua execução nos shows da banda até os dias atuais.

The Thing That Should Not Be” é densa, pesada, calcada nos riffs de guitarra, onde James Hetfield tem um de seus pontos altos enquanto guitarrista base. “Welcome Home (Sanitarium)” é uma espécie de balada pesada da banda, muito boa, onde no solo a música cresce.

Disposable Heroes” tem um andamento mais arrastado, mas no refrão os caras tratam de pisar fundo no acelerador. A música lembra muito as faixas de “Ride the Lightning”. Já “Leper Messiah” é uma das minhas favoritas deste disco (eu gosto de todas, mas essa se destaca um pouco mais), por ela ser pesada, por ter riffs maravilhosos, por ser densa.

O final do disco se dá com as minhas duas favoritas, de forma igual: a instrumental “Orion“. Tudo aqui nesta faixa é perfeito: os riffs, o peso, Cliff Bruton dando seu espetáculo. Fiquei muito surpreso e emocionado quando eles executaram esta música no “Rock in Rio” de 2011 e dedicando a música a Cliff. Eu não estava in loco, mas foi emocionante assistir pela TV. E você, caro leitor, pode conferir o vídeo abaixo.

E finalizando, “Damage Inc.”. Velocidade, peso e agressividade, tudo em uma perfeita sincronia. Para fechar com chave de ouro um disco perfeito, em que nada precisaria ser acrescentado ou retirado. Existe uma versão do Dream Theater, com o vocalista do Napalm Death, Mark Barney Greenway, em que eles tocam esta música e a precisão da banda é uma coisa fantástica, eles conseguiram melhorar o que já era perfeito.

Este disco é cultuado por 12 em cada 10 fãs do Metallica e o fã mais radical vai dizer que a banda acabou após este lançamento. Eu não diria isso, eu consigo ainda escutar até o “Load“, porém, depois do “Master of Puppets’, eu concordo que a banda não foi mais a mesma, muito embora ela tenha atingido a sua maturidade musical e de composição no “Álbum Preto”, porém, ali a banda já não fazia mais aquele Thrash Metal que encontramos aqui, puro, cristalino e influenciador.

Nos charts mundo afora, “Master of Puppets” teve um bom desempenho: 7° na Finlândia, 8° em Portugal, 12° na Alemanha, 14° na Suécia, 17° na Holanda, 18° na Suíça, 26° na Escócia e na Espanha, 27° na Áustria, 28° no Canadá; na “Billboard 200”, chegou ao 29° lugar, a melhor dentre os três primeiros álbuns da banda, sendo que na subcategoria US Top Rock Albuns, o álbum chegou a 7ª posição; 30° na Hungria e na Noruega, 33° na Austrália e Nova Zelândia, 41° no Reino Unido, 42° na Irlanda, 65° na Itália, 87° no Japão, 94° na Bélgica e 111° na França. Foi certificado com Disco de Ouro na Itália e na Bélgica, Platina na Argentina, Austrália, Finlândia, Alemanha, Nova Zelândia, Polônia e Reino Unido, além de 6 vezes Platina nos Estados Unidos e Canadá.

Ozzy Osbourne afirmou certa vez que “Master of Puppets é o que se fez de melhor no Heavy Metal.” O disco foi eleito pela revista inglesa “Metal Hammer” e pelo site “Music Radar” como o melhor disco do estilo de todos os tempos. A revista “Kerrang!” elegeu o disco como o sétimo maior da história do Heavy Metal. Eu classifico, como disse no terceiro parágrafo, o melhor disco de Thrash Metal da história e um dos maiores do Heavy Metal. Particularmente, meu álbum favorito do Metallica é o “Ride the Lightning“, mas o aniversariante do dia chega bem perto na minha preferência.

O play foi lançado pela gravadora Elektra, pela segunda vez. Quanto a minha relação com este disco, é muito especial, eu conheci lá no ano de 1997, na casa de um grande amigo, fã de Metallica até os dias atuais, e esta bolacha rolou muitas vezes que eu ia visitá-lo. Certamente este amigo me influenciou a virar um admirador da banda.

Em 2006, o Metallica saiu em turnê tocando este clássico na íntegra. Dois anos antes, DreamTheater gravou um disco ao vivo, na qual este clássico foi também executado na íntegra. Uma amostra de que mesmo sendo um clássico do Thrash Metal, ele recebeu as merecidas homenagens de uma banda de Progressive Metal.

Infelizmente, o disco é marcado pela maior tragédia da banda, pois foi durante a turnê de “Master of Puppets” que aconteceu o terrível acidente de ônibus que fez do baixista Cliff Burton uma vítima fatal, em 27 de setembro de 1986, na Suécia. Então esse álbum foi o último registro de Cliff, que ainda deixara escrito a faixa “To Live is to Die”, esta acabou entrando no álbum posterior, “…And Justice for All“, lançado em 1988.

E assim, este disco, onde James Hetfield e Cliff Burton deram um espetáculo e em que Kirk Hammet e Lars Ulrich não comprometeram, vai completando mais um aniversário, e é um álbum que nunca envelhecerá! Seguirá influenciando gerações e gerações. Confesso que sinto saudades desta época da banda, saudosista confesso que sou. E aqui vou reverenciando um disco que merece todos os louros. Viva o Metallica. Viva o “Master of Puppets“. Vamos escutá-lo no volume máximo para exaltar a data.

Master of Puppets – Metallica

Data de lançamento: 03/03/1986

Gravadora: Vertigo

 

Faixas:

01 – Battery

02 – Master of Puppets

03 – The Thing That Should Not Be

04 – Welcome Home (Sanitarium)

05 – Disposable Heroes

06 – Leper Messiah

07 – Orion

08 – Damage Inc.

 

Formação:

James Hetfield – Vocal/Guitarra base

Lars Ulrich – Bateria

Kirk Hammet – Guitarra solo

Cliff Burton – Baixo