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Nos EUA, vendas de discos de vinil ultrapassam as de CDs pela primeira vez em 36 anos

Nos EUA, vendas de discos de vinil ultrapassam as de CDs pela primeira vez em 36 anos

12 de março de 2023


Carlos Pupo/Headbangers News

De acordo com o relatório de fim de ano da Associação da Indústria Fonográfica dos Estados Unidos (RIAA), o vinil superou o CD em vendas pela primeira vez em 36 anos no país. O resultado é o ponto culminante de mais de uma década de crescimento nas vendas de vinil, que têm aumentado constantemente nos últimos 16 anos.

Em 2022, foram vendidos 41 milhões de discos de vinil, em comparação com 33 milhões de CDs, contextualizando a popularidade do formato. Mitch Glazier, presidente e CEO da RIAA, afirmou que o estudo prova que o vinil está se estabelecendo como elemento do mercado musical moderno.

Segundo Glazier, “os amantes da música claramente não se cansam do som de alta qualidade e da conexão tangível com os artistas que o vinil oferece e as gravadoras atenderam a essa demanda com um fluxo constante de exclusividades, reedições especiais e embalagens e discos lindamente elaborados”, conforme relatado pelo site “Unilad”.

O renascimento do vinil nos Estados Unidos é alimentado especialmente por fãs de indie rock que acreditam que o formato oferece um som superior e por jovens consumidores atraídos pela nostalgia das vitrolas, segundo o “Wall Street Journal”.

Embora a indústria da música seja agora predominantemente impulsionada pelo streaming em plataformas como o Spotify, o relatório da RIAA prova que as pessoas ainda gostam de possuir cópias físicas dos trabalhos de seus artistas favoritos. O streaming representou 84% da receita da indústria fonográfica no mesmo relatório.

Carlos Pupo/Headbangers News

O ressurgimento do vinil

A compra de discos de vinil tem experimentado um ressurgimento nos últimos anos, após uma queda acentuada na popularidade na década de 1980 e 1990 com a ascensão de outros formatos de música, como CDs e música digital.

Há vários fatores que contribuíram para este ressurgimento da popularidade do vinil. Um deles é a busca por uma experiência de escuta mais imersiva e autêntica. Muitos colecionadores de música e entusiastas apreciam a sonoridade única do vinil, bem como a sensação de “tangibilidade” de segurar e manipular o disco físico. Além disso, o processo de ouvir música em vinil, como colocar o disco, usar um toca-discos e ajustar a agulha, é considerado por muitos como uma forma mais lenta e consciente de ouvir música, ao contrário da conveniência da música digital.

Outro fator importante é a questão estética. Discos de vinil são frequentemente vendidos com belas capas de álbum e arte, o que os torna peças colecionáveis e desejáveis para os amantes de música e design.

Finalmente, há uma crescente nostalgia pela época do vinil, especialmente entre os consumidores mais velhos que cresceram com esse formato. Este sentimento de nostalgia pode ser alimentado por lembranças de momentos e experiências ligadas a discos de vinil, bem como por uma sensação de perda da “alma” da música com a ascensão da música digital.

A compra de discos de vinil tem experimentado um ressurgimento devido a uma combinação de fatores, incluindo uma busca por uma experiência de escuta mais imersiva e autêntica, a questão estética, e uma crescente nostalgia pela época do vinil.

Muitas lojas especializadas em música e varejistas de todo o mundo relataram um aumento na procura de discos de vinil durante a pandemia de COVID-19, com as pessoas procurando novas formas de entretenimento enquanto passavam mais tempo em casa.

Carlos Pupo/Headbangers News

A Geração Z pode ser responsável por parte desta retomada

A geração Z, que é composta por pessoas nascidas entre 1997 e 2012, tem mostrado um interesse crescente pelos discos de vinil nos últimos anos. Há várias razões que podem explicar esse aumento de interesse:

Experiência física: A geração Z é conhecida por ter crescido com tecnologias digitais, como smartphones e laptops, e pode estar procurando uma experiência mais tangível e menos imaterial. Tocar discos de vinil oferece a essas pessoas a oportunidade de se conectar com a música de uma maneira mais física e tangível.

Qualidade de som: Muitos membros da geração Z acreditam que a qualidade de som dos discos de vinil é superior à dos formatos digitais, como CDs e arquivos MP3. Eles apreciam a sonoridade quente e orgânica que é característica dos discos de vinil e que não pode ser duplicada por formatos digitais.

Arte e estética: Além da qualidade de som, muitos membros da geração Z apreciam a arte e a estética dos discos de vinil. As capas de LP são consideradas verdadeiras obras de arte e muitas pessoas gostam de colecionar discos de vinil como objetos artísticos.

Nostalgia: A geração Z tem sido exposta a muitas influências culturais dos anos 1960, 1970 e 1980 através da música, da moda e do cinema. Eles podem estar procurando conectar-se com essas influências através da música em formato de vinil, o que é uma parte importante da história musical dessas décadas.

Rejeição à conveniência digital: A geração Z pode estar se cansando da facilidade e da conveniência dos formatos digitais, e procurando uma experiência mais significativa e menos superficial. Tocar discos de vinil requer mais esforço e dedicação do que simplesmente apertar um botão para reproduzir música, e isso pode ser uma parte atraente da experiência para muitas pessoas.

Mas em quê consiste o disco de vinil?

O disco de vinil é um tipo de mídia de áudio que foi desenvolvido no início do século XX e tornou-se extremamente popular nos anos 1950 e 1960. O disco de vinil consiste em uma lâmina de plástico (geralmente de policarbonato) revestida com uma camada fina de material magnético, que é então cortada com ranhuras para armazenar as informações de áudio.

A primeira versão do disco de vinil foi lançada em 1948, mas a popularidade real do formato só aumentou após a introdução do “LP” (Long Play) em 1948, que permitia que mais música fosse colocada em um único disco. Nos anos seguintes, o disco de vinil tornou-se o formato padrão para o comércio de música e o formato preferido para colecionadores de música.

No entanto, com a introdução do CD (compact disc) na década de 1980, a popularidade do disco de vinil começou a declinar. O CD oferecia uma qualidade de som superior e era mais resistente a arranhões e poeira, o que tornou o formato mais atraente para os consumidores. Embora o disco de vinil tenha continuado a ser usado por muitos entusiastas de música ao longo dos anos, sua participação no mercado foi progressivamente diminuindo.

Assista a série “A Menina que Colecionava Discos” que visita a fábrica da Vinil Brasil e mostra como são fabricados os discos de vinil.