Resenhas

Saline

Dead Hazards

Avaliação

10

Direto de Greenwich para os amantes do grunge raiz, Saline é o álbum de estreia do Dead Hazards que soa como uma carta de amor ao grunge — só que mais suja, mais densa e mais atual que nunca. Um achado para quem ainda sente falta da angústia com distorção dos anos 90.

Atenção, órfãos de Layne Staley, o universo ouviu nosso clamor. Diretamente das brumas industriais de Greenwich, Londres, surge o Dead Hazards — um quarteto misterioso que, com o álbum Saline, entrega uma das experiências mais próximas que já tivemos de um novo Alice in Chains… sem ser cópia barata. É como tropeçar numa fita cassete esquecida nos anos 90, só que com violino elétrico, ambiências de floresta sombria e um peso que parece vir de uma pedreira abandonada.

Desde a abertura com “Rerouting”, a coisa é escancarada: o timbre, o groove, o vocal arrastado e cheio de harmonia torta — é grunge puro com pedigree. A vibe Seattle está toda aqui, pulsando e mais autêntica do que muito revival por aí. “Who’s Invited” mantém a chama acesa, mas é com “Remorse” que a banda grita: “Sim, amamos Alice in Chains e não temos vergonha disso!”. O resultado é uma faixa melancólica e raivosa, que poderia muito bem ter entrado em Jar of Flies”.

E o que dizer de “Unpaid Tolls”? Um riff de aço, direto ao crânio. Já “Took A Loan” traz peso com contemplação, antes de “Prime” derrubar a porta com um baixo pantanoso que parece mastigar concreto. E então vem “Endless Delay”, com violoncelo/violino, dissonâncias e aquela dualidade vocal que fez o mundo amar Layne e Cantrell — aqui, atualizada e personalíssima.

A sequência “Mold”, “Crippling Faith” e “Lazyeye” mostra a banda brincando com jazz, violão acústico e psicodelia prog sem nunca largar o cheiro de gasolina e mofo. “Hauling Back” cresce em raiva e caos; “Tourist Trap” é uma versão acústica de melancolia. E quando “Excess” encerra o álbum, perturbadora e cinzenta, a ficha cai: a gente acaba de descobrir um novo Alice in Chains — com voz própria, sim, mas com a mesma alma partida em dois.

Para quem viveu os anos 90 ou só nasceu na década errada, Saline é aquele disco que te encontra e não solta mais. Dica do dia: coloque nos fones, feche os olhos, e deixe a lama grunge te cobrir de novo. Você não vai se arrepender. Ouça agora!