Memory Remains

Memory Remains: Black Sabbath – 46 anos de “Never Say Die!” e a despedida da formação original em estúdio

28 de setembro de 2025


A última semana de setembro é especial para o Black Sabbath: na quinta-feira, tivemos os álbuns “Black Sabbath Vol. 4” e “Technical Ecstasy“, fazendo aniversário e hoje é dia de celebrar o álbum de despedida da primeira passegam de Ozzy Osbourne na banda, “Never Say Die!“, o oitavo álbum dos pais do Heavy Metal, lançado nesta data, há 46 anos atrás e que é tema do nosso Memory Remains deste domingo.

Se o início da década de 1970 foi o auge do Black Sabbath que surgia junto com o Heavy Metal, o estilo que eles próprios criaram, a metade final era bem caótica: briga jurídica com empresários, saída e retorno de Ozzy para depois uma demissão definitiva, mudança na sonoridade. É assim que podemos definir o aniversariante do dia.

O play de hoje tem duas datas de lançamento distintas: 28 de setembro é a data de lançamento nos Estados Unidos e no Reino Unido foi lançado no primeiro dia do mês de outubro. Foi lançado por dois selos: Warner na América e Vertigo no Reino Unido. Nós optamos pelo 28 de setembro pois é a mais utilizada como sendo a data original do lançamento.

Desde o álbum antecessor, “Technical Ecstasy“, a banda vinha enfrentando problemas tanto com seu vocalista, Ozzy, que ficaria um ano afastado, quanto com a recepção do disco, que não foi tão boa assim. Enquanto Ozzy esteve fora, a banda tentou Dave Walker, ex-Fleetwood Mac. Eles escreveram algumas letras, porém, Ozzy ao retornar para a banda, simplesmente se recusou a cantar qualquer coisa que Walker tivesse escrito e por isso a banda acabou cedendo aos caprichos do Madman e reescrevendo todo o disco. Por conta disso, Bill Ward acabou gravando os vocais na faixa “Swinging the Chain“, pois a banda também se recusou a reescrever essa faixa. Todo esse impasse resultou no atraso do processo de gravação.

Processo esse que perdurou entre os meses de janeiro e maio de 1978, no estúdio “Sounds Interchange”, em Toronto, Canadá e novamente com produção assinada pela própria banda. O Black Sabbath trouxe nove canções e duração total de 45 minutos. Podemos destacar a faixa-título, “Johnny Blade“, “Junior’s Eye“, “Shock Wave“, mas a parte final é um desastre e quase colocou tudo a perder. A receptividade foi muito fria, com críticas da imprensa e com o público sem dar muita atenção ao álbum.

Há quem goste muito deste álbum: o guitarrista do Soundgarden, Kim Thayil, cita o aniversariante do dia como sendo um dos seus discos favoritos do Black Sabbath; o guitarrista Andy LaRocque (King Diamond e Mercyful Fate) disse que foi influenciado por este play quando escreveu a parte melódica da icônica canção “Sleepless Night“; Dave Mustaine, que homenageou a banda tocando a faixa “Never Say Die!” no tributo “NIB II“, elogiou a simplicidade dos riffs de Iommi e os elegeu como seus favoritos de sempre.

Apesar dos pesares, a banda saiu em turnê, que teve relativo sucesso, porém, com alguns revezes: uma determinada apresentação precisou ser cancelada, pois Ozzy Osbourne simplesmente não apareceu. O motivo? Estava dormindo, bêbado (e provavelmente sob efeito de drogas), no quarto do hotel onde estava hospedado. Outro fator de discórdia era o fato de Tony Iommi reservar um longo tempo nas apresentações para apresentar uma performance de improvisações em sua guitarra, ele ficava por quase uma hora. Tal fato irritava Ozzy, que certa vez deu a seguinte declaração:

“Eu sempre vi o Black Sabbath como uma banda de Rock! Iommi queria dar outro segmento à banda, o Sabbath não é uma banda de Jazz, e sim de Rock!”

Pela declaração acima, podemos perceber que as coisas já não estavam boas. Mas a turnê continuou e rendeu a gravação de uma das apresentações, ocorrida no “Hammersmith Odeon”, na cidade de Londres e que foi transformada em DVD com o mesmo nome do álbum. Ainda sobre essa turnê, o Van Halen foi a banda encarregada de abrir os shows.

Apesar dos pesares, “Never Say Die!” ficou no 12° lugar nas paradas britânicas; 33° na França, na Suécia alcançou a 37ª posição, na “Billboard 200“, figurou na 69ª posição e no Canadá alcançou a posição de número 90. O disco foi ainda certificado com disco de ouro nos Estados Unidos pela venda de 500 mil cópias.

Como sabemos, Ozzy foi demitido após a turnê e cada um seguiu seu caminho: o vocalista trilhou uma carreira solo vitoriosa, enquanto que Tony Iommi carregou o Black Sabbath entre erros e acertos, mas ainda bem que não conseguiu manchar o nome e a história que ele mesmo lutou para conseguir. Para o lugar de Ozzy, seria chamado Ronnie James Dio, que também não ficou muito tempo no cargo. Nenhum outro vocalista gravou mais álbuns no Black Sabbath que Ozzy. Ele voltaria a gravar o último álbum da banda, “13“, mas “Never Say Die!” é o último álbum a contar com a formação original.

Hoje é dia de celebrar esse play, mesmo não sendo um dos melhores dos caras, carrega esse fardo de ser o último com os quatro fundadores, que se juntaram dezessete dias antes do falecimento de Ozzy para a despedida do príncipe das trevas dos palcos, que aconteceu no Back to the Beginning, no dia 5 de julho deste ano. O legado do Black Sabbath é rico e nós estamos aqui para mantê-lo vivo.

Never Say Die! – Black Sabbath

Data de lançamento – 28/09/1978

Gravadora – Warner

 

Faixas:

01 – Never Say Die!

02 – Johnny Blade

03 – Junior’s Eye

04 – A Hard Road

05 – Shock Wave

06 – Air Dance

07 – Over to You

08 – Breakout

09 – Swinging the Chain

 

Formação:

Ozzy Osbourne – vocal

Tony Iommi – guitarra

Geezer Butler – baixo

Bill Ward – bateria

 

Participações especiais:

Don Airey – teclados

Jon Elstar – harmônica em Swinging the Chain