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Peso e cadência marcam a estreia do Russian Circles no Brasil

Peso e cadência marcam a estreia do Russian Circles no Brasil

5 de abril de 2024


Crédito das fotos: Tamires Lopes/Headbangers News

Completando vinte anos de estrada neste ano, os americanos do Russian Circles, ícones do Post-Metal mundial, finalmente conseguiram incluir a América Latina em sua turnê. Divulgando Gnosis, seu último disco lançado em 2022, o trio instrumental trouxe seu show atual para Argentina, Chile, Colômbia e México, tendo como ponta pé inicial dessa parte da turnê um show único em São Paulo no Cine Joia, organizado pela Agência Powerline. O espetáculo contou com um bom número de público, mesmo com outros eventos ocorrendo na cidade na mesma quarta-feira, como o show do Riverside que, apesar de não serem do mesmo estilo, possuem públicos semelhantes. Marcado por muito peso e cadência, os americanos fizeram a alegria do público brasileiro que cada vez se alimenta desse gênero do metal.

Os responsáveis pela abertura da noite foram os paulistanos do E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, conhecido nome do post-rock instrumental da capital. Com mais de dez anos de carreira, o trio divulga seu último EP, “Linguagem”, lançado no ano passado. O público estava em baixo número no começo da apresentação, o que foi mudando com o passar do excelente show. Lucas Theodoro (guitarra e teclado), Luden Viana (guitarra) e Rafael Jonke (bateria) receberam Gabriel Arbex para fazer o baixo em suas últimas apresentações, incluindo esta data. Nesse formato, o grupo apresentou um show eletrizante, cheio de energia e potência, agradando a todos os que chegaram mais cedo ao Cine Joia. O show contou com todas as músicas do ep “Linguagem”, assim como “Pequenas Expectativas, Menores Decepções”, “PMR” e a dobradinha “Medo de Tentar” e “Medo de Morrer”. A performance de todo o grupo foi excelente, com destaque a Lucas Theodoro que, além de dizer, em nome da banda, o quão felizes estavam em tocar naquela noite, jogava sua guitarra pro alto, pulava e até tocou percussão em uma das músicas.

O público já ocupava grande parte da capacidade do Cine Joia quando os próprios membros do Russian Circles subiram ao palco para os últimos ajustes em seus instrumentos. Pontualmente às 21:30, “Ghost on High” foi colocada no som ambiente da casa, anunciando o início do show. Com todos a postos, “Station” foi a responsável por abrir o concerto pra valer, com o baterista Dave Turncrantz mostrando que não estava para brincadeira, tocando sua bateria com muita força, dando destaque ao som – e ao volume – do instrumento. Brian Cook e Mike Sullivan, baixista e guitarrista da banda, respectivamente, completavam o peso que a banda demonstra no palco, preenchendo a casa toda com seu post-metal certeiro. Dave puxou “Harper Lewis”, que teve a pesada “Conduit” na sequência. “Afrika”, mais lenta e com um tom mais sentimental em seu início, mudou o clima do show, deixando o público respirar um pouco do bate cabeça sincronizado que acontecia nas músicas anteriores. “Quartered” voltou a devolver o peso ao show, com um início estendido misturando microfonias à batida inicial da bateria.

Não faltava alegria e empolgação entre os presentes no show. A cada intervalo entre as músicas, não faltaram gritos e aplausos. Dando sequência na performance, a banda trouxe a influência de Black Metal em “Betrayl”. O trio hipnotizava a todos com sua maneira de tocar, focados em fazer uma performance de excelência, fazendo o público, novamente, bater cabeça de forma sincronizada, ao muito divertido de se assistir. Sem microfone no palco, a banda não interagia com os fãs, ficando mais quietos e concentrados, cada um em seu lugar. A introdução de “Gnosis”, faixa título do último álbum, contou com as palmas do público quando a banda tocava seu dedilhado recheado de melancolia, enquanto os riffs finais dessa música eram sincronizados com as luzes do palco. Além de chamar a atenção pela forma que tocava, Brian Cook arrancava olhares com seu peitoral peludo à mostra com sua camisa aberta. “Deficit” mostrava bem a definição do post-metal que a banda faz, recheada de peso e cadência. O curioso riff de “Youngblood” trazia à tona uma musicalidade que, mesmo mantendo as características principais do trio, soa completamente diferente das demais músicas. “Mlàdek” foi a responsável por encerrar o show, com seu riff inicial cheio de esperança. Ao fim, a banda se despediu de todos, mas saiu rapidamente do palco, novamente sem trocar uma única palavra.

Apesar de frios no quesito de interação com o público, o Russian Circles atendeu às expectativas de sua estreia no Brasil. A grande maioria dos fãs deixaram o Cine Joia com um sorriso no rosto e com a sensação de que a espera valeu a pena. Junto disso, o E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante foi a escolha certa (dentro da música instrumental) para aquecer o público. Ambos os grupos trouxeram para a noite de quarta-feira apresentações cheias de energia e som pesado, demonstrando o porquê de serem tão importantes em seus cenários musicais.

 

SETLIST – E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante

1 – Ausente

2 – Bruce Willis

3 – Pequenas Expectativas, Menores Decepções

4 – Já Não Ligo Se Tudo Der Errado

5 – Medo de Tentar

6 – Medo de Morrer

7 – Ticotuco

8 – Oblívio

9 – Infamiliar

10 – PMR

 

 

 

SETLIST – Russian Circles

1 – Station

2 – Harper Lewis

3 – Conduit

4 – Afrika

5 – Quartered

6 – Betrayal

7 – Gnosis

8 – Deficit

9 – Youngblood

10 – Mlàdek

Galeria do show