Memory Remains

Memory Remains: Napalm Death – 33 anos de “Harmony Corruption” e os flertes com o Death Metal

1 de julho de 2023


O primeiro dia de julho é emblemático para o Napalm Death, pois foi nesta data, em diferentes anos que a banda lançou dois de seus discos mais importantes. Um deles é “Scum“, de 1987. Falamos dele no ano passado e você pode ler nosso texto clicando AQUI. O outro play é “Harmony Corruption“, que hoje completa 33 anos e é tema do nosso Memory Remains deste sábado.

Neste disco, temos mudanças significativas na formação, que passaria a ser um quinteto, com três estreantes: o vocalista Mark “Barney” Greenway s os guitarristas Mitch Harris e o saudoso Jesse Pintado. Os dois primeiros junto com o baixista Shane Embury permanecem na banda até hoje. Bill Steer saiu para se dedicar somente ao Carcass, que ele fundou.

Mark “Barney” Greenway, que vinha do Benediction e Jesse Pintado, por sua vez, veio do Terrorizer, entraram na banda na turnê que antecedeu as gravações do aniversariante do dia, a “Grindcrusher”, onde tocaram com bandas como Carcass, Morbid Angel e Bolt Thrower. Após o final da tour, eles recrutaram Mitch Harris, que veio do Righteous Pigs e assim todos foram para a Flórida gravar o novo disco.

Após dois álbuns com músicas em excesso (28 em “Scum” e 22 em “From Enslevament to Obliveration“), a banda resolveu mudar suavemente seu som e diminuiu consideravelmente a quantidade de músicas para o aniversariante do dia: eram “apenas” dez e a duração aumentou para 35 minutos. Mas essas mudanças não agradaram ao ex-baterista Mick Harris, que acabou saindo logo depois. Ele não gostou da sonoridade mais Death Metal e queria que Scott Burns atuasse na engenharia de som e não na produção.

Os britânicos atravessaram o Atlântico rumo a Tampa, Flórida, onde adentraram no estúdio de propriedade de Scott Burns, o icônico Morrisound, para a gravação do vindouro disco. O álbum conta com as participações de Glenn Benton (Deicide) e John Tardy (Obituary), que cantaram na faixa “Unfit Earth“. Mick Harris afirmou ainda que o guitarrista Andreas Kisser emprestou um pedal de distorção para ajudar a dupla de guitarristas na gravação de suas partes.

Lançado primeiramente em LP, o álbum consiste nas dez faixas, conforme dissemos no início deste texto, mas a versão em CD apresenta uma faixa bônus: “Hiding Behind“. As primeiras versões em CD vinham com o EP “Mentally Murdered“, lançado em 1989, como bônus. Existe ainda uma prensagem limitada em vinil, que contém um disco bônus trazendo uma apresentação ao vivo da banda em Londres, no ano de 1990.

O álbum em si é muito consistente, e o Grindcore muitas vezes dá espaço para o Death Metal mais cru e com partes mais arrastadas aqui e acolá. Ainda que tenha desgraçado ao baterista Mick Harris, que disse inclusive que quer um dia produzir um álbum da banda, mas que está entre um dos favoritos dos fãs. A música “Suffer the Children” é certamente o maior destaque e até hoje ela é tocada nos shows da banda. O álbum alcançou a posição de número 67 nas paradas britânicas.

Após o lançamento do álbum, a banda saiu em turnê pelo mundo, inclusive, passando pelo Brasil, onde tocou com Sepultura, que na época divulgava o álbum “Arise” e também com o Ratos de Porão, que divulgava seu “Anarkophobia“. Shows desta tour foram registradas em vídeo e viraram o “Live Corruption”, que a gente deixa o vídeo abaixo para o leitor conferir. À época foi lançado em VHS, coisa que só quem tem mais de 35 anos saberá o que é.

Hoje é dia de celebrar esse belo álbum e celebrar também a existência de uma banda comprometida com as causas sociais como o Napalm Death. Quem os viu esse ano no Summer Breeze se sentiu deliciado quando Mark “Barney” Greenway soltou um “fuck Bolsonaro”, pois isso é pouco para um genocida responsável direto por 700 mil mortes por COVID-19. Por mais bandas como o Napalm Death, os antifascistas mais lindos da música extrema. Esse álbum soa como um soco na cara dos que acham que dá pra ser fanáticos por políticos conservadores da extrema-direita e ao mesmo tempo fã de Rock. Os britânicos, tais como outras bandas como Pink Floyd, Black Sabbath, Pearl Jam, Rage Against the Machine e mais alguns outros, mostram que Rock e fascismo jamais andarão juntos. Hoje é dia de pôr esse play no volume máximo e xingar aquele seu vizinho bolsonarista.

Harmony Corruption – Napalm Death

Data de lançamento – 01/07/1990

Gravadora – Earache

 

Faixas:

01 – Vision Conquest

02 – If the Truth be Know 

03 – Inner Incineration

04 – Malicious Intent

05 – Unfit Earth

06 – Circle of Hypocrisy

07 – The Chains That Blind us

08 – Mind Snare

09 – Extremity Retained

10 – Suffer the Children

 

Formação:

Mark “Barney” Greenway – vocal

Jesse Pintado -guitarra

Mich Harris – guitarra

Shane Embury – baixo

Mick Harris – bateria