Memory Remains

Memory Remains: Slayer – 39 anos de “Hell Awaits” e a influência gigantesca na cena Thrash Metal

12 de março de 2024


Há 39 anos, em 12 de março de 1985, o Slayer, que acaba de anunciar um retorno, ainda que breve, por apenas dois shows, lançava “Hell Awaits“, o segundo álbum da discografia desta que é uma das gigantes do The Big 4 e que é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.

O Slayer vinha do álbum de estreia, “Show no Mercy“, que foi o álbum do selo Metal Blade que alcançou a maior vendagem: foram mais de 40 mil cópias vendidas no mundo inteiro, um feito para uma banda até então desconhecida. Esse fato fez com que Brian Slagel tivesse interesse em gravar um novo álbum da banda pelo seu selo, e desta vez, ele financiando os custos de estúdio. O álbum de estreia foi financiado pelas economias de Tom Araya, em seu antigo trabalho como terapeuta e também por um empréstimo concedido pelo pai de Kerry King.

Com o aporte financeiro de Brian Slagel, foi possível recrutar uma série de profissionais para ajudar no trabalho dentro do estúdio: Ron Fair foi contratado para a engenharia de som. Ele que já havia visto o Slayer ao vivo, ficou mais impressionado ao escutar as canções que entrariam no aniversariante do dia; Bill Metoyer fez o trabalho de mixagem e Bernie Grudman ficou com a masterização. O álbum foi gravado nos estúdios Eldorado, em Hollywood e também no Track Record, em Los Angeles. O trabalho foi de setembro ao final de dezembro de 1984.

A bolacha tem sete canções apenas, em 37 minutos de extensão. O Slayer, ainda que em estado bruto, mostra um lado mais “progressivo”, vamos assim dizer, com canções mais longas. Três das sete faixas ultrapassam a casa dos seis minutos. Segundo Kerry King afirmou em uma entrevista, na época, ele e Jeff Hanneman escutavam muito Mercyful Fate e isso foi um fator determinante para que as músicas ficassem mais longas.

As músicas, embora tenham muita qualidade, sofreram com o baixo nível da produção, que deixa muito a desejar. Tom Araya certa vez admitiu que ainda que seja um álbum maravilhoso (N. do R: e de fato, é), ele perde na produção se comparado aos dias atuais. Mas ainda assim, refazer o álbum seria como estragá-lo. Algumas das canções se eternizaram, como a faixa título, “Kill Again” e “At Down They Sleep“. “Hell Awaits” foi o trampolim perfeito para o que viria a ser o álbum que abalou as estruturas do Thrash Metal, o poderoso “Reign in Blood“.

O álbum foi de uma influência gigantesca. Phil Anselmo classifica “Hell Awaits” como seu álbum favorito de Heavy Metal; em 1993, o ex-companheiro de Anselmo no Pantera, Dimebag Darrell, escolheu a música “At Dawn They Sleep” como uma de suas canções favoritas. Segundo ele, essa canção o ensinou a tocar sua guitarra com mais agressividade.

Algumas músicas do aniversariante do dia ganharam versões ao longo dos anos: “Hell Awaits” foi tocada por Incantation, Vader e Cradle of Filth; o Angelcorpse tocou “Kill Again“; o Sinister fez uma versão para “Praise of Death“; o Six Feet Under fez a sua homenagem, tocando a já citada “At Dawn They Sleep“, enquanto que a música “Necrophiliac” ganhou versões do Benediction, Sadistic Intent, Fleshcrawl e Necrosphere.

Álbum gravado, a banda caiu na estrada junto com o Exodus e o Venom, na turnê chamada “Combat Tour“. Gary Holt, guitarrista do Exodus, e que depois viria a substituir o saudoso Jeff Hanneman, quando este nos deixou, certa vez relembrou deste momento. Aspas para ele:

Imediatamente nos entendemos com os caras do Slayer. Eram duas bandas de amigos, tocando com uma banda de caras que eram heróis para nós, sabe? Estávamos em êxtase por estar com os nossos ídolos.” 

Mas nem tudo foram flores. A turnê foi marcada por um episódio pitoresco. Os membros do Slayer estavam viajando a bordo do ônibus do Venom e certa vez, todos bebiam muito e estavam ouvindo “Hell Awaits“, quando Tom Araya disse que precisava ir ao banheiro e perguntou onde era, no que Cronos respondeu dizendo que era em sua boca. O baixista/vocalista do Slayer levou a sério, abriu sua calça e urinou nos cabelos do vocalista/baixista do Venom, que lhe deu um soco e a discussão durou a noite inteira. E Araya terminou a turnê com um olho roxo. A turnê rendeu um registro ao vivo, que virou o VHS “Combat Tour: The Ultimate Revenge“.

Ainda que não tenha frequentado muitas paradas de sucesso pelo mundo, foi apenas 24° na categoria de “Álbuns de Rock e Metal” no Reino Unido, e também ficou em 41° lugar nas paradas germânicas, “Hell Awaits” obteve uma ótima resposta por parte da crítica e público. Com o reconhecimento, a banda recebeu uma proposta para gravar seu próximo álbum pela Def Jam Recordings, uma gravadora especializada em rap… Eles aceitaram e o resto é história.

Hoje é dia de celebrar esse álbum, que é uma pedrada em forma de Thrash Metal. Uma referência para o estilo, de uma influência sem tamanho. Vamos aguardar para ver se esse retorno do Slayer é temporário ou não. A aposta deste redator que vos escreve é, sim, eles devem retornar para fazer mais alguns shows, ganhar muito dinheiro e voltarão a deixar a banda hibernando. Nossa sorte foi a de ter nascido na mesma geração de Tom Araya, Jeff Hanneman, Kerry King e Dave Lombardo.

Hell Awaits – Slayer

Data de lançamento – 12/03/1985

Gravadora – Metal Blade

 

Faixas:

01 – Hell Awaits 

02 – Kill Again 

03 – At Dawn They Sleep

04 – Praise of Death

05 – Necrophiliac

06 – Crypts of Eternity 

07 – Hardening of the Arteries

 

Formação:

Tom Araya – baixo/ vocal

Kerry King – guitarra

Jeff Hanneman – guitarra

Dave Lombardo – bateria