Resenhas

A Mortal Binding

My Dying Bride

Avaliação

8.5

“My Dying Bride” apresenta seu novo álbum de estúdio, intitulado “A Mortal Binding”, produzido, mixado e masterizado por Mark Mynett, que trabalhou no álbum anterior da banda, “The Ghost of Orion (2020). Lançado pela Nuclear Blast,  “A Mortal Binding” traz sete faixas sombrias e introspectivas que mergulham fundo nas profundezas da alma humana, revelando todas suas dores e misérias, característica ilustre de uma das mais influentes bandas de Doom Metal. O álbum foi gravado em Manchester, no estúdio Mynetaur Productions de Mynett, entre julho e setembro de 2023. “My Dying Bride” atualmente é formado por Aaron Stainthorpe (vocal), Andrew Craighan (guitarra), Neil Blanchett (guitarra), Lena Abé (baixo), Shaun Macgowan (teclado e violino) e Dan Mullins (bateria e percussão).

 

Desde sua formação em 1990 na cidade de Halifax, West Yorkshire, o My Dying Bride rapidamente se destacou com sua abordagem única do gênero, combinando elementos do Doom, Death e Gothic metal para criar uma estética sonora densa e atmosférica.

Com uma trajetória de mais de três décadas, o grupo britânico solidificou sua posição como um dos expoentes mais proeminentes do Doom Metal. Álbuns aclamados como “Turn Loose the Swans” (1993) e “The Dreadful Hours” (2001) tornaram-se marcos na discografia da banda, contribuindo para sua reputação como uma das mais importantes e influentes no gênero.

Ao longo dos anos, o My Dying Bride passou por várias mudanças de formação, mas manteve sua visão artística e sua capacidade de evoluir musicalmente. O lançamento de “A Mortal Binding” (2024) marca mais um capítulo na história da banda, oferecendo uma jornada sonora repleta de melancolia, desespero e desolação. Sim, uma ode melancólica inevitável. My Dying Bride!

O álbum se inicia com “Her Dominion”, uma faixa que estabelece imediatamente o tom sombrio e atmosférico que permeia toda a obra. Riffs sombrios e poderosos, orquestrados com guitarras distorcidas, vocais fúnebres, bateria com ritmos arrastados e impactantes. Há uma aura de horror e desespero, enquanto evoca uma sensação de decadência e degradação.

Em seguida, “Thornwyck Hymn”, música que leva o nome da vila de Thornwick, no condado natal da banda, dá continuidade a uma jornada ainda mais profunda na psique humana. “Thornwyck Hymn” confronta  imagens de solidão e desesperança, enquanto as poderosas guitarras e os arranjos atmosféricos criam uma sensação de opressão e melancolia. A voz de Aaron Stainthorpe ecoa como um lamento solitário na escuridão.

“The 2nd Of Three Bells” evoca uma profunda sensação de desolação diante da inevitabilidade da morte. A música encapsula a atmosfera densa e carregada com arranjos de guitarra que alternam entre momentos de serenidade e explosões. Já “Unthroned Creed” é o retrato sombrio da existência humana, marcada pela impotência, pela ausência de esperança e pela inevitabilidade do sofrimento. Estamos diante de um álbum com uma sonoridade mais pesada e liricamente atormentado.

“The Apocalyptist” se destaca como uma das faixas mais poderosas do álbum, com referências a um mundo em ruínas e a uma busca por redenção e liberação do sofrimento. A presença de elementos apocalípticos a uma melodia hipnótica adiciona uma camada densa e trágica em sua sonoridade.

“A Starving Heart”, penúltima faixa do álbum, é uma meditação sombria sobre a natureza da existência humana com arranjos atmosféricos e os vocais emotivos. Por fim, “Crushed Embers” encerra o álbum de forma majestosa, com sua letra fúnebre e catártica. As primeiras linhas estabelecem auras de tristeza e desolação que traduzem a perda da alegria e o peso insuportável da dor. A repetição das linhas “I waited such a long time and questioned my sanity/ You hunted at the wrong time and fell in pain to your knees” enfatiza a sensação de desamparo e desespero diante da tragédia.

“A Mortal Binding” é uma obra  sombria e introspectiva que solidifica o My Dying Bride como uma das bandas mais importantes e influentes do Doom Metal. Com uma fusão singular de letras profundas e uma atmosfera catártica, a banda canaliza seus devaneios sombrios e sangrentos através de guitarras pesadas e cortantes, ritmos lentos e poderosos, violinos fúnebres, além de uma bateria arrastada e explosiva. Mais pesado que o seu antecessor, “The Ghost of Orion” (2020), “A Mortal Binding” é uma uma jornada pelos recantos mais obscuros da psique humana através da assinatura sombria e melancólica que é característica do My Dying Bride e do gênero Doom Metal como um todo.