Resenhas

Amor Fati

The Laconic

Avaliação

9.0

Unindo ousadamente uma curiosidade apaixonada pela exploração do som, com um ouvido inabalável para melodias e grooves que envolvem e envolvem, o criativo de Chicago The Laconic dedica tempo e intenção ao puro escapismo de canções sem palavras. O artista lança seu segundo álbum completo, intitulado ‘Amor Fati’, com uma coleção de nove canções ecléticas, envolventes e totalmente instrumentais que “não dependem (mas não rejeitam) o virtuosismo e exibições técnicas chamativas para manter o interesse, mas prendem a atenção do ouvinte através da composição, arranjo, instrumentação e efeitos, o que permite uma maior gama de emoção”, conta o músico.

Inigualável pela individualidade, o trabalho de Marc Pelath como The Laconic une um pano de fundo multi-instrumental com uma mentalidade profundamente focada em programação. O cientista de dados e músico é conhecido principalmente por seu instrumento principal, a guitarra de toque U8, mas também toca baixo e sintetizadores, enquanto cria linhas de bateria eletrônica do zero. Suas composições são destemidamente melódicas, muitas vezes imprevisíveis, mas autodefinidas, não como solos ao lado de acordes, mas como canções sem palavras: estruturadas e harmonizadas, propositais e precisas em seus empreendimentos imaginativos.

O álbum se inicia com “Fate”, uma canção perfeita para iniciar a audição com tom emocionante. A leveza e a emotividade presentes na faixa criam uma atmosfera cativante, convidando o ouvinte a se deixar levar pelas melodias suaves e reconfortantes. A segunda faixa, “Nona” é curta e hipnótica, como uma viagem sonhadora, remetendo muito ao sci-fi com sintetizadores e sons inusitados. “Saber” traz linhas de pianos e riffs de rock progressivo se misturando harmoniosamente, onde essa combinação de tudo isso cria uma sensação de imersão e envolvimento, fazendo com que o ouvinte seja transportado para um estado de contemplação lembrando clássicos como de Mike Oldfield.

“Decima”, quarta canção do álbum, é uma faixa lenta e calma, onderiffs e sintetizadores se entrelaçam em uma dança tranquila de ritmos e sons ao estilo “Tubular Bells”. A atmosfera serena e a delicadeza dos arranjos criam uma sensação de relaxamento e introspecção que se repete em “Dust”, que além disso, traz uma combinação inusitada de violão acústico grave, pianos, violoncelos e percussão em uma progressão de acordes inebriante – dignos de uma trilha sonora de filmes épicos. “Morta” traz uma lisergia poética à composição, transportando o ouvinte a uma viagem pela ancestralidade onde os elementos musicais se entrelaçam de forma envolvente, preenchendo os ouvidos e despertando emoções profundas ao espectador.

A sétima faixa do disco “Mirror”, possui um caráter misterioso e noir que dá espaço para sintetizadores pesados e nostálgicos, remetendo ao post punk ao mesmo tempo que soa progressivo. Destaca-se a presença marcante das lnhas de piano e o solo de guitarra distorcido, que trazem um ar diferente à composição. A percussão hipnotizante contribui para a atmosfera cativante e envolvente da música.

Em seguida, ”Refuge” vem a palco, está aqui é uma canção sombria e intensa, algo que contrasta com a intensidade rítmica, a profundidade da interpretação, além da mensagem transmitida. As paisagens sonoras calmas e misteriosas criadas aqui, resultam em um cenário musical calmo e nostálgico, transportando o ouvinte para um estado de contemplação e serenidade. As pausas instrumentais pontuam a música, gerando momentos de emoção e provocando o ouvinte a refletir sobre as mensagens transmitidas.

A última faixa, “Equinox” encerra o disco com um instrumental psicodélico, criando um resultado impressionante. Esta canção possui um dos solos mais intensos e sombrios que dão espaço para um clima mais sensível, pop e até com tons de bossa nova e folk, onde a flauta nos faz viajar. Uma produção essa que que reflete a habilidade de Marc Pelath em combinar diferentes culturas e estilos musicais.

A abordagem de rock progressivo com elementos regionais e instrumentos diversos cria uma experiência musical enriquecedora, transportando o ouvinte para um universo sonoro único. A mistura eclética de influências e a profundidade emocional presentes nas faixas tornam esse álbum uma obra cativante e envolvente. The Laconic é um projeto potente, de ideias agressivas e de pura nostalgia e imersão com um domínio tão forte e confiante sobre seu som, que consegue encantar desde o público mais exigente até quem busca bandas novas