Memory Remains

Memory Remains: Ozzy Osbourne – 42 anos de “Bark at the Moon” e o recomeço após a morte de Randy Rhoads

15 de novembro de 2025


Há 42 anos, em 15 de novembro de 1983, Ozzy Osbourne lançava “Bark at the Moon“, terceiro álbum da carreira solo muito bem sucedida do príncipe das trevas, e que é tema do nosso Memory Remains deste sábado, feriado da proclamação da República.

O frontman havia lançado o álbum ao vivo “Speak of the Devil“, quando se apresentou nos dias 26 e 27 de setembro de 1982, no The Ritz, em Nova Iorque. Ozzy atendeu ao pedido da Jet Records e tocou apenas músicas de sua época no Black Sabbath. O guitarrista Brad Gillis foi escalado para substituir Randy Rhoads. Don Airey e Tommy Aldridge também estavam na formação que fez esse registro ao vivo.

Ozzy havia sofrido um tremendo baque, com a morte prematura do maior guitarrista que já trabalhou com o Madman: Randy Rhoads sofreu um acidente de avião, fruto de um ato inconsequente do piloto que deu carona para Randy dar umas voltas, no estado da Flórida, para onde a banda toda a dirigia para tocar no Rock Super Bowl XIV, onde também se apresentariam o Foreigner, Brian Adams e o UFO. O avião bateu em uma casa, explodindo e matando o guitarrista, aos 25 anos. Ozzy ainda entrou na casa em chamas e salvou um homem, mas não conseguiu salvar seu guitar-hero. Ozzy recrutou Jake E. Lee para o lugar do imortal Randy.

A entrada de Jake rendeu algumas controvérsias: esse é o único disco onde Ozzy é creditado sozinho em todas as músicas, porém, Lee alega que compôs uma boa quantidade das músicas contidas no álbum e que foi enganado pela esposa e empresária de Ozzy, Sharon Osbourne. Ele afirma que depois que terminou as gravações de suas partes, recebeu um contrato de Sharon no qual ele abria mão da autoria das músicas e que só assinou o contrato porque foi coagido por Sharon que ameaçou colocar outro guitarrista em seu lugar. Anos mais tarde, o próprio Ozzy admitiu que Lee ajudou na composição das músicas, incluindo a faixa titulo.

Apesar desse contratempo, o quinteto, completado pelo baixista Bob Daisley, o tecladista Don Airey, mais o baterista Carmine Appice, se juntou no “Ridge Farm Studios” para a gravação do álbum, sob a batuta do renomado Max Norman na produção. A mixagem ocorreu no “Power Station”. A banda ficou em estúdio durante o meio daquele ano de 1983.

Bolacha rolando, temos oito canções em breves 39 minutos e uma diferença musical imensa se comparado aos álbuns anteriores, gravados por Randy Rhoads e seu classicismo. Apesar da faixa-título ser um clássico absoluto da carreira do Madman e das críticas favoráveis, é um álbum que meio que indica que Ozzy iria trilhar o caminho do Mainstrean, tendo canções veiculadas através de videoclipes na MTV estadunidense. Ozzy excursionou também com o Mötley Crue, o que deu ainda a sensação maior de trilhar o Mainstrean. A faixa-título é o grande hit do álbum.

Esse é o único álbum de estúdio a contar com o baterista Tommy Aldridge. Ele saiu logo depois das gravações e foi brevemente substituído por Carmine Appice. Porém, Carmine não durou muito na banda e durante a tour, Aldridge foi trazido de volta, com Ozzy explicando que trouxe de volta seu companheiro de bateria por “questões de saúde”. Segundo ele, Carmine Appice estava deixando-o doente. Entretanto, quem aparece no videoclipe de “Bark at the Moon” é Carmine Appice e não Tommy Aldridge.

Neste álbum tivemos uma nova controvérsia, assim como aconteceu no disco de estreia, “Blizzard of Ozz“. Um homem canadense, chamado James Jollimore assassinou sua esposa e seus filhos após supostamente ter escutado “Bark at the Moon” e isso motivou os grupos xiitas religiosos e a mídia sensacionalista a perseguirem o Madman, alegando que o disco era satânico e que havia influenciado o homem a cometer tais crimes. Como se alguém fosse virar ladrão de veículos ao jogar GTA ou alguém se tornaria homoafetivo porque viu no gibi o filho de um super-herói beijar outro homem, como afirmaram alguns brasileiros seguidores do ex-presidente, hoje condenado por atentado violento ao Estado Democrático de Direito.

O álbum foi bem recebido pela crítica e público. A turnê foi bastante extensa e Ozzy fez shows entre novembro de 1983 e janeiro de 1985, com direito a duas apresentações na primeira edição do Rock in Rio em 1985, onde se apresentou nos dias 16 e 19 de janeiro daquele ano. Em ambas as apresentações, Ozzy incluiu duas músicas de nosso aniversariante: a faixa-título e “Centre of Eternity“. Era a primeira vez de Ozzy em terras brasileiras e ele detestou a experiência por aqui, não gostou muito do que viu nas ruas. Mas ainda assim, ganhou uma camisa do Flamengo e a usou em cima do palco.

Nosso aniversariante foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido, Ouro na Austrália, Platina no Canadá e triplo Platina nos Estados Unidos. Já nas paradas musicais, o álbum frequentou o 9º lugar na Suécia, 19° na “Billboard 200“, 23° no Canadá, 24° no Reino Unido e 50° na Nova Zelândia. O single “Bark at the Moon” chegou a posição de número 21 no Reino Unido e 109 nos Estados Unidos.

Hoje é dia de celebrar esse disco e também o grande Ozzy Osbourne, que, infelizmente nos deixou no dia 22 de julho, dezessete dias após se despedir dos palcos durante o Back to the Beginning, realizado em Birmingham. Ele se apresentou com sua banda solo, onde cantou cinco canções, e depois com o Black Sabbath, onde cantou em mais quatro. Seu legado é eterno e iremos mantê-lo vivo.

Bark at the Moon – Ozzy Osbourne
Data de lançamento – 14/11/1983
Gravadora – CBS

Faixas:
01 – Bark at the Moon
02 – You’re No Different
03 – Now You See It (Now You Don’t)
04 – Rock n’ Roll Rebel
05 – Centre of Eternity
06 – So Tired
07 – Slow Down
08 – Waiting for Darkness

Formação:
Ozzy Osbourne – vocal
Jake E. Lee – guitarra/ backing vocal
Bob Daisley – baixo/ backing vocal
Tommy Aldridge – bateria
Don Airey – teclado