Entrevistas

Mylena Monaco: “A principal influência da Sinaya lá no início sempre foi Sepultura, nos sons mais novos tem muita influência de prog e de um metal mais moderno”

Mylena Monaco: “A principal influência da Sinaya lá no início sempre foi Sepultura, nos sons mais novos tem muita influência de prog e de um metal mais moderno”

18 de fevereiro de 2023


Carlos Pupo/Headbangers News

A banda Sinaya foi fundada em 2010 pela sua vocalista Mylena Monaco, na cidade de São Paulo (SP), e atualmente é a primeira banda de Deathcore do mundo formada apenas por mulheres. Com uma trajetória que soma mais de 10 anos, a banda tem um extenso currículo de shows, tendo realizado turnês pela América do Sul e Europa e dividindo o palco com renomadas bandas, como Suffocation, Exodus, Abbath, Primal Fear, Amon Amarth, Pyrexia, Pathology, Vader, entre outras. Na sua discografia conta com os excelentes trabalahos “Obscure Raids” e “Maze Of Madness“, além dos novos singles “Riddle of Death“, “Afterlife” e “Psychopath“.

Nessa entrevista, Mylena Monaco divide conosco um pouco da sua trajetória como musicista e suas principais influências, sobre o início da banda, processo de composição e gravação, técnica vocal e a receptividade do público com a mudança e evolução na sonoridade da banda.

 

Carlos Pupo/Headbangers News

HBN: Oi Mylena, uma honra entrevistá-la. Vamos falar um pouco sobre o início da banda. Como surgiu a banda Sinaya?

Mylena: Oi, pessoal! Primeiramente, obrigada pelo convite. É sempre um prazer está falando um pouquinho mais da banda Sinaya. Eu montei a banda em 2010 e sempre quis ter uma banda formada por mulheres para mostrar o poder feminino. Na época era raro ver mulheres tocando metal. Eu convidei mulheres para formar a banda e eu já tinha um nome há um tempo. Quando eu trabalhava em agência de viagens, eu ficava olhando os mapas do mundo, eu vi esse nome de uma cidade que na verdade é com “i”. Então coloquei com “y” para quando a galera fosse pesquisar não visse o nome da cidade também. Depois de um tempo eu descobri que esse nome na Índia é um nome feminino, que tem tudo a ver com essa mensagem do poder feminino.

 

HBN: Em 2013, vocês lançaram “Obscure Raids” que conta com quatro faixas e apresenta a banda para o cenário do metal. Ao lançar esse EP, enquanto banda, qual era a sua proposta e como você vê a evolução que trilharam até o presente momento?

Mylena: Esse foi nosso primeiro EP, foi o momento que nós nos desenvolvemos como banda. Fizemos uma gravação totalmente em home studio, sem nada profissional praticamente. Foi a oportunidade que a banda teve de se mostrar para o mercado. E é claro que de lá para cá a gente mudou muito como banda, tanto em composição, quanto shows, palco etc. Muita coisa aconteceu nesse tempo, mas tenho muito orgulho desse trabalho porque durante nossa trajetória como banda, conforme os materiais vão sendo lançados, vejo uma evolução como um todo.

 

HBN: Em 2018, foi a vez do primeiro álbum, “Maze Of Madness”, que foi produzido por Marcello Pompeu do Korzus. Conta um pouco da experiência de ter um álbum produzido por um grande nome do metal nacional e de como foi o processo de composição e gravação desse álbum.

Mylena: Trabalhar com Pompeu, para mim, foi um grande amadurecimento como pessoa, vocalista, musicista. Eu descobri muitas coisas minhas como vocal, que eu não sabia que era capaz. Como compositora, na época eu era também guitarrista da banda, então foi uma oportunidade que eu tive de estudar mais meus instrumentos. E ter o feedback dele de entender de como funciona uma pré-produção, como fazer a banda ficar redonda, como treinar bastante e estudar as músicas para poder gravar. Foi o nosso primeiro trabalho mais profissional em um estúdio grande, já não foi a mesma experiência do “Obscure Raids” (2013). Pompeu, com certeza, ajudou a gente a evoluir como pessoa e como banda, então ele foi essencial para nossa história.

 

Maze Of Madness (Sinaya, 2018)

Maze Of Madness (Sinaya, 2018)

HBN: Quais são as principais influências da banda?

Mylena: Cada álbum a gente traz uma influência nova, também pelas pessoas que passaram pela banda. Mas a principal influência da Sinaya lá no início foi sempre Sepultura, uma banda que representa o metal no Brasil muito forte. Aí com o tempo a gente foi tendo outras influências. Hoje em dia, como a banda está mais para o deathcore, as minhas principais influências são Lorna Shore, Whitechapel. Também nesses últimos sons, nos sons mais novos, a Helena, nossa ex-guitarrista, trouxe muita influência de prog e de um metal mais moderno. Então temos uma mistura de influências. Nunca se rotulando, por mais que a gente tenha um metal mais moderno atualmente, e já fazia um death metal com algumas influências de thrash, a gente nunca parou para se rotular em relação a composição, o que sentíamos que ficava legal colocávamos na nossa música.

 

HBN: A banda fez turnê pela Europa e América do Sul, certo? Foram quantos shows ao todo e por quantos países? E como foi essa experiência de tocar para um outro público fora do país?

Mylena: Sobre as turnês foram, com certeza, experiências muito grandes. Na Europa, nós fizemos 16 shows seguidos, passando por 16 cidades diferentes, foram 7 países: Alemanha, Holanda, França, Bélgica, Suíça, Eslováquia, República Tcheca. Dividimos tour com mais quatro bandas, cada uma de um país. Foi uma experiência incrível estar na Europa, no inverno, sair da nossa zona de conforto. O clima é muito diferente do Brasil, mas aprendemos e evoluímos muito e foi uma experiencia única. Sobre a turnê da América do Sul, foi um pouquinho antes dessa turnê da Europa. Passamos por 13 cidades, rodamos mais ou menos 11 mil quilômetros em 28 dias. Tocamos em várias cidades da Argentina, Bolívia e Peru. Eu não lembro quantos shows foram, mas acho que foram 13 também. Foi muito incrível, o público latino sempre muito caloroso, então foram duas experiências muito legais para a gente.

 

HBN: Em 2022, vocês fizeram uma turnê no segundo semestre que além de tocar músicas do “Obscure Raids” e “Maze Of Madness”, também apresentou novos singles como: “Riddle of Death“, “Afterlife” e “Psychopath“. Como tem sido o retorno aos shows nesse momento pós-pandemia?

Mylena: A pandemia não foi um momento bom para ninguém, acho que todo mundo acabou evoluindo de alguma forma. Nós tivemos que nos adaptar e ter ficado sem tocar foi ruim para todos. Foram dois anos sem poder tocar para o público, por mais que a gente tenha feito lives, é diferente quando você troca aquela energia com a galera. Com esses novos singles nós fomos muito bem recepcionadas. Por estarmos indo para um nicho mais moderno, para o lado do deathcore, em relação ao fazíamos no início, death metal, nós tínhamos receios. Mas pelo contrário, a galera gostou muito e vamos continuar nesse caminho.

 

HBN: A banda Sinaya tocou na primeira edição do “BH HELL’S FEST”, que aconteceu em novembro de 2022, ao lado de bandas como Loss, Age of Artemis, Electric Gypsy, Medjay. E também da banda headline Nervosa, que fez vários shows no Brasil na sua turnê pela América do Sul. Vocês veem diferença na experiência de tocar em show e em festival? Como é a dinâmica entre as bandas dentro de um festival?

Mylena: Tocar no festival é sempre diferente do que tocar num show menor. Festival traz aquela grandeza de público, produção, mais organizado, estrutura, horários para não ter atrasos. Mas ainda assim, eu prefiro essa energia de tá pertinho da galera. O BH Hell’s Fest mesmo sendo festival conseguiu deixar a gente perto público, foi uma experiência muito legal para gente. Mas já toquei em festivais que a gente não conseguia ficar tão perto do público, tinha aquela distância grande de grade e palco. Gosto de tá próxima do pessoal. Shows menores você acaba tendo mais contato com as pessoas, dar atenção e fazer essa troca. Mas os dois são incríveis e gosto de fazer os dois de verdade.

 

HBN: E quando você começou a se interessar por música, mais especificamente pelo metal?

Mylena: Eu sempre gostei de música. Sempre gostei de ouvir música desde de criança. Mas de metal especificamente, foi com 10 anos, por influência do meu tio, eu comecei ouvir Helloween, Slayer. Já comecei pelas bandas mais pesadas do metal. Com o tempo fui ouvindo e conhecendo outras coisas, até eu ter vontade de começar a tocar. Ganhei na época, aos 15 anos, um violão da minha mãe. Comecei a estudar e com 18 anos fundei a Sinaya.

 

HBN: Quais foram suas principais influências na sua formação musical?

Mylena: Além do Sepultura, eu tenho muita influência do Cannibal Corpse, Obituary. O John Tardy do Obituary foi minha principal influência vocal lá quando comecei. Com o tempo, conforme você vai amadurecendo, evoluindo musicalmente, vai aprendendo e conhecendo outras coisas. Hoje em dia o meu vocalista favorito é Will Ramos do Lorna Shore.

 

HBN: Quando sentiu que era realmente isso que você pretendia fazer profissionalmente?

Mylena: Eu sempre soube desde que eu montei a banda que era isso que eu queria. Claro que no Brasil é muito difícil fazer metal e se sustentar com isso. Então, eu sempre tive um trabalho para me sustentar e investir na banda. É claro que em alguns momentos dá vontade de desistir, de largar tudo, mas a música chama a gente, é mais forte, a gente sempre acaba voltando. A gente não faz metal no Brasil por dinheiro é porque a gente realmente ama o que a gente faz. A oportunidade de levar nossa música para as pessoas faz tudo valer a pena e continuar.

 

HBN: Você tem uma escola voltada exclusivamente para o ensino de vocal extremo. Como surgiu essa ideia e como funcionam as aulas?

Mylena: Sobre a escola, eu dou aulas desde 2017. Mas só em 2021, eu pensei em fazer algo diferente e fundei o Extreme Vocal Club, que é um clube que reúne a galera para trocar experiência, eles se conhecem e falam sobre música. Além das aulas individuais online e ao vivo, também tem a opção na plataforma hotmart, no qual as aulas ficam disponíveis e o aluno assiste quando pode. Na Extreme Vocal Club também oferecemos o serviços de mentoria, direção vocal e workshops. A mentoria tem como objetivo ajudar músicos e bandas que buscam impulsionar a carreira, não sabem por onde começar ou como melhorar. Então meu papel é orientar de forma pontual e fazer sessões individuais com essas pessoas ou com essas bandas, a fim de que alcance seus objetivos, através de um acompanhamento exclusivo e personalizado. Tudo isso com a experiência e estudo que adquiri ao longo desses anos. Na parte de direção vocal, eu dou um help para quem está gravando pela primeira vez, ajudo nesse processo de gravação, tanto na parte de composição como de arranjo nas letras, para ter o melhor preparo possível. Já os workshops, eu conto um pouco da minha história e compartilho técnicas vocais, tiro dúvidas.

 

HBN: Existe uma técnica ou método específico para cantar metal extremos? Ou diferentes técnicas?

Mylena: Sim, existe uma técnica para que você não se machuque enquanto você canta. Essas técnicas a gente se desenvolve nas aulas com esse acompanhamento. E método cada professor tem o seu método, tem a sua forma de ensinar. Eu criei meu método baseado em gatilhos para ficar mais fácil das pessoas entenderem como a gente chega nesse som, como a gente faz essa técnica sem se machucar.

 

HBN: Obrigada pela entrevista! Sucesso para você e para sua banda, Sinaya!

Mylena: Imagina, eu que agradeço o espaço. Nos vemos nos shows, galera! Aguardem novidades!

 

Carlos Pupo/Headbangers News

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Mylena Monaco: https://www.instagram.com/mylenamonaco/
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