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Memory Remains: Sepultura – 33 anos de “Schizophrenia”, o mundo conhecia o Heavy Metal praticado no Brasil

Memory Remains: Sepultura – 33 anos de “Schizophrenia”, o mundo conhecia o Heavy Metal praticado no Brasil

30 de outubro de 2020


Em 30 de outubro de 1987, era lançado o álbum “Schizophrenia“, o segundo “full-lenght” do SEPULTURA. E aqui a maior banda brasileira de Heavy Metal da história começava a trilhar o seu caminho, rumo ao título que hoje ela possui.

E esse disco é um marco, podemos dizer que há um (dos vários) divisor de água da banda. E creditamos isso à entrada de um sujeito até então desconhecido, mas que se tornaria uma autoridade nas seis cordas aqui no Brasil: Andreas Kisser, o alemão, que ocupou o lugar de Jairo Guedz. E embora Max Cavalera seja até hoje um “riffmaster“, foi a entrada de Andreas que deu à banda um outro status.

As composições ganharam e muito em qualidade. A banda ainda se mostra bem crua aqui em “Schizophrenia“, porém, há um ganho, um punch. A banda abandonou o Death Metal por vezes cru e tosco de “Morbid Visions” (Não estou desmerecendo o primeiro disco da banda, ele tem seu valor, mas é muito imaturo e provavelmente a banda não iria muito longe se mantivesse aquela linha).

Gravado no estúdio JG em Belo Horizonte no mês de agosto de 1987, com produção de Tarso Senra e do próprio SEPULTURA, o álbum foi lançado pela Cogumelo Records. A curiosidade é que este LP, na época fora pirateado no exterior e isso ajudou a banda a ganhar notoriedade e também, a assinar com a “Roadrunner“, que foi parceira da banda por longo tempo. Anos depois a “Roadrunner” relançaria este disco, contendo a faixa “Troops of Doom“, que fora melhor trabalhada e com a mão de Andreas Kisser, ela ganhou muito mais poderio. É a única música desta época que ainda é tocada ao vivo pela formação atual.

O álbum começa com a intro bem medonha, que para nossa alegria dura poucos segundos, dando início ao que nos interessa em ouvir de verdade: e “From The Past Come Storms” é uma música bem interessante, tipicamente Thrash Metal oitentista, muito boa!

Em “To The Wall” já se percebe o quão Andreas Kisser se destacaria. Aqui tanto nas bases junto com Max, quanto nos solos bem estruturados e bem trabalhados, o cara faz um excelente trampo. Sem falar nas mudanças de andamento bem interessantes que esta música nos proporciona. A letra é explicada no livro autobiográfico “My Bloody Roots“, de Max Cavalera, em que a banda certa vez foi abordada por policiais e presa pelo fato de eles andarem seus respectivos documentos de identificação. Excelente música.

“Escape to the Void” foi a primeira música que escutei deste álbum, e foi ao vivo. Nos tempos em que a banda tocava ainda músicas desta época. Lembro me que vi um show da banda em novembro de 1996, com a formação clássica e eles fizeram um medley, que tinha “Beneath The Remains” emendada com a própria “Escape to the Void“. E essa música, que depois fui buscar a versão contida aqui é fantástica, com um início mais arrastado e depois a quebradeira toma conta de tudo. A melhor música do disco temos aqui. A curiosidade é que esta é uma versão de uma música da antiga banda de Andreas Kisser, o PESTILENCE. A música em questão se chama “Escape to The Mirror” e o título e letra foram alterados.

“Inquisition Symphony” e seus sete minutos é um excelente instrumental, ótima para se entrar num mosh e esquecer da vida por lá.

Lineup clássico do Sepultura

Divulgação/ facebook

Lineup clássico do Sepultura

Se você está no LP, é hora de virar o lado do bolachão e dar sequência ao play, com “Screams Behind The Shadows“, em que a banda apresenta algo do que seria apresentado no disco posterior, “Beneath The Remains”. Uma música bem interessante e mostra já a maturidade que a banda viria a alcançar plenamente anos depois.

“Septic Schizo” dá sequência à esta maravilha, com uma introdução um tanto quanto longa, mas aqui temos uma das influências que Max sempre citou: nas partes rápidas, o KREATOR aparece aqui.

A instrumental “The Abyss” com seu pouco mais de um minuto já nos avisa que a obra está no final. Aqui Andreas pede um espaço para mostrar seu talento no violão.

E temos “R.I.P. (Rest In Pain)” encerrando bem a obra. Música rápida, raivosa, com quebras de ritmo no meio. Muito boa!

O inglês de Max Cavalera ainda é bem ruim, mas isso não afeta de alguma a qualidade do disco. Ele melhoraria esta pronúncia somente anos mais tarde, no “Chaos A.D.” E baixo aqui, praticamente não existe, já que Paulo Jr. só passou a registrar suas partes também a partir de “Chaos A.D.“ Só lamentamos o fato de a formação atual, cada vez mais distante do passado, não tocar mais nenhuma música deste disco ao vivo.

Enfim, um disco ainda cru, com a produção longe de ser a ideal, mas foi aqui que a banda buscou seu reconhecimento fora do país, ficariam mais conhecidos lá do que aqui e hoje são os artistas brasileiros mais conhecidos no exterior. Antes disso tudo acontecer, a banda faria aquela famosa turnê com o SODOM, onde a banda brasileira impressionaria mais que os alemães, mais experientes que os “jungle boys”, seria contratada pela “Roadrunner“, gravaria ainda no Brasil o clássico “Beneath The Remains“… Mas isso é assunto a ser contado em outra oportunidade. Celebraremos este excelente registro, que envelhece melhor cada vez mais!

Schizophrenia – Sepultura

Data de lançamento – 30/10/1987

Gravadora – Cogumelo

Faixas:

01 – Intro
02 – From The Past Comes Storms
03 – To The Wall
04 – Escape To The Void
05 – Inquisition Symphony (instrumental)
06 – Screams Behind The Shadows
07 – Septic Schizo
08 – The Abyss (instrumental)
09 – R.I.P. (Rest In Peace)
10 – Troops Of Doom (Bônus track)

Formação:

Max Cavalera – Vocais/ Guitarra base
Igor Cavalera – Bateria
Andreas Kisser – Guitarra base e solo
Paulo Jr. – Baixo (??)