Memory Remains

Memory Remains: The Offspring – 30 anos de “Smash” e a ascensão ao mainstream

8 de abril de 2024


Há 30 anos atrás, o Rock passava por uma modificação na tendência: o Grunge começava a entrar em decadência, pois Kurt Cobain havia cometido o suicídio e o Pearl Jam tinha parado de produzir vídeos para a MTV e deixou de fazer shows nos Estados Unidos por não concordar com a política da Ticketmaster em monopolizar a venda de ingressos. Neste contexto chegaram bandas como o Green Day e o The Offspring. A primeira lançou o badalado “Dookie“, enquanto que a segunda lançou em 8 de março de 1994, “Smash“, terceiro álbum da discografia e que é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

A banda vinha do álbum “Iginition“, lançado dois anos antes e que não fez tanto sucesso, embora seja um bom álbum dentro do que a banda se propunha a fazer, que é o Poppy Punk. Mas a sorte sorriu para a banda quando eles adentraram ao “Track Record”, em North Hollywood, Califórnia, entre os meses de janeiro e fevereiro de 1994, sob a batuta do produtor Thorn Wilson. Wilson havia produzido todos os outros três álbuns lançados pelo The Offspring. Entretanto, o aniversariante do dia foi o último que ele produziu com a banda. A razão? Wilson criticou demais o trabalho da banda durante o período de gravação. Ele entendia que a banda estava se distanciando do Punk Rock. Não estava errado no modo de pensar, mas a mudança foi o que elevou o The Offspring ao patamar que eles estão até os dias atuais. Fato foi que seus pitacos fizeram com que a relação entre eles minasse.

Ainda que o trabalho final entre banda e produtor tenha acabado de uma maneira não muito boa, Wilson foi o grande responsável por colocar o The Offspring na Epitaph, a gravadora que pertence ao guitarrista do Bad Religion, Bret Gurewitz, que num primeiro momento, não acreditou no potencial da banda. Mas “Iginition” fez com que as expectativas aumentassem. E Dexter Holland certa vez deu uma entrevista, onde falou sobre a sua surpresa com os resultados que foram alcançados com o mais novo trintão do Punk Rock. Aspas para ele.

Quando gravamos este álbum, nosso último vendeu talvez 15.000 cópias, então a possibilidade de sermos tocados no rádio ou algo assim era praticamente inexistente. Principalmente porque esse tipo de música geralmente não é considerado aceitável pelo mainstream – então, para algo assim acontecer, realmente nos pegou de surpresa.”

Com um orçamento bastante pequeno, cerca de US$ 20.000, a banda ficou com algumas restrições. O guitarrista Noodles falou que eles viviam ligando para o estúdio para saber quais horários estavam disponíveis a preços mais em conta. Isso fez com que eles corressem com as últimas quatro canções gravadas para o álbum. Eles as finalizaram em apenas duas noites.

O álbum possui 14 faixas, sendo 13 autorais e um cover, que no caso é a faixa “Killboy Powerhead“, da banda The Didjits. O The Offspring trouxe uma abordagem mais acessível ao Punk Rock e aqui nasceram alguns dos principais clássicos da banda: “Come out and Play“, “Self Esteem“, “Gotta get Away“, “What Happened to You“, além de outros grandes momentos como “Nitro (Your Energy)”, “Bad Habit” e “Genocide“, cujos riffs se repetem ao final da faixa título e também foram reutilizados no álbum subsequente, “Ixnay on the Hombre“, na faixa “Change The World“. “Smash” é um álbum para ninguém colocar defeito.

Além da ótima aceitação por parte da crítica especializada e principalmente do público, “Smash” é o disco que detém o recorde de mais vendido dentre os que foram lançados por um selo independente, no caso, a “Epitaph“. Vendeu mais de 11 milhões de cópias em todo o mundo, seis milhões destes, apenas nos Estados Unidos. O aniversariante do dia foi um sucesso também nos charts mundo afora: Na Austrália ficou em 1°; na Áustria, Bélgica e na Finlândia ficou em 2°; no Canadá, Suécia e Suíça ficou em 3º e no chart mais importante dentre todos, a famosa “Billboard 200“, “Smash” alcançou a 4ª posição, a mesma que obteve na Alemanha. Foi certificado com Disco de Ouro na Austrália e Noruega, Platina na Bélgica, Dinamarca, Japão, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Reino Unido, além de 6 vezes Platina nos Estados Unidos e Canadá.

Como podemos perceber, o álbum foi um verdadeiro sucesso, inclusive aqui no Brasil, onde teve suas músicas tocadas nas rádios Rock e seus videoclipes também foram exibidos à exaustão na saudosa MTV Brasil, nos tempos que a Music Television rodava apenas vídeos de bandas. Bons tempos, que quem tem menos de 30 anos não conseguiu acompanhar. O sucesso fez com que outras gravadoras maiores disputassem o The Offspring para fazer parte de seu cast. Eles acabaram fechando com a Columbia, por onde lançaram o já citado álbum “Ixnay on the Hombre“.

A banda caiu na estrada e ficou dois anos fazendo shows para divulgar o álbum que causava um verdadeiro boom na cena. Eles receberam uma proposta de tocar como banda de abertura para o Stone Temple Pilots e o Metallica, porém, recusaram, sob a alegação de que preferiam continuar a tocar em clubes do que se apresentar em grandes arenas. Entretanto, “Smash” foi só a porta de entrada para o mainstream e a banda teve que fazer shows para grandes públicos.

Em 2014, durante a celebração dos 20 anos, o álbum foi relançado pela Epitaph em versão remasterizada em CD e vinil e trazia ainda algumas novidades, como um livreto de 24 páginas com fotos inéditas da banda, alfinete, patch e palheta de guitarra. A banda saiu em turnê na ocasião para celebrar a data. Agora que a bolacha chega no 30° aniversário, pode ser que tenhamos alguma surpresa reservada para os fãs, que consideram este como o melhor álbum de toda a carreira do The Offspring.

A banda mudou bastante a sua sonoridade e nada vai soar como foi “Smash“, um álbum empolgante, que estremeceu a cena Rock and Roll na segunda metade dos anos 1990. Hoje é dia de comemorar os 30 anos deste lindo play, que tem um corpinho de vinte.

Smash – The Offspring

Data de lançamento: 08/04/1994

Gravadora: Epitaph Records

 

Faixas:

01 – Time to Relax

02 – Nitro (Youth Energy)

03 – Bad Habit

04 – Gotta Get Away

05 – Genocide

06 – Something to Believe in

07 – Come Out And Play

08 – Self Esteem

09 – It’ll be a Long Time

10 – Killboy Powerhead

11 – What Happened to You

12 – So Alone

13 – Not the One

14 – Smash

 

Formação:

Dexter Holland – vocal/ guitarra

Noodles – guitarra

Greg K. – baixo

Ron Welty – bateria