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Memory Remains: Napalm Death – 12 anos de “Time Waits for no Slave”, um adolescente com raiva do sistema

Memory Remains: Napalm Death – 12 anos de “Time Waits for no Slave”, um adolescente com raiva do sistema

23 de janeiro de 2021


Em 23 de janeiro de 2009, os veteranos do Napalm Death lançavam o décimo-terceiro full de sua gloriosa carreira e que hoje é tema do nosso Memory Remains. “Time Waits for no Slave” está se tornando um adolescente. E um adolescente bem atual, diga-se de passagem. O aniversariante foi lançado pela Century Media, sim, aquela mesma que essa semana nos encheu de orgulho, ao banir as bandas do fascista e baderneiro, Jon Schaffer, que será lembrado não pelo que fez com sua banda e sim por ter atentado contra a democracia estadunidense em 2020.

Após três anos de hiato entre o último lançamento, “Smear Campaign“, o quarteto entrou em dois estúdios para o registro desta obra prima: “Parlour Studios“, na cidade de Kettering, Inglaterra e também no “Foel Studios“, no País de Gales, foram os locais escolhidos para a concepção do disco, com Russ Russell na produção. Vamos destrinchar faixa por faixa dessa belezura.

Strongarm” é violenta como a música do Napalm Death é por natureza, mas com um riff interessante aqui e acolá. Então, nenhuma novidade até aqui, bem como não há novidade nenhuma em notar a qualidade do som da banda, mesmo que ela seja bastante extrema e nem todos estão preparados para uma plena compreensão.

Diktat” tem belos riffs em sua intro e mantém a pancadaria sonora que a banda se propõe a fazer, com diversas mudanças em seu andamento, enquanto “Work to Rule” mescla bem a agressividade grindcore da banda com passagens mais grooveadas. Excelente. “On the Brink of Extinction” é bem cadenciada se compararmos com as músicas costumeiras da banda, mas aqui temos uma música espetacular, com belos riffs protagonizados por Mitch Harris. Ela ganha velocidade no final ficando ainda melhor.

A faixa título é fenomenal, em que a banda mescla partes velozes e ríspidas com outras passagens mais atmosféricas. E aqui temos uma música bastante complexa. “Life and Limb” é raivosa e não tão rápida, onde a novamente dá as caras os riffs nervosos de Mitch Harris. “Downbeat Clique” é outra das minhas favoritas, ríspida como um rolo compressor, com ótimas guitarras e que desafia o pescoço de qualquer headbanger.

Gobinder Jhitta/Divulgação

Fallacy Dominion” segue expondo o ódio dos caras em um som capaz de provocar moshpits insanos.Passive Tense é bem técnica, densa e conta com ótimas viradas do baterista Danny Herrera. Excelente. “Larceny of Heart” traz consigo influencias punks em uma canção enérgica e os blast-beats surgem com força. “Procastination on the Empty Vassel” tem guitarras com riffs hipnotizantes e o peso também se faz presente.

A quebradeira retorna com “Feeling Redundant“, música brutal como é o Napalm Death. Nem mesmo quando os caras mudam um pouco o andamento, ela perde em rispidez. “A no-Sided Argument” tem segue a velocidade da banda, com os blast-beats ditando o ritmo. Enquanto “De-Evolution ad Nauseum” fecha de maneira que o disco começou, intenso, pesado, rápido do início ao fim. Que sonzeira.

Temos em pouco mais de 50 minutos um disco extremo, intenso e com a velha bandeira política que a banda sempre levantou, se colocando contra as desigualdades sociais e governantes totalitários (N; do R: para quem não sabe, o vocalista MarkBarneyGreemway andou fazendo críticas vorazes ao dublê de presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, mostrando que ele é um dos seres pensantes no mundo do Rock – a maioria parece ter faltado às aulas de iniciação no estilo e andam apoiando fascistas).

Time Waits for no Slave” além de ser uma pedrada na orelha, sobretudo dos conservadores, é um álbum essencial para amantes de música extrema. O aniversariante do dia obteve a posição de número 95 nas paradas alemãs, 178º na França e na categoria “Top Heatseekers” da Billboard, alcançou a honrosa 19ª posição, além de ter recebido críticas positivas nos veículos como “Blabbermouth“, “All Music” e até mesmo o “Washington Post” dedicou palavras favoráveis ao álbum.

Hoje é dia de celebrarmos mais um ano de existência desse baita play. Desejamos uma longa vida a esse lindo quarteto, que envelhece cada vez melhor, com seu discurso pró-minorias e de repulsa aos políticos de direita. Fica o desejo para que possamos vê-los de volta aos palcos tão logo essa pandemia maldita seja ao menos controlada, mas para isso precisamos colaborar nos vacinando, nos cuidando, sem comprar esse discurso negacionista, pois isso não é uma “gripezinha”, se todos colaborarmos, teremos de volta nossos ídolos nos palcos.

Time Waits for No Slave – Napalm Death

Data de lançamento: 23/01/2009

Gravadora: Century Media

Faixas:

01 – Strong Arm

02 – Diktat

03 – Work to Rule

04 – On the Brink of Extinction

05 – Time Waits For no Slave

06 – Life and Limb

07 – Donwbeat Clique

08 – Fallacy Dominion

09 – Passive Tense

10 – Larceny of the Heart

11 – Procrastination on the Empty Vessel

12 – Feeling Redundant

13 – A No-Sided Argument

14 – De-Evolution Ad Nauseum

Formação:

Mark “Barney” Greenway – Vocal

Mitch Harris – Guitarra

Shane Embury – Baixo

Danny Herrera – Bateria